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Futebol na Rede

22/12/2003

Artigo: Altos e baixos de 2003

HUMBERTO PERON
Colunista da Folha Online

Fim de ano. Não existe melhor momento para avaliarmos quais foram os nossos acertos e erros. Sem fugir dessa situação, Futebol na Rede faz uma lista de destaques e fracassos do nosso futebol em 2003.

EM ALTA

Times

Cruzeiro - Campeão Mineiro, da Copa do Brasil e Brasileiro. Não existe nenhuma dúvida: o time mineiro foi o melhor do país em 2003. Para coroar o ano de façanhas, fechou a temporada com uma goleada espetacular sobre o Bahia (7 a 0), chegou aos 100 pontos e 102 gols no Campeonato Brasileiro, além de terminar com 13 pontos de vantagem sobre o segundo colocado.

Palmeiras - Além de ser campeão da Série B, o clube serve de exemplo, pois voltou à principal divisão do Brasileiro com os resultados obtidos no campo. Finalmente as categorias de base do clube conseguiram revelar bons jogadores, como Vágner, Diego Souza, Edmílson, Alceu e Gláuber. Destaque também para a torcida do clube que nunca deixou de apoiar o time.

Botafogo - Assim como o Palmeiras serve de exemplo para os demais clubes do Brasil, pois conseguiu voltar à elite sem precisar de armações nos bastidores. O clube, que estava praticamente falido no início do ano, graças ao trabalho do presidente Bebeto de Freitas, começou um processo de reestruturação que serve de exemplo aos outros times do Rio de Janeiro.

Santos - O clube pode não ter conquistado nenhum título na temporada, mas, junto com o Cruzeiro , protagonizou os lances mais espetaculares da temporada

Santo André/Ituano - Com quase todos os times do interior paulista em estado pré-falimentar, as campanhas desses dois times em 2003 servem de exemplo. O time de Itu, Campeão Paulista de 2002, venceu a Série C do Campeonato Brasileiro, enquanto o time do ABC venceu a Copa São Paulo de Futebol Júnior, conseguiu o acesso à Série B do Brasileiro e venceu a Copa Estado de São Paulo conquistando vaga para a próxima Copa do Brasil.

Jogadores

Narciso - O jogador do Santos merece destaque tanto pela sua total recuperação da leucemia quanto pela sua comovente volta aos gramados em 2003.

Alex - O meia do Cruzeiro foi o melhor jogador do país no ano. Com passes precisos e belos gols, Alex conseguiu afastar de vez a imagem de jogador que "dormia" em algumas partidas.

Luis Fabiano - Com seus gols, o atacante se transformou no melhor da posição no futebol brasileiro.

Dimba - Os 31 gols que marcou no Brasileiro o transformaram no artilheiro da competição e no recordista de gols anotados em uma única edição do torneio.

Renaldo - Na disputa pela artilharia do Brasileirão , ele não teve tanto destaque. As maiores atenções estavam em Luís Fabiano e Dimba, mas, mesmo assim, Renaldo terminou na vice-liderança dos artilheiros. Jogando pelo Paraná Clube, ele marcou 30 gols.

Marcos - As defesas de Marcos foram fundamentais para o acesso do Palmeiras. O goleiro, que rejeitou várias propostas para sair do clube do Parque Antarctica, foi eleito o melhor jogador da Série B.

Magrão - Talvez tenha sido o jogador que mais cresceu tecnicamente no futebol brasileiro em 2003. Parou de distribuir pancadas e aperfeiçoou fundamentos técnicos. Melhorou seu aproveitamento de passes e aperfeiçoou também as finalizações . Deve ter uma oportunidade na seleção em 2004.

Valdo - Quase aos 40 anos, o jogador liderou a equipe do Botafogo. Se transformou em símbolo do acesso do time.

Robinho e Diego - Mesmo passando por alguns maus momentos na temporada, a dupla termina o ano em alta. Provaram definitivamente que são grandes jogadores.

Técnicos

Wanderley Luxemburgo - O ano serviu como a redenção do treinador, que estava em baixa desde que saiu do comando da seleção e enfrentou vários problemas pessoais. Em 2003, ele esteve perfeito desde da escolha do elenco até a armação da sua equipe e foi extremamente feliz nas substituições que fez durante as partidas.

Jair Picerni e Levir Culpi - Os dois passaram por pressões terríveis , mas conseguiram levar Palmeiras e Botafogo ao acesso. Picerni conseguiu acabar com o rótulo de ser um técnico que não conseguia conquistar títulos. Culpi deu a volta por cima, depois de ser rebaixado com o Palmeiras em 2002.

Bonamigo, Cuca e Adílson Batista - Os três técnicos novatos conseguiram se firmar como grandes treinadores. Bonamigo, que classificou o Coritiba para a próxima Libertadores da América, em 2004 estará no comando do Atlético-MG. Cuca vinha fazendo um grande trabalho no Paraná, foi para o Goiás e transformou o lanterna do Brasileiro em sensação do torneio. Com isso, começa 2004 trabalhando no São Paulo. Adílson Batista, conseguiu, num curto espaço de tempo, salvar o Grêmio do descenso.

Marcos Paquetá - O treinador conseguiu dois títulos mundiais com a seleção brasileira em um mesmo ano (sub-17 e sub-20), feito inédito.

EM BAIXA

Clubes

Flamengo, Vasco e Fluminense - Os três times cariocas, além de estarem em péssimas condições financeiras, fizeram campanhas pífias no Campeonato Brasileiro.

Corinthians - Mesmo vencendo o esvaziado Campeonato Paulista, o ano não foi nada bom para o clube. Depois de ser eliminado pelo River Plate na Libertadores, o clube entrou em queda livre. Perdeu vários jogadores importantes (Fábio Luciano, Kléber, Jorge Wágner, Liédson, Leandro), contratou mal, teve um técnico que ficou apenas 12 dias no cargo (Júnior), e, para complementar, ficou apenas na 15ª colocação no Campeonato Brasileiro.

Bahia - Campeão Brasileiro em 1988, o time baiano fez uma campanha ridícula no Brasileiro e terá que disputar a Série B em 2004.

Jogadores

Vampeta - Em 2003, foi mais notícia pelo que falou do que pelo que jogou. Para piorar, ficou um longo tempo parado se recuperando de uma operação no joelho. Termina o ano dispensado do Corinthians, depois de ameaçar abandonar o clube várias vezes. Teve vários problemas na sua vida particular.

Edílson - Assim como o seu amigo Vampeta, se destacou mais por suas declarações . Suas atuações decepcionaram a torcida do Flamengo.

Edmundo - Voltou ao Vasco fazendo juras de amor, mas termina o ano brigado com o presidente do clube. Além de seu fraco desempenho no Campeonato, não poupou críticas a seus companheiros, ao declarar que o Vasco era time fraco.

Ricardinho - Ainda não conseguiu jogar no São Paulo o que jogava no Corinthians. Teve muitos problemas de contusão e com o técnico Rojas.

Danrlei - Depois de ser o goleiro titular do Grêmio por quase uma década, Danrlei foi afastado pelo técnico Adílson Batista. Por coincidência, o time conseguiu uma série de bons resultados e acabou se livrando do rebaixamento.

Romário - Além de viver constantemente machucado, o craque teve uma passagem ruim pelo Qatar e agrediu, em rede nacional, um torcedor do Fluminense. Dos poucos gols que marcou no ano, a maioria foi de pênalti.

Técnicos

Osvaldo Oliveira - Começou o ano como um dos técnicos mais respeitados do país, mas termina 2003 sem clube. Foi mal no São Paulo e foi demitido. No Flamengo, teve problemas e acabou tendo uma saída conturbada.

Júnior - Sua passagem meteórica como treinador do Corinthians foi um total fracasso. Nas duas vezes que comandou o time, foi derrotado.

Dirigente

Eduardo José Farah - Presidente da Federação Paulista desde 1998, Farah pediu renúncia do cargo em 2003. Um final triste para um dirigente que sonhou comandar o futebol brasileiro, mas perdeu espaço com o final do Torneio Rio-São Paulo e a perda de importância dos Campeonatos Regionais, além das sérias denúncias de irregularidades na sua gestão.
O destaque   O que deveria ser destaque
Quantidade não é qualidade. É isso que prova o pacote de jogadores contratados pelo Corinthians. Dos sete jogadores apresentados (Rincón, Julinho, Dinelson, Adrianinho, Rafael Silva, Rodrigo e Samir) nenhum resolve o problema do time no momento. Rincón e Rodrigo foram contratados mais pelo que fizeram no passado -a situação atual deles é um incógnita. Os outros são apenas promessas, que não conseguiram se firmar como titulares nos times em que atuavam. Mais uma vez, não posso deixar de agradecer a todos os internautas que prestigiaram a coluna Futebol na Rede e, em especial, a todos aqueles que mandaram suas opiniões, elogios, críticas, sugestões e dúvidas. Esse contato com os leitores me motiva a continuar escrevendo e, principalmente, a melhorar a coluna em 2004. Para vocês, desejo um Feliz Natal e um excelente ano novo. A primeira edição de Futebol na Rede em 2004 entra no ar no dia 19 de janeiro.

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve para a
Folha Online às terças-feiras.

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