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Papo de Esporte

13/05/2003

Não faça como o presidente Lula

ALEC DUARTE
Colunista da Folha Online

Imperícia e sedentarismo não são os únicos motivos para as freqüentes contusões durante as peladas disputadas pelos figurões do novo governo no Palácio da Alvorada.

Jogando bola, o próprio presidente Lula já machucou o ombro. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, quebrou a perna. O presidente da Câmara, João Paulo Cunha fraturou o braço (em Osasco, é verdade).

Além de se tratar de esportistas esporádicos, há outro detalhe: o campo de futebol do palácio é muito ruim. Concebido originalmente para a prática esportiva, o terreno passou anos ocioso e acabou se transformando em área de paisagismo.

A conseqüência disso é uma topografia absolutamente imprópria para a prática do futebol. Buracos, montinhos e até resquícios de pedras pululam.

Afora os problemas com o campo, o presidente, seus ministros e outros membros do primeiro escalão correm um risco muito menos visível _e mais difícil de solucionar_ que simples traumas ortopédicos.

Segundo um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) coordenado pelo professor de educação física Roberto Carneiro, jogar bola uma vez por semana pode fazer muito mal à saúde.

Na pesquisa, a freqüência cardíaca de 32 homens acima de 40 anos foi medida após 20 minutos de pelada. Nada menos do que 75% deles haviam forçado acima da conta o coração, tornando real o risco de desenvolver alguma doença coronariana.

A faixa etária é quase a mesma que costuma acompanhar Lula no eventual futebol de final de semana. Que, para completar, é disputado num campo que há bem pouco tempo era um jardim.

Atletas de fim de semana que não queiram correr o mesmo risco devem incluir a atividade física na rotina. Vale tudo, até uma caminhada de 30 minutos diários.

Quanto ao campo ruim...


Lá e cá

- Não é por acaso que Nelson Nastás, presidente da Confederação Brasileira de Tênis (CBT), está sorrindo de orelha a orelha. É que o ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, é tenista, o que certamente conta pontos nos bastidores a favor da modalidade. Aos 44 anos, o ministro freqüenta aulas de tênis duas vezes por semana e ainda pratica aos sábados e domingos. Também é presença constante em torneios juvenis, além de acompanhar jogos de Guga e dos outros profissionais brasileiros pela televisão. O plano de Queiroz para a modalidade é um velho sonho dos homens da CBT: a massificação do esporte por meio da construção de quadras públicas. É ver para crer.

- A seleção de futebol do Iraque voltou aos treinos depois de dispersada pela invasão anglo-americana ao país (boa parte da equipe fazia parte do exército de Saddam Hussein). Como o time quase acabou, seu uniforme oficial inevitavelmente se tornou um objeto de desejo. Uma loja brasileira oferece a camisa do Iraque por quase R$ 300. Só faltou ser autografada pelo próprio Saddam.

- A música utilizada por Luiz Felipe Scolari para motivar Portugal no amistoso contra o Brasil já pode ser ouvida na Série B do Campeonato Brasileiro. "Casa Portuguesa", na voz de Roberto Leal e em ritmo de samba, é indefectível nos jogos da Lusa no Canindé. Com os comandados de Felipão, deu resultado: Portugal ganhou da seleção brasileira. Quanto à Lusa, só o tempo dirá...

- Ninguém pode acusar a União Européia de Futebol (Uefa) de não ter memória. Em seu site, a entidade que manda no futebol do Velho Continente criou a sessão obituário. Funciona como num jornal: as mortes de ex-jogadores e dirigentes são anunciadas, acompanhadas de uma pequena biografia. Um serviço pioneiro.

- Atenção, atletas: a Fenilefrina, princípio ativo de sete entre dez descongestionantes nasais, foi retirada da lista de substâncias proibidas no esporte internacional. A notícia é um verdadeiro alívio para quem sofre os males da sinusite e temia os exames antidoping.

- O Santos é um time comum, que tem lampejos. É pior que o Palmeiras de 1999 e muito inferior ao Boca Juniors de 2000 e 2001. Não se destaca nem tem astros. A opinião é do jogador Guillermo Barros Schellotto, que há seis anos é ídolo no Boca.
SIC
Sou líder com um carro horrível, que tenho de carregar nas costas

Desabafo do piloto brasileiro Bruno Junqueira, que acusa a equipe de F-Indy Newman-Haas de beneficiar seu companheiro de equipe, o francês Sebastien Bourdais. Mesmo assim, Junqueira lidera o Mundial da categoria
Alec Duarte foi editor executivo da Gazeta Esportiva e editor de esportes do Diário do Grande ABC.

E-mail: papodeesporte@folha.com.br

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