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Futebol na Rede

25/11/2008

O Campeonato Brasileiro acabou

HUMBERTO PERON
Colaboração para a Folha Online

Eu sei que existem possibilidades remotas de o Grêmio conseguir ultrapassar o São Paulo, mas temos que ser realistas: o título do Campeonato Brasileiro já é do time paulista. Pela fase que a equipe está passando e, principalmente, por estar concentrado nesta reta final, fica impossível dizer que o clube não consiga dois pontos nas partidas contra o Fluminense, em casa, e o Goiás, em um campo neutro.

A conquista do título brasileiro mais uma vez, pela terceira seguida, confirma que o São Paulo continua na frente dos outros times brasileiros. O clube não tem o dinheiro farto de parceiros, mas consegue ter um elenco forte. Apesar de um ou outro dirigente descontente, todos sabem quem manda no clube e qual função de cada um tanto na direção quanto na comissão técnica.

Também não se pode esquecer a força que o clube tem nos bastidores e a esperteza de seus dirigentes de criarem fatos para que se dê atenção para alguns detalhes que passariam sem ser notados, principalmente quando o jogo é longe do Morumbi.

Se você observar, todos os clubes que sonhavam com o título do Brasileiro tiveram grandes problemas fora dos gramados na reta de chegada. Não faltaram discussões entre atletas, técnicos, diretores e até torcida com Palmeiras, Flamengo, Cruzeiro e Grêmio.

Enquanto, nas últimas rodadas, o São Paulo ficava treinando e se preparando para as partidas, seus principais concorrentes tinham semanas tumultuadas, tentando apagar incêndios. Tranqüilidade é fundamental para um time nos momentos decisivos.

Por isso, o São Paulo teve uma regularidade impressionante, principalmente no segundo turno, enquanto seus rivais diretos oscilavam durante o campeonato. Graças a esse desempenho uniforme, o time conseguiu tirar a longa desvantagem de pontos que tinha em relação aos principais concorrentes.

Não adianta falar em estrutura, departamento médico, centro de treinamento, força nos bastidores se o time não for bem comandado no gramado. Não se pode tirar o mérito da conquista do título do técnico Muricy Ramalho. Nenhum treinador conquista três títulos nacionais seguidos --seriam quatro se não fosse o tumultuado torneio de 2005, quando o Internacional de Muricy foi vice-- se não for excepcional.

Não é nenhum exagero dizer que Muricy Ramalho é o melhor treinador do Brasil no momento. Preste atenção: toda vez que o São Paulo tem uma semana inteira de treinamentos, ele mostra alguma novidade na partida do final de semana.

O treinador são-paulino é um estudioso. Por isso, nos últimos três anos, o São Paulo dificilmente toma um gol de bola parada. Muricy tem a capacidade de armar o seu time conforme o adversário. São vários exemplos de que o São Paulo, mesmo quando não era favorito numa partida, com um posicionamento quase perfeito conseguiu anular os pontos fortes dos adversários.

O São Paulo é tão bem treinado que ele consegue mudar taticamente o time com a partida em andamento, sem alterar qualquer jogador. O time passa do 3-5-2 para o 4-4-2, por exemplo, com uma facilidade incrível. Tudo isso é treino. Não digo que os outros treinadores não façam esse tipo de trabalho, mas Muricy tem o grande mérito de tirar o máximo dos seus atletas.

A força do trabalho de Muricy é revelada quando ele perde jogadores importantes. A reação do São Paulo no Nacional começou quando ele ficou sem o seu principal jogador, o volante Hernanes. Mesmo com ele disputando os Jogos Olímpicos, o São Paulo ganhou vários pontos importantes.

O São Paulo e Muricy Ramalho já mostraram, por três vezes consecutivas, qual a receita para vencer o Brasileiro. Resta saber qual clube vai aprender o caminho para acabar com a hegemonia do São Paulo.

Até a próxima.

Boa atuação da seleção brasileira na partida contra Portugal. Os portugueses jogaram abertos. Com espaço, os nossos principais jogadores deitaram e rolaram. O problema é que, até agora, Dunga não conseguiu uma fórmula de como destruir o esquema defensivo de times que jogam fechados. Em tempo: vai ser muito difícil um time atuar de maneira ofensiva contra o Brasil numa partida oficial.

Vários clubes, da Série A e da Série B, anteciparam as férias dos seus principais jogadores e vão disputar as últimas rodadas dos torneios com times formados por reservas. Entendo que eles já estão pensando na próxima temporada, mas sem os titulares influenciam no andamento do campeonato e vão ter influência direta na classificação final dos torneios, principalmente nas últimas colocações.

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve para a
Folha Online às terças-feiras.

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