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Papo de Esporte

04/11/2003

Artigo: No esporte, o importante é arrecadar

ALEC DUARTE
Colunista da Folha Online

Se a performance brasileira em Jogos Olímpicos sempre fica aquém do que idealiza o cidadão médio, a participação do país na Olimpíada de Atenas, no ano que vem, corre o risco de ser a mais frustrante de todos os tempos.

O Brasil pode simplesmente ser proibido de exibir sua bandeira nas cerimônias de pódio, abertura e encerramento. E, no caso de uma hipotética medalha de ouro, o Hino Nacional tão pouco será executado.

A ameaça partiu da Wada, a poderosa agência mundial antidoping, e tem a ver com dinheiro: o Brasil lidera a relação de inadimplentes da instituição, assim como outros países das Américas Central e do Sul, além de várias nações africanas.

A proposta foi levada na semana passada ao Comitê Olímpico Internacional (COI), e deve ser analisada ainda neste mês.

As sanções, acredita a Wada, são a única forma de obrigar os devedores a contribuírem com a instituição, cujo orçamento anual beira os US$ 20 milhões.

No momento, o organismo arrecadou pouco mais de 60% do montante previsto. E seu presidente, Dick Pound, não acredita que conseguirá amealhar mais de US$ 16 milhões até o final do ano.

A cobrança da Wada é uma espécie de "inscrição" dos países-membros e tem valores diferenciados. Hoje, a Europa é quem mais contribui (47,5% do orçamento), seguida das Américas (29%), Ásia (20%) e África (0,5%).

Só a Grã-Bretanha, por exemplo, paga 300 mil libras anuais --cerca de R$ 1,47 milhão.

"Se um atleta subir ao pódio, não ouvir o hino de seu país nem ver sua bandeira, saberá que sua nação não colabora com a luta contra as drogas no esporte", é a justificativa oficial de Pound num comunicado distribuído pela Wada.

Você considera essa proposta justa? O que hino e bandeira têm a ver com dívidas atrasadas?

Lá e cá

- Pelos menos 300 jogadores de várias modalidades se encontrarão entre os dias 15 e 18 de dezembro na cidade paulista de São Sebastião. O motivo é o 22º Congresso Anual dos Atletas de Cristo, entidade que existe no país desde 1984. Os ex-futebolistas Jorginho, Baltazar e Silas estão entre os palestrantes.

- O texto da semana passada sobre Wanderley Luxemburgo suscitou quase uma centena de mensagens de leitores. Uma dúvida freqüente diz respeito ao número de jogos citado na coluna (303, com 151 vitórias). A estatística se refere apenas ao currículo do treinador na Série A do Campeonato Brasileiro. Aos que acharam pouco, vale o esclarecimento: depois da campanha com o Campo Grande em 1983, Luxemburgo só voltaria para valer ao torneio em 1990, já dirigindo o Bragantino --em 1986, fez um único jogo como interino no Fluminense. Além disso, não disputou a competição em 1992 (estava na Série B, com a Ponte Preta), e em 1999 e 2000, quando comandava a seleção brasileira.

- Mais um exemplo de descaso em sites oficiais: no da Federação Paulista de Futebol, o escudo do Corinthians é apresentado de forma incompleta (sem as estrelas que fazem alusão aos títulos brasileiro e mundial). Isso sem contar que o nome do estádio do clube, Alfredo Schurig, foi grafado incorretamente. No elenco, segundo a FPF, seguem Fábio Luciano, Kléber, Leandro, Deivid, Jorge Wagner, Capone e Liedson. Desatualização e desinformação a toda prova.

- O vice-presidente de futebol corintiano, Antonio Roque Citadini, encarregou um assessor de gravar sua participação num debate sobre direito desportivo realizado na PUC, em São Paulo. Citadini é assim mesmo: adora conferir, em casa, seu desempenho em público. No Parque São Jorge, costuma tecer auto-elogios ao comentar, aos repórteres, suas entrevistas para emissoras de rádio e TV.

- O atacante argentino Dario Gigena, jogador da Ponte Preta, está mesmo disposto a investir no mercado brasileiro. Prova é que seu site é inteiramente em português, sem versão em espanhol. As raízes, porém, aparecem na página inicial, na qual Gigena aparece vestindo a camisa do Belgrano de Córdoba, clube onde iniciou a carreira em 1996.

- Casado há um mês com uma repórter de TV, o técnico de tênis Larri Passos está cada vez menos desconfiado de jornalistas e avesso a entrevistas. Nesta semana, participa de um chat na internet e de dois programas esportivos. Seu pupilo mais famoso, porém, segue longe da mídia. Em 2003, Gustavo Kuerten cravou um recorde: ele não participou de absolutamente nenhum programa de TV e não concedeu nenhuma entrevista individual, só coletivas.
SIC
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Alec Duarte foi editor executivo da Gazeta Esportiva e editor de esportes do Diário do Grande ABC.

E-mail: papodeesporte@folha.com.br

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