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Futebol na Rede

05/06/2007

Vou processar o São Paulo!

HUMBERTO PERON
Colaboração para a Folha Online

Como está na moda processar jogadores e times vou entrar com uma ação contra o São Paulo Futebol Clube. Não vai ser por um lance ocorrido em campo em que o árbitro não viu ou interpretou de maneira equivocada. O teor do processo será pela tentativa do clube em aliciar crianças, na faixa etária de quatro a seis anos, para se tornarem torcedores do clube. Se você tem filhos com essas idades, em breve, seu filho também deverá passar por isso.

Tudo começa quando a escola onde ele estuda manda uma carta pedindo sua autorização para que o seu filho possa fazer uma visita ao estádio do Morumbi. No papel está escrito que as inocentes crianças vão conhecer o estádio, os vestiários, entrar no campo e visitar instalações do local.

Isso realmente acontece. Mas, durante a excursão, existe uma grande armação para transformar todas as crianças em são-paulinas. Suponho que o hino do clube seja tocado exaustivamente. Pois, depois dessa visita, os meninos começam a cantar o hino do time a cada instante. Também deve ser falado, a todo instante, nomes dos jogadores do time. De repente, surgem perguntas de nomes como Rogério Ceni, Souza e situações como o tricampeonato Mundial.

Dentro desse passeio deve haver ainda situações de constrangimento a torcedores de outro time, tudo com o intuito de que os pequenos troquem de clube. Meu filho tem uma pequena queda pelo Botafogo, do Rio de Janeiro. Mas, tenho certeza, que ao falar seu time de preferência, alguma coisa ameaçadora lhe foi dito, pois uma das primeiras coisas que ele falou quando chegou em casa após essa excursão foi: "Eu sou o único botafoguense do mundo?"

No término do passeio, o clube ainda dá para as crianças simpáticos adesivos e bandeiras para eles ficarem com a lembrança da visita.

No processo que vou mover contra o São Paulo, também vou pedir uma indenização, pois no último final de semana não pude exercer minha profissão normalmente. Ainda hipnotizado com a visita ao Morumbi, meu filho ficou perguntando se o São Paulo iria jogar. Tive que mentir para ele dizendo que não e, no lugar de trabalhar assistindo ao jogo do clube paulista contra o Paraná, tive que assistir a um concurso de dança na televisão.

O São Paulo não pode passar por cima da minha condição de pai e tentar educar futebolisticamente meu filho. Contra esse ataque tricolor já tive que tomar medidas drásticas. É vedado, aqui em casa, cantar qualquer verso do clube. As bandeiras e os adesivos tricolores desapareceram. Também já prometi que vou levá-lo, o mais rapidamente possível, ao estádio para que veja o time que eu quero que ele torça em ação.

Ele tem todo o direito de não torcer pelo mesmo time que o meu --pode até ser são-paulino--, mas não pode ser aliciado por essa maneira "covarde" por um clube. Vou ter que lutar para mudar essa situação.

É lógico que minha revolta está no fato de eu não ser são-paulino. Se o meu clube fizesse a mesma ação iria adorar e incentivar que o meu filho fizesse mais excursões.

Até a próxima.

Para o Botafogo, que após quatro rodadas é o líder isolado do Campeonato Brasileiro. Não é nenhum absurdo dizer que o time é um dos grandes favoritos para ficar com o título. Falta ao Botafogo ainda um ou dois jogadores para compor o elenco e, principalmente, mais regularidade durante os jogos, pois dentro de uma partida o time tem momentos brilhantes e, de repente, cai de produção dando chance ao adversário se recuperar na partida.

A auxiliar Ana Paula Oliveira errou no jogo Botafogo e Figueirense e foi punida por suas falhas. Está certo que no futebol existem muitas coisas difíceis de acreditar, mas insinuar que ela tenha ajudado um time por ter o mesmo fornecedor de material acho um pouco demais. Prefiro dizer que a auxiliar errou por interpretar mal os lances ou por estar mal posicionada. Erros sempre acontecem independentemente da roupa que os árbitros vestem.

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve para a
Folha Online às terças-feiras.

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