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Nutrição é Saúde

24/04/2006

Assédio alimentar: diga não

Quem já não ouviu uma história de assédio moral ou assédio sexual e ficou indignado com a pressão que a vítima sofre? No dicionário, assédio significa "insistência importuna, junto de alguém, com perguntas, propostas, pretensões etc.", ou seja, uma pressão psicológica com tanta intensidade que acaba desestruturando emocionalmente a vitima.

De certa forma, a sociedade tenta proteger os indivíduos que sofrem de assédio moral e sexual, mas ainda não paramos para pensar que também podemos ser vítimas de "assédio alimentar".

Vamos começar falando das propagandas. Elas estão o tempo todo nos fazendo acreditar que devemos consumir biscoitos, chocolates, refrigerantes --enfim guloseimas e mais guloseimas. Pior é quando oferecem brinquedos e brindes para as crianças, no intuito de levá-las ao consumo.

Você já tentou ir a um shopping center ou a qualquer centro comercial sem comer alguma coisa? Se conseguiu, pode parar e lembrar que, pelo menos, ficou com vontade. São tantos aromas que é impossível não pensar em comer. E o cinema? Sem pipoca é passeio quase impossível. Vale lembrar também que, cerca de 15 anos atrás, o pacote de pipoca era minúsculo. Os anos forma passando e o pacote foi aumentando. Hoje, comemos "baldes" de pipocas com litros de refrigerante e achamos normal.

O tamanho das porções dos alimentos tem aumentado ao longo dos anos e a oferta de produtos industrializados ricos em açúcares, gorduras e sal, aditivos e corantes também.O estímulo ao consumo é contínuo e mais intenso. Impossível ver um filme, ler uma revista ou navegar na internet sem receber o estímulo para consumir diversos alimentos.

Com tanto assédio, fica impossível elaborarmos nosso cardápio diário de forma balanceada. Frutas e verduras cada vez mais deixam as refeições diárias. Até o feijão, considerado preferência nacional, começa a deixar de ser consumido diariamente.

Se você acha que já foi assediado dessa forma, siga as seguintes dicas:

- Diminua as porções dos alimentos, principalmente dos industrializados, mesmo que a promoção seja tentadora. Não compre o tamanho maior.

- Coma pelo menos três frutas por dia.

- Não acredite tanto nos que as propagandas de alimentos dizem.

- Coma diariamente arroz e feijão.

- Não se esqueça de ingerir diariamente porções de verduras e legumes.

- Beba água diariamente. Não a substitua por refrigerante, mesmo que sejam aqueles com menos de uma caloria.

- Não compre alimentos para seu filho, sobrinho ou qualquer outra criança que ofereça brinquedos ou outros brindes. Isso também vale para os adultos.

- Lembre-se: podemos comer de tudo. O que realmente importa são as quantidades.

Boa semana e muita saúde.
Andrea Galante é mestre e doutora em Nutrição Humana Aplicada pela Universidade de São Paulo, e presidente da Associação Brasileira de Nutrição. Escreve quinzenalmente na Folha Online, às terças-feiras.

E-mail: andrea.galante@uol.com.br

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