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Papo de Esporte

18/03/2003

Os segredos de Michael Schumacher

ALEC DUARTE
Colunista da Folha Online

Em entrevista à edição italiana da revista Men's Health (Saúde dos Homens, em inglês), o pentacampeão mundial de F-1 Michael Schumacher revela uma série de curiosidades sobre seu preparo físico. Na reportagem, o alemão passa a imagem de uma pessoa para quem os exercícios são um verdadeiro tormento.

"Só o futebol me diverte", diz ele, que dedica seis dias da semana (quando não há corrida) à malhação.

O dia de Schumacher basicamente começa com duas horas de bicicleta ergométrica. "É um calvário", afirma. "Antes, eu ficava trancado dentro de casa. Agora só pedalo ao ar livre, senão não agüento de tédio", conta. A bicicleta serve para aumentar sua resistência, característica que considera a mais importante num corredor de F-1.

Outra etapa importante do treinamento do piloto da Ferrari são exercícios para pescoço, nuca, costas e lombar, regiões muito exigidas durante uma corrida de automóveis.

A nuca, por sinal, é o calcanhar de Aquiles dos automobilistas. Ela precisa suportar um peso que uma pessoa comum, sem treinamento específico, seria incapaz de agüentar por mais de uma volta num carro a 200 km/h. Por isso, Schumacher treina à exaustão movimentos bruscos do pescoço com um capacete forrado de pesos.

O alemão sabe bem que tipo de estrago a falta de preparo pode provocar. Ele mesmo conta que, ainda na Fórmula 3, durante um Grande Prêmio da França em Dijon, abandonou a corrida após dez voltas porque sua cabeça "estava caindo em direção às costas". A nuca era muito fraca para segurá-la.

Exercícios para braços e costas, com aparelhos especiais, também fazem parte da rotina. Mas são os únicos aparelhos que Schumacher utiliza. Toda a parte de musculação ele prefere fazer com "pesos livres", dispensando as modernas máquinas de academias.

Apesar de só sentir prazer jogando futebol, Schumacher é 100% fiel à programação física. A sede de vitórias nas pistas explica a contradição. "Meu corpo está sempre sob controle", conclui ele.


Lá e cá

- Emerson Fittipaldi está escrevendo um livro autobiográfico no qual promete contar várias histórias que "pouca gente sabe". Uma delas é sobre sua primeira corrida na Europa, pela Fórmula Ford inglesa, em 1969. Ele trabalhava numa oficina mecânica simultaneamente com carros de passeio e seu carro de corrida. No dia da estréia, em Snetterton, o câmbio quebrou e ele não pôde correr. Fittipaldi teve de se virar sozinho para consertar o carro, ao mesmo tempo em que dava expediente na oficina. No domingo seguinte, deprimido e após três dias sem dormir, pensou seriamente em voltar ao Brasil, mas decidiu ir a Snetterton novamente. Ganhou a corrida, e o resto da história todo mundo já sabe. O brasileiro adiantou algumas revelações em entrevista à ESPN Internacional. Leia , em espanhol, a transcrição do bate-papo.

- Quanto você pagaria pelo ingresso de uma semifinal de Copa do Mundo? E se o bilhete fosse da partida entre Chile e Brasil, disputada no dia 13 de junho de 1962 _e que a seleção venceu por 4 a 2? O site Football4Sale tem a resposta: R$ 1.358, ou 250 libras esterlinas. Esta e outras raridades estão sendo vendidas na rede, como a entrada da final entre Argentina e Holanda, no Mundial de 78, que pode ser arrematada por pouco mais de R$ 1 mil.

- O jogo entre Argentina e Holanda tem uma preciosidade maior ainda: 80 mil ingressos que jamais chegaram a ser colocados à venda. É que o regulamento daquela Copa previa a disputa de um jogo extra caso argentinos e holandeses terminassem empatados após 120 minutos de jogo. Dois gols na prorrogação, marcados por Kempes e Bertoni, impediram a disputa da revanche dois dias depois. Mas os bilhetes, por determinação da Fifa, já tinham sido impressos. E se tornaram uma verdadeira "mosca branca" para os caçadores de relíquias, chegando a valer mais de R$ 10 mil.

- Kolumbus Móveis e LG Electronics, patrocinadores respectivos de Corinthians e São Paulo (finalistas do Campeonato Paulista de 2003), travaram no ano passado um duelo tão equilibrado quanto a decisão estadual de futebol. Ambas as empresas aparecem com destaque no ranking de reclamações do Procon-SP (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor). A Kolumbus, com 328 queixas, ocupou o oitavo lugar. Em nono apareceu a LG, com 308 reclamações. As duas se defendem dizendo que o número de registros é ínfimo diante de seu universo de clientes.

- "É proibido a venda de bebidas alcóolicas nos estádios onde serão realizadas as partidas das competições promovidas pela CBF e as demais servidas somente em copo de plástico." O português tosco e equivocado é a reprodução literal do artigo 68 do Regulamento Geral das Competições Organizadas pela CBF. Além dos deslizes vernaculares, o artigo é letra morta: com exceção do Estado de São Paulo, em todos os outros a venda de bebidas alcóolicas é liberada nas praças esportivas. No Ceará, por exemplo, ambulantes vendem até pinga, apelidada de celular. A banda B é a tradicional branquinha; a banda A, dourada.

- Impressionante: a ONG "Football Unites, Racism Divides" (O futebol une, o racismo divide) tem uma pesquisa permanente em seu site com a seguinte questão: "os cânticos racistas devem ser eliminados do futebol?" Pois bem, 16% dos que deixaram ali seu voto acham que não. O que fazer com esses desajustados? No mínimo, impedir seu acesso aos jogos. Ou não?

SIC
Se meu treinador me chamou de burro, burro é ele

Explosão de Júlio César, goleiro do Flamengo, que aos 40min da etapa final partiu para o ataque quando seu time já perdia por 4 a 0 para o Fluminense nas semifinais do Estadual do Rio. A derrota causou a demissão do técnico Evaristo de Macedo.
Alec Duarte foi editor executivo da Gazeta Esportiva e editor de esportes do Diário do Grande ABC.

E-mail: papodeesporte@folha.com.br

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