Papo de Esporte
11/02/2003
Colunista da Folha Online
Parte dos lucros da Copa do Mundo de 2006 poderá ser usada no financiamento de novos atentados terroristas. É isso que temem autoridades européias e americanas depois que se descobriu que a Infront Holding, detentora dos direitos de transmissão do próximo Mundial de futebol, teve 20% de suas ações vendidas a uma empresa do bilionário saudita Salih Abdullah Kamil, apontado como um dos principais patrocinadores da Al-Qaeda _a célula dirigida por Osama Bin Laden _ e do grupo extremista palestino Hamas.
A desconfiança sobre os negócios de Kamil não é recente. Ele é dono de um conglomerado avaliado em US$ 9 bilhões, 300 empresas e 6 mil funcionários em 40 países. Batizada de Dallah Albakara Group, a multinacional está sendo processada nos Estados Unidos por parentes das vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001, que exigem indenizações bilionárias.
Relatórios da ONU, do FBI e do Ministério das Relações Exteriores da França coincidem ao identificar transferências bancárias da companhia de Kamil para contas de Bin Laden e de alguns de seus colaboradores mais próximos. O bilionário nega todas as acusações.
O fato é que o desembarque de Salih Abdullah Kamil no mundo do futebol se deu pela porta da frente. O empresário foi apresentado ao pessoal da Infront Holding _firma suíça dirigida pelo ex-jogador alemão Günter Netzer_ por ninguém menos que Joseph Blatter, presidente da Fifa. Foi num avião cedido por Kamil que o cartola perambulou pela África no ano passado, em busca de votos para sua reeleição na entidade.
Robert Louis-Dreyfus, ex-executivo da Adidas, possui 32,5% da Infront e garante que, se comprovadas as acusações, o negócio com o saudita será desfeito.
Lá e cá
- Quatro anos depois de pendurar as chuteiras, o ex-jogador Geovani _que brilhou no Vasco e na seleção brasileira nas décadas de 80 e 90_ fez sua maior jogada na semana passada. Apoiado pelos dois principais caciques políticos do Espírito Santo (José Carlos Gratz e Max Mauro), Geovani foi eleito presidente da Assembléia Legislativa do Estado. Ele impediu que uma decisão do Tribunal de Justiça, suspendendo o mandato de cinco deputados suspeitos de envolvimento com o crime organizado, fosse entregue por oficiais no dia da votação. Na base da truculência, Geovani mandou fechar portas de vidro da assembléia e ainda colocou um pelotão de seguranças para barrar a entrada dos oficiais de justiça.
- Eleito com 19.572 votos em 6 de outubro, Geovani deverá pagar caro pela obstrução do trabalho dos oficiais. Por decisão do desembargador Amin Abiguenem, a eleição da mesa da assembléia foi considerada nula e mais dois deputados tiveram os mandatos suspensos pela mesma acusação. Desta vez, Geovani não conseguiu driblar os adversários.
- Se o regulamento do Campeonato Paulista for seguido à risca, a Inter de Limeira vai ficar sem a cota do mando do jogo com o São Paulo. Na partida, disputada no interior, o time infringiu o artigo 18 ao colocar, em seu estádio, painéis clandestinos de publicidade _entre eles, do patrocinador da camisa e do fornecedor dos uniformes do clube. O regulamento diz que "as associações mandantes deverão providenciar para que em seus estádios não haja qualquer placa de publicidade estática" e prevê "as punições previstas no contrato de TV", ou seja, a perda da cota.
- Falando em painéis publicitários no estádios, a Publisport ainda não conseguiu fechar um único contrato com empresas brasileiras na Taça Libertadores. Durante as partidas de estréia dos clubes nacionais no torneio, o que se viu foram apenas placas de Mastercard e Toyota, patrocinadores oficiais da competição. O contrato mensal de publicidade estática na Libertadores custa cerca de US$ 10 mil (R$ 36 mil) e rende em média 12 minutos de exposição ao anunciante num único jogo _um anúncio de 30 segundos na televisão chega a custar até R$ 90 mil.
- Os futuros árbitros do futebol paulista deverão ter entre 16 e 25 anos, no mínimo 1,75 m de altura e segundo grau completo, além de apresentar atestado de antecedentes criminais mais relatório médico de capacitação, incluindo eletrocardiograma e exame oftalmológico. As exigências fazem parte do edital do Curso Básico de Formação de Árbitros, cujas inscrições se encerram nesta sexta-feira. Mais informações no site da Federação Paulista de Futebol.
- A Justiça italiana está investigando as mortes de 70 jogadores profissionais de futebol ocorridas de 1960 para cá. O objetivo é descobrir se elas têm ligação com drogas ministradas aos atletas, com ou sem conhecimento dos mesmos. O juiz Raffaele Guariniello, de Turim, afirma que os futebolistas estão morrendo de doenças que atingem o cidadão comum em menor intensidade, como leucemia e um raro distúrbio do sistema nervoso. Clubes como Juventus, Roma e Milan estão na marca do pênalti e terão de dar explicações.
O futebol a serviço do terror
ALEC DUARTEColunista da Folha Online
Parte dos lucros da Copa do Mundo de 2006 poderá ser usada no financiamento de novos atentados terroristas. É isso que temem autoridades européias e americanas depois que se descobriu que a Infront Holding, detentora dos direitos de transmissão do próximo Mundial de futebol, teve 20% de suas ações vendidas a uma empresa do bilionário saudita Salih Abdullah Kamil, apontado como um dos principais patrocinadores da Al-Qaeda _a célula dirigida por Osama Bin Laden _ e do grupo extremista palestino Hamas.
A desconfiança sobre os negócios de Kamil não é recente. Ele é dono de um conglomerado avaliado em US$ 9 bilhões, 300 empresas e 6 mil funcionários em 40 países. Batizada de Dallah Albakara Group, a multinacional está sendo processada nos Estados Unidos por parentes das vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001, que exigem indenizações bilionárias.
Relatórios da ONU, do FBI e do Ministério das Relações Exteriores da França coincidem ao identificar transferências bancárias da companhia de Kamil para contas de Bin Laden e de alguns de seus colaboradores mais próximos. O bilionário nega todas as acusações.
O fato é que o desembarque de Salih Abdullah Kamil no mundo do futebol se deu pela porta da frente. O empresário foi apresentado ao pessoal da Infront Holding _firma suíça dirigida pelo ex-jogador alemão Günter Netzer_ por ninguém menos que Joseph Blatter, presidente da Fifa. Foi num avião cedido por Kamil que o cartola perambulou pela África no ano passado, em busca de votos para sua reeleição na entidade.
Robert Louis-Dreyfus, ex-executivo da Adidas, possui 32,5% da Infront e garante que, se comprovadas as acusações, o negócio com o saudita será desfeito.
Lá e cá
- Quatro anos depois de pendurar as chuteiras, o ex-jogador Geovani _que brilhou no Vasco e na seleção brasileira nas décadas de 80 e 90_ fez sua maior jogada na semana passada. Apoiado pelos dois principais caciques políticos do Espírito Santo (José Carlos Gratz e Max Mauro), Geovani foi eleito presidente da Assembléia Legislativa do Estado. Ele impediu que uma decisão do Tribunal de Justiça, suspendendo o mandato de cinco deputados suspeitos de envolvimento com o crime organizado, fosse entregue por oficiais no dia da votação. Na base da truculência, Geovani mandou fechar portas de vidro da assembléia e ainda colocou um pelotão de seguranças para barrar a entrada dos oficiais de justiça.
- Eleito com 19.572 votos em 6 de outubro, Geovani deverá pagar caro pela obstrução do trabalho dos oficiais. Por decisão do desembargador Amin Abiguenem, a eleição da mesa da assembléia foi considerada nula e mais dois deputados tiveram os mandatos suspensos pela mesma acusação. Desta vez, Geovani não conseguiu driblar os adversários.
- Se o regulamento do Campeonato Paulista for seguido à risca, a Inter de Limeira vai ficar sem a cota do mando do jogo com o São Paulo. Na partida, disputada no interior, o time infringiu o artigo 18 ao colocar, em seu estádio, painéis clandestinos de publicidade _entre eles, do patrocinador da camisa e do fornecedor dos uniformes do clube. O regulamento diz que "as associações mandantes deverão providenciar para que em seus estádios não haja qualquer placa de publicidade estática" e prevê "as punições previstas no contrato de TV", ou seja, a perda da cota.
- Falando em painéis publicitários no estádios, a Publisport ainda não conseguiu fechar um único contrato com empresas brasileiras na Taça Libertadores. Durante as partidas de estréia dos clubes nacionais no torneio, o que se viu foram apenas placas de Mastercard e Toyota, patrocinadores oficiais da competição. O contrato mensal de publicidade estática na Libertadores custa cerca de US$ 10 mil (R$ 36 mil) e rende em média 12 minutos de exposição ao anunciante num único jogo _um anúncio de 30 segundos na televisão chega a custar até R$ 90 mil.
- Os futuros árbitros do futebol paulista deverão ter entre 16 e 25 anos, no mínimo 1,75 m de altura e segundo grau completo, além de apresentar atestado de antecedentes criminais mais relatório médico de capacitação, incluindo eletrocardiograma e exame oftalmológico. As exigências fazem parte do edital do Curso Básico de Formação de Árbitros, cujas inscrições se encerram nesta sexta-feira. Mais informações no site da Federação Paulista de Futebol.
- A Justiça italiana está investigando as mortes de 70 jogadores profissionais de futebol ocorridas de 1960 para cá. O objetivo é descobrir se elas têm ligação com drogas ministradas aos atletas, com ou sem conhecimento dos mesmos. O juiz Raffaele Guariniello, de Turim, afirma que os futebolistas estão morrendo de doenças que atingem o cidadão comum em menor intensidade, como leucemia e um raro distúrbio do sistema nervoso. Clubes como Juventus, Roma e Milan estão na marca do pênalti e terão de dar explicações.
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SIC
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Alec Duarte foi editor executivo da Gazeta Esportiva e editor de esportes do Diário do Grande ABC. E-mail: papodeesporte@folha.com.br |
