Colunas

Gandula

13/08/2002

Felipão e o eterno retorno

MARCOS GUTERMAN
Colunista da Folha Online

Está aberta a temporada de especulações sobre o comando da seleção, após a saída de Scolari. Luxemburgo, sobre quem ainda pesam o vexame olímpico e as suspeitas penais, foi o único a lançar sua candidatura quase explicitamente. Menos expostos, mas igualmente fortes, Oswaldo de Oliveira e Tite surgem como nomes importantes no jogo sucessório.

Qualquer um dos três teria o potencial de alterar radicalmente o atual perfil da seleção, o que não é bom nem mau em princípio. Por fim, há o próprio Scolari. Sua relação de amizade com Ricardo Teixeira é tão forte que um assessor do presidente da CBF disse que o elo entre os dois é "de pele", o que credencia o técnico campeão do mundo a voltar quando bem entender. Esse fantasma do eterno retorno vai assombrar o próximo treinador da seleção ao primeiro tropeço.

O São Caetano quer ser Bragantino

Ainda há o que comentar sobre a derrota do São Caetano na final da Libertadores. A despeito da opinião mais ou menos generalizada após o fracasso, não consigo atribuir ao destempero de Jair Picerni a maior parte da responsabilidade pelo fim do sonho americano. No frigir dos ovos, o São Caetano perdeu simplesmente por uma série de variáveis que, em resumo, fazem parte do jogo.

Depois da derrota, porém, o São Caetano começou a dar sinais evidentes de que, doravante, vai começar a perder por outras razões. O clube convenceu-se de que é "grande" e, em lugar das virtudes dos times chamados de "grandes", assimilou o pior vício: a interrupção de um processo de trabalho bem-sucedido que deveria ser de longo prazo, como o desenvolvido por Jair Picerni.

Diferentemente do que entendem os cartolas do Azulão, chegar a três finais importantes em três anos, dirigindo um time sem nenhuma história no futebol, formado basicamente por "refugos" de outros clubes, é em si uma carreira vitoriosa, da qual os donos da equipe do ABC deveriam se orgulhar. Mas não: o "tri-vice" foi encarado como motivo de vergonha, suficiente para a defenestração de Picerni.

Desse modo, o São Caetano está no caminho certo para se tornar não um time grande, mas um Bragantino, o surpreendente campeão paulista de 1990, vice-campeão brasileiro de 1991 e atualmente na segunda divisão dos dois torneios.

Clique aqui para ir à página principal de Esporte.
Marcos Guterman é editor-adjunto de Mundo da Folha de S.Paulo e escreve para a Folha Online quinzenalmente às terças-feiras

Email: gandula@folha.com.br

Leia as colunas anteriores

FolhaShop

Digite produto
ou marca