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Papo de Esporte

05/08/2003

Artigo: Futebol autômato

ALEC DUARTE
Colunista da Folha Online

A raça humana que se prepare para ficar embasbacada: se a associação científica internacional Robocup atingir seu objetivo, em 2050 um time de robôs humanóides estará apto a enfrentar a seleção vencedora da Copa do Mundo.

A notícia parece coisa de ficção e faz lembrar as previsões sobre o futuro feitas na década de 50. Segundo elas, no ano 2000 caminharíamos todo o tempo em esteiras rolantes apertando botões para satisfazer imediatamente as nossas necessidades.

Não é o caso do anúncio da Robocup. O projeto tem embasamento e já existe na prática. No mês passado, na Itália, foi disputada a sétima edição do mundial de futebol de robôs.

Não se trata, evidentemente, de máquinas capazes de enfrentar um ser humano. Porém, os aparatos estão fornecendo aos cientistas informações valiosas para cumprir a meta daqui a 47 anos.

A Copa de autômatos é dividida por categorias. Há caixinhas ambulantes do tamanho de uma frasqueira, outras um pouco maiores, comparáveis a uma cadeira, e até os cachorrinhos eletrônicos Aibo, desenvolvidos no Japão pela Sony.

A disputa entre os "cachorróides" é a mais popular do evento. E são eles que darão, muito provavelmente, a maior contribuição à complicada pretensão de transformar peças metálicas recheadas de chips e circuitos em craques da bola.

A inteligência artificial aplicada nos Aibo é notável. Eles são capazes de tomar decisões sozinhos. Isso sem contar os movimentos, cada vez mais precisos.

Se o desenvolvimento dessas máquinas vai resultar, daqui a 12 Copas, num aparato capaz de desafiar o campeão mundial, ninguém sabe. No momento, elas já são utilizadas em operações delicadas de resgate em grandes tragédias, como terremotos e desmoronamentos.

Mas há muito tempo até 2050. Tanto que os humanos a serem desafiados nem sequer nasceram.

Lá e cá

- Registrado como vigia com salário de R$ 1.569,90, Antônio de Almeida Lú tem outra ocupação na CBF. É ele quem assina, como secretário, as atas de todas as reuniões e decisões do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva). O caso flagrante de desvio de função é apenas um entre centenas na entidade máxima do futebol nacional.

- Ana Hickmann, 22 anos, capitaneou as modelos que fizeram um jogo beneficente sábado, no Morumbi. O objetivo foi angariar brinquedos para instituições de caridade. A partida anual --o evento também aconteceu em 2002-- não é o único vínculo de Ana com o futebol. Gaúcha de Santa Cruz do Sul, já foi eleita "A Mais Bela Gremista" em sua cidade. Torcedora fanática do clube, virou uma espécie de embaixatriz no ano do centenário. Por isso, torce como ninguém para o time escapar do rebaixamento. Teme ser lembrada eternamente como pé-frio.

- O jogo filantrópico cometeu um erro grosseiro: misturou modelos (meninas de 13 anos, inclusive) com mulheres que posaram nuas para a revista Playboy. As segundas não tiveram pudor algum de fazer poses eróticas ao pisar o gramado do CT do São Paulo, onde promoveram o evento na véspera. Foram essas que apareceram nas capas dos jornais. As meninas, constrangidas, não desgrudaram de Ana Hickmann, que agiu como uma supermãe. Sem contar que a modelo atendeu aos jornalistas por mais de uma hora, mostrando desenvoltura e articulação.

- O guerreiro Zé Elias fugiu do pau: cansado de cobranças, encostou o burro na sombra na Grécia. O volante lançado pelo Corinthians em 95 admite que fez uma opção por sua família ao passar três temporadas no Olimpiakos. Receber em dia era sua prioridade, e ele foi bem-sucedido. Agora negocia com o futebol espanhol, mas nada de times de ponta. Zé Elias quer mesmo é sossego. Voltar para o Brasil? "Só no final da carreira", decreta. "Não suporto a desorganização dos campeonatos."

- A assessoria de imprensa que presta serviços a Luís Fabiano está fazendo uma pesquisa interessante: quer apurar qual é a imagem do santista Robinho junto à mídia. Palavras como "irresponsável" e "moleque" têm sido citadas freqüentemente pelos jornalistas esportivos na enquete. Com o resultado na mão, a empresa vai tentar convencer Robinho de que já passou da hora de contratar uma assessoria pessoal. É assim que funciona o mundo dos negócios: alguém cria as necessidades para você.

- A coluna passada deixou uma dúvida ao comentar sobre o que acontece quando dois times não comparecem a uma partida de futebol. Reza o Regulamento Geral de Competições da CBF que ambos são considerados perdedores por 1 a 0. Leitores me perguntaram: "e os pontos do jogo, simplesmente são extintos?" Isso mesmo, é como se nunca tivessem existido. Cada time tem um gol contra acrescentado na tabela e computada uma derrota. Vale lembrar ainda que o w.o. pode ser punido com exclusão, segundo as regras da CBF.
SIC
Não posso falar do time em que jogo?

Do goleiro Marcos, reclamando sobre a repercussão de suas críticas ao Palmeiras
Alec Duarte foi editor executivo da Gazeta Esportiva e editor de esportes do Diário do Grande ABC.

E-mail: papodeesporte@folha.com.br

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