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Papo de Esporte

04/03/2003

Os bastidores dos bastidores do futebol

ALEC DUARTE
Colunista da Folha Online

As maiores rivalidades do futebol brasileiro hoje não são mais travadas por clubes, mas por personalidades. Jogadores não gostam de técnicos, que criticam dirigentes, que por sua vez vociferam contra treinadores e atletas. Todos parecem ter rancor e uma rusga não resolvida a remoer. É uma batalha de egos que leva os times, de uma forma de outra, a pagar o pato.

Wanderley Luxemburgo x Antônio Roque Citadini já virou um clássico nesse quesito. O técnico do Cruzeiro e o vice-presidente de futebol do Corinthians parecem eternamente envolvidos numa disputa imaginária que tem como objetivo apenas dizer "eu ganhei" no final.

Outro dia Citadini _que só se refere ao desafeto como "manager" ou "senhor da Silva", com muita ironia_ contou uma história mirabolante. Orgulhoso pelas atuações do meia Jorge Wagner (contratado do clube mineiro), o cartola garantia que Luxemburgo tinha afastado o atleta do elenco cruzeirense sob a alegação de que ele era "cachaceiro".

De acordo com o dirigente corintiano, quando soube do interesse do time paulista por Jorge Wagner, o técnico mudou de idéia. Tentou se reaproximar do jogador, acenou com sua reintegração e limpou a barra junto à diretoria do clube.

Magoado, Jorge Wagner fez exatamente o contrário: baixou a proposta salarial que tinha apresentado ao Corinthians para fechar logo o negócio.

Citadini considera esse round ganho na vaidosa briga com o ex-treinador da seleção brasileira, mas tem troco: o assédio ao volante Fabinho, que pode jogar pelo Cruzeiro no Campeonato Brasileiro.

Fabinho, assim como Deivid _que já se mudou para Belo Horizonte_, tem dívidas a receber do Corinthians (7,5% de seus direitos federativos) e é outra presa fácil para o contra-ataque de Luxemburgo.


Lá e cá

- A maratonista Maria Zeferina Baldaia, campeã da São Silvestre em 2001, não nasceu em Ribeirão Preto, conforme afirmei aqui na semana passada. Ela é natural de Nova Módica, cidade de 4 mil habitantes na região de Governador Valadares, em Minas Gerais. A confusão se deveu ao fato de que a cidade em que a atleta está radicada, Sertãozinho, ser vizinha a Ribeirão.

- Um integrante da torcida "organizada" Mancha Alviverde fez três observações sobre o artigo do Estatuto do Torcedor (recém-aprovado na Câmara) que trata sobre a obrigatoriedade de ingressos numerados nas partidas de futebol. "As torcidas organizadas não vão deixar", "Aqui não é a Europa, aqui nós assistimos ao jogo de pé e, para os que querem sentar, existe um setor chamado numerada coberta" e "Eu vou ser um dos primeiros a destruir essas cadeiras e arrumar encrenca para contrariar essa merda de lugares numerados". As confissões, publicadas num blog (diário na Internet), evidenciam o poder paralelo que estas facções insistem em impor dentro dos estádios.

- Ainda deve levar pelo menos um mês para que a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) homologue o recorde mundial de resistência obtido por três veículos Gol Power 1.6 em janeiro, no autódromo de Interlagos. Os carros rodaram respectivamente 5 mil, 10 mil e 25 mil quilômetros num percurso de 3.108 metros supervisionado pela CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) e só pararam a cada hora e meia, para troca de pilotos e reabastecimento. Foram necessários 15 pilotos e cerca de uma semana para que as metas fossem alcançadas. Só que o sucesso do desafio ainda depende de um carimbo vindo de Paris. Com ele, o reconhecimento internacional.

- A nova temporada da F-1 começa nesta semana pegando fogo nos bastidores. Pelo menos é o que se depreende da troca de correspondências entre o presidente da FIA, Max Mosley, e dois dos mais importantes diretores de escuderia (Frank Williams e Ron Dennis). Unidas, Williams e McLaren questionam as novas regras do campeonato mundial e, nas entrelinhas, deixam escapar que morrem de medo do poderio da Ferrari. A resposta do cartola é ainda mais dura: acusa os manda-chuvas das equipes de serem antiquados, refratários a mudanças e chorões. Para ler os originais em inglês, é necessário ter o programa Acrobat Reader.

- Mesmo em fim de carreira, o pugilista Mike Tyson continua um campeão de audiência. Sua aparição por 49 segundos _tempo que levou o combate_ contra o pangaré Clifford Ettiene rendeu US$ 2,49 milhões (R$ 8,9 milhões) à operadora de pay-per-view Showtime, que vendeu 100 mil assinaturas do evento nos Estados Unidos (ao preço unitário de US$ 24,95, ou R$ 89). Caso Tyson faça mesmo uma revanche contra Lennox Lewis em julho, o canal estima que venderá pelo menos o dobro de pacotes.

- Pela primeira vez dirigindo um dos três grandes clubes de São Paulo, o técnico Geninho, do Corinthians, já teve dias de menos fama. Certa vez, no litoral norte do Estado, foi confundido com o apresentador de TV José Luiz Datena. E falou com os "fãs" como se fosse o jornalista, chegando até mesmo a dar autógrafos.

SIC
Sou brasileiro, fui jogador de futebol e desfilei na Mangueira. O que eu posso querer mais?

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Alec Duarte foi editor executivo da Gazeta Esportiva e editor de esportes do Diário do Grande ABC.

E-mail: papodeesporte@folha.com.br

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