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Papo de Esporte

11/03/2003

Agora chegou a vez de Farah

ALEC DUARTE
Colunista da Folha Online

A administração de Eduardo José Farah à frente da FPF (Federação Paulista de Futebol) será objeto de uma investigação na Assembléia Legislativa de São Paulo. Esta é a disposição de um grupo de deputados que assumem seus mandatos nesta semana.

"Não vamos dar sossego para a FPF", confirma Wagner Salustiano (PPB), que traz de Brasília farta documentação _reunida pelas CPIs da Câmara e do Senado_ comprovando operações ilegais envolvendo a entidade que administra o futebol paulista.

Salustiano, que era deputado federal e participou das CPIs, afirma que ainda há muita coisa a ser investigada. Da suntuosidade do prédio da FPF na Barra Funda ao empréstimo de dinheiro para clubes e federações.

Na semana passada, reportagem do jornal Folha de S.Paulo mostrou que a FPF teve mais lucro funcionando como banco do que propriamente gerindo o esporte e seus campeonatos.

Basicamente, os deputados paulistas querem revelar porque a FPF tem tanto dinheiro e os clubes, tão pouco. Para isso, pretendem envolver diretamente o Ministério Público _quem, afinal, é o responsável pela denúncia em caso de delito comprovado.

A palavra CPI ainda é usada com cautela na Assembléia Legislativa. Há muita pressão contra a marcação cerrada a Farah, mas também outras formas de se dar início à investigação.

No cargo desde 1988, Farah atualmente está licenciado e pouco aparece. No último domingo, deu entrevista ao programa Gazeta Esportiva, em que teve que explicar falhas no regulamento do Campeonato Paulista.

Antes, em dezembro de 2002, esteve no programa de Raul Gil, na Rede Record. Na ocasião, não tirou o chapéu para três jornalistas.

Lá e cá

- Não deu outra: a Barroca Zona Sul, escola de samba que homenageou Pelé, caiu para o segundo grupo em São Paulo. No Rio, a Tradição _ que contou a trajetória do fenômeno Ronaldo _ escapou do rebaixamento por um triz: ficou em penúltimo lugar, e só uma escola foi rebaixada. Em Porto Alegre, o esporte deu uma no cravo e outra na ferradura neste Carnaval. A Bambas da Orgia, com enredo sobre o centenário do Grêmio, conquistou o bicampeonato. A Estado Maior da Restinga, que cantou Ronaldinho Gaúcho, caiu.

- O título da Gaviões da Fiel não foi a única conquista "corintiana" no Carnaval. Em Marília, no interior de São Paulo, a escola de samba Corinthians do Sapo faturou o troféu do desfile de rua da cidade. Conhecida como Corintinha, a agremiação desfilou com 709 integrantes e quatro carros alegóricos. E empolgou os cerca de 25 mil foliões que foram à avenida.

- Os bingos estão oficialmente proibidos no Brasil, mas várias casas continuam funcionando graças a decisões provisórias da Justiça. Enquanto isso, na Internet (ainda um território sem praticamente nenhuma lei), a jogatina avança. A Loteres, loteria estadual do Espírito Santo, oferece o jogo livremente numa página na rede. O jogador paga suas cartelas por meio de transferência on-line ou boleto bancário e pode gastar até R$ 6 por partida (ou 12 cartelas).

- Embalagens plásticas, relógios, bebidas populares: a queda nos preços da publicidade estática democratizou o acesso de anunciantes aos estádios de futebol. No Campeonato Paulista, até uma fazenda decidiu divulgar as qualidades do gado da raça Canchim, apostando na diversidade do público que assiste aos jogos. O Canchim é apresentado como um animal de manutenção barata, grande produção de carne e reprodutor de descendentes com "alta qualidade frigorífica".

- A Itália está chocada: um vídeo exibido num telejornal de grande audiência mostra ciclistas de dorsos nus manipulando seringas e aplicando injeções que, segundo a polícia, seriam anabolizantes e outras substâncias proibidas. As imagens foram gravadas durante a Volta da Itália de 1991, quando um escândalo de doping ofuscou a prova. No mesmo dia da exibição, a Justiça de Florença decidiu processar 34 atletas. O sindicato dos ciclistas italianos sustenta que as imagens não provam nada e questiona a legalidade de sua divulgação. Veja uma foto do polêmico vídeo.

- Há alguns meses falei algo sobre o choro 1 x 0, de Pixinguinha e Benedito Lacerda, provavelmente a primeira música brasileira sobre futebol. Composta em 1919, a canção ganhou letra 74 anos depois, mas a versão instrumental é a que prevalece. Leitores me perguntaram onde era possível ouvir a música e achei esta versão na Internet. Não consegui descobrir se é tocada pelo próprio Pixinguinha, mas o download vale a pena.
SIC
Eu jamais entraria na Justiça para ganhar meu passe. O Palmeiras nunca me sacaneou

Confissão do goleiro Marcos ao jornalista Wanderley Nogueira, em entrevista à Rádio Jovem Pan
Alec Duarte foi editor executivo da Gazeta Esportiva e editor de esportes do Diário do Grande ABC.

E-mail: papodeesporte@folha.com.br

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