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Futebol na Rede

25/07/2006

A nova Era Dunga

HUMBERTO PERON
Colaboração para a Folha Online

Confesso que, pelo menos para mim, foi uma grande surpresa a escolha de Dunga como novo técnico da seleção brasileira. Está certo que desde a eliminação do Brasil na Copa do Mundo, o nome do ex-jogador estava entre os cotados para substituir Carlos Alberto Parreira, mas eu não esperava que a CBF (diga-se Ricardo Teixeira) fosse, mais uma vez (vamos nos lembrar da péssima experiência de Falcão após a Copa de 1990), dar o cargo de treinador do Brasil para uma pessoa que nunca treinou uma equipe.

Nada contra a pessoa do Dunga, é lógico que ele conhece de futebol, pois teve uma carreira gloriosa como jogador, mas acho um grande erro dar a uma pessoa que nunca treinou um time o cargo de treinador da seleção brasileira. Acho que a situação é a mesma que uma grande empresa multinacional fazer uma seleção para estagiários e colocar o escolhido entre os estudantes como presidente da companhia. Para assumir cargos importantes, o profissional precisar ir ganhando experiência e acumulando conhecimento durante sua trajetória.

Não me falem nos exemplos de Van Basten, Zico e Klinsmann na última Copa do Mundo. Os três não foram bem no comando do seus times. O alemão até que conseguiu o terceiro lugar, mas não mostrou nada de extraordinário.

A escolha de Dunga foi uma resposta da CBF a tudo o que foi criticado na terrível campanha do Brasil na Alemanha. Se todos reclamaram falta de organização, garra, liderança, personalidade forte, envolvimento maior dos jogadores, amor a camisa e disciplina, Dunga, na sua carreira de jogador tinha como pontos fortes essas características. Segundo os dirigentes do futebol brasileiro, o ex-volante será o homem certo para passar essas qualidades aos jogadores da seleção.

Pode ser que Dunga consiga passar suas principais características para os jogadores da seleção, mas ele não poderá mais cobrar os jogadores como seus companheiros e sim como comandados, o que é bem diferente. É bem mais fácil você falar com um atleta que dorme com você no mesmo quarto e tem uma intimidade, mas cobrar de 23 jogadores é bem diferente.

Vou falar por suposição, pois a carreira de Dunga como treinador não existia até o anúncio de técnico, mas a seleção que será montada pelo capitão do tetra deverá ser muito parecida com o time que conquistou a Copa do Mundo em 1994, ou seja, com forte poder de marcação no meio, tentando errar o menos possível e explorando o contra-ataque, ou seja, vamos continuar cobrando espetáculo, mas a seleção deve seguir apresentando um futebol muito parecido com que apresentava com Parreira. Volto a dizer que isso é uma suposição formada a partir das declarações de Dunga como jogador e comentarista.

A indicação de Dunga mostra também como o futebol brasileiro está carente de bons técnicos. Tirando Luiz Felipe Scolari, que era quase unanimidade para assumir a seleção, todos os outros nomes citados geravam desconfianças. Vanderlei Luxemburgo, tem um excelente retrospecto em clubes, mas fracassou na sua passagem na seleção e no Real Madrid. Leão é considerado um técnico de ponta, mas também fracassou quando teve sua chance na seleção, além de ser tolo em confiar na cúpula da CBF. Paulo Autuori tem a personalidade parecida com Parreira. Muricy ainda não tem experiência para comandar uma seleção.

Só espero que a CBF não tenha colocado Dunga no cargo de treinador , pois em caso de fracasso no trabalho nos próximos dois anos seria mais fácil substituir o ex-jogador, do que um técnico consagrado.

Durante sua carreira, Dunga sempre teve a capacidade de surpreender e conseguir dar "a volta por cima". Foi assim quando saiu como símbolo do fracasso do time brasileiro de 1990 para ser campeão do mundo quatro anos depois. Que ele consiga a surpreender a todos agora como técnico.

Até a próxima.

Volantes
Fiquei impressionado com a quantidade de opiniões que recebi sobre a minha última coluna sobre os volantes. Ao todo foram citados pelos leitores 62 jogadores (alguns eu já tinha citado como Dudu, Falcão e Toninho Cerezzo).
O jogador mais citado pelos leitores é que deveria fazer parte da minha lista foi Batista, seguido de perto por Zé Carlos.

Veja abaixo a relação de votos
Batista - 7 votos
Zé Carlos - 5 votos
Caçapava,Chicão, Gilberto Silva, Piazza e Pintado - 4 votos
Capitão, Cerezzo, Emerson, Givanildo - 3 votos
Badeco, Dinho, Elzo, Ezequiel, Falcão, Josué, Maldonado, Pires - 2 votos
Ademir, Ademir Vicente, Aílton, Amaral, Biro-Biro, Carbone, Carlos Alberto Pintinho, Célio, Delei, Dema, Denílson , Dicá, Dirceu (ex-AFE), Doriva, Douglas, Dudu, Edson Cegonha, Eduardo Costa , Flamarion, Galeano, Gerson, Goiano, Ivo, Jandir, Juca Show , Juninho Pernambucano, Magrão, Márcio, Marcio Costa, Marcos Assunção, Paulinho, Paulo Isidoro, Paulo Rodrigues, Roberto Dias, Rocha, Rodrigo Souto, Ruço, Tião, Uidemar, Vágner, Vanderlei Paiva, Vasconcelos, Zé Elias - um voto.
O destaque   O que deveria ser destaque
Para o São Paulo, que mesmo na disputa da Copa Libertadores consegue se manter na liderança do Campeonato Brasileiro. Mesmo atuando com vários reservas, o time do técnico Muricy Ramalho conseguiu uma boa vitória contra a Ponte Preta no último domingo. Com essa vitória o São Paulo mostrou que tem um elenco recheado de bons jogadores e mesmo disputando o torneio intercontinental a equipe vai conseguir se manter entre os primeiros colocados. Para a chance que o basquete e o vôlei têm de conseguir aparecer após a má campanha do Brasil na Copa do Mundo. Com boas campanhas dessas seleções nos mundiais das duas modalidades que estão para começar, esses esportes têm tudo para conseguir um bom espaço na mídia, principalmente o basquete que há vários anos está m baixa. Só para lembrar, a grande popularização do vôlei aconteceu em 1982, após a derrota do time de futebol na Copa da Espanha.

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve para a
Folha Online às terças-feiras.

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