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Futebol na Rede

28/08/2007

Corinthians: crise sem precedentes

HUMBERTO PERON
Colaboração para a Folha Online

O Corinthians vive o pior momento da sua quase centenária história. O clube passa por uma crise administrativa, com um presidente interino que não sabe até quando vai mandar, tem um presidente licenciado ou afastado (escolham sua preferência), que tenta provar sua inocência e que ainda pensa em voltar a mandar, como fez nos últimos anos.

Até aqueles que queriam a saída de Alberto Dualib também parecem não se entender. O Corinthians atual parece uma terra devastada, com vários oportunistas querendo tomar o poder, fazendo de tudo para se mostrarem como "salvadores de pátria", mas, ao mesmo tempo, querendo jogar para debaixo do tapete seus passados de colaboradores e apoiadores da administração de Dualib. E não se pode falar em futuro do clube, pois ninguém sabe quem vai mandar no próximo ano.

É duro explicar como um time que recebeu tanto dinheiro quanto o Corinthians nos últimos anos esteja nesta situação de penúria. Só para lembrar, desde 1995 o time teve três parceiros que investiram pesado. Foram um banco, um fundo de ações e uma (infelizmente não sei como classificar a MSI), mas no término dessas três parcerias o clube conseguiu sair quebrado.

O Banco Excel, além de gastar milhões em contrações, teve que pagar dívidas do clube. A Hicks Muse também teve que zerar as dívidas para entrar como parceira do clube. E a MSI conseguiu seduzir Alberto Dualib e o Conselho do Corinthians (não vamos esquecer que o conselho deu aval à parceria), pois além da promessa da contração de jogadores caros prometeu zerar a dívida que o clube contraiu após o fim da parceria com a Hicks.

Fica evidente como o Corinthians não conseguiu tirar proveito do dinheiro investido. Pessoas físicas ligadas ao clube podem ter levado vantagem, mas o clube não. Ok, o time ganhou vários títulos com as parcerias, mas os títulos só serviram para encobrir as mazelas.

Passados 12 anos da primeira parceria, o Corinthians continua treinando no Parque São Jorge, pois não conseguiu construir um centro de treinamento que pudesse ser usado pelos profissionais. O CT de Itaquera ficou para as equipes de base e o CT da Ayrton Senna também não tem condições mínimas para o treinamento diário de um time profissional. Isso sem falar da construção do estádio. A cada parceria, no mínimo um terreno, uma maquete, um projeto novo. E nada saiu do papel.

O presente atual é crítico, pois o estrago feito pela parceria como a MSI não vai ser resolvido com um mecenas (ou oportunistas) disposto a mais uma vez salvar o time. O Corinthians vai ter que se que reaprender a andar com suas próprias pernas. O problema é que isso vai refletir no desempenho do time no gramado.

Não vejo perspectiva de que num período curto de tempo o Corinthians consiga ter novamente um time forte. Com sérios problemas de caixa, que incluiu péssimos negócios feitos pela MSI avalizados pelo clube, os corintianos terão que se acostumar com equipes modestas. Até porque, para fazer caixa, o clube vai ter que continuar vendendo suas revelações.

No dia 1º de setembro, o Corinthians faz aniversário. Com o péssimo momento do clube e sem perspectivas num futuro próximo, resta aos corintianos comemorar o passado, esse sim, glorioso.

Mais uma vez o nível de arbitragem do campeonato brasileiro é terrível. Não há uma rodada em que não aconteçam, pelo menos, dois jogos com resultados alterados por erros graves dos árbitros. O pior é que os erros são em lances claros, em que não existe nada que atrapalhe a visão dos árbitros. A ruindade dos árbitros é tanta que eles conseguem não tomar a decisão certa, mesmo estando muito bem colocados.

Já passou da hora de acabar esse desconforto no relacionamento de Dunga com Ronaldinho e Kaká. O mesmo acontece na relação dos dois com o treinador. O amistoso contra a Argélia provou que a seleção cresce muito de produção quando os dois jogadores estão em campo. Então, se há problema, que Dunga não convoque mais os jogadores, ou que os atletas peçam dispensa da convocação --como fizeram na Copa América.

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve para a
Folha Online às terças-feiras.

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