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Papo de Esporte

25/03/2003

Campeonato Brasileiro: outra confusão à vista no regulamento

ALEC DUARTE
Colunista da Folha Online

O Campeonato Brasileiro que começa esta semana terá uma novidade tão bem-vinda quanto a nova fórmula de disputa (o sistema de pontos corridos): o regulamento permite que os jogadores mudem de clube durante a competição, algo fundamental em torneios de longa duração _este vai durar oito meses.

Pelo regulamento, qualquer atleta poderá trocar de time desde que não tenha atuado mais de duas vezes por seu clube de origem.

A prática, comum na Europa, permite redistribuir jogadores subaproveitados, o que colabora bastante para equilibrar a competição. Além disso, atiça a rivalidade clubística ao autorizar o assédio a atletas sob contrato.

Mas é claro que há problemas. Eles começam na própria redação do artigo 10 do regulamento do campeonato. Pelo que está escrito, os jogadores podem mudar de equipe indefinidamente, desde que nunca joguem mais de duas vezes em cada time.

A situação pode parecer surreal, mas as lições que deixaram o Torneio Rio-São Paulo do ano passado e o Campeonato Paulista deste ano nos obrigam a imaginar o pior cenário possível.

Dirigentes da CBF costumam ironizar Eduardo José Farah, presidente da Federação Paulista de Futebol, pelas regras mirabolantes que adota em seus torneios. Mas eles não ficam para trás.

O artigo 10, por exemplo, colide frontalmente com o artigo 20 do Regulamento Geral de Competições, o compêndio que complementa as regras de todas as competições organizadas pela entidade de Ricardo Teixeira.

Eis o artigo 20 na íntegra: "O atleta inscrito por uma associação não poderá competir por outra, na mesma competição, caso já tenha atuado no campeonato, sob pena de aplicação das sanções do art. 301 do Código Brasileiro Disciplinar de Futebol (CBDF)".

A sanção ameaçadora é a perda de cinco pontos por escalação de atleta irregular.

Um único campeonato, duas orientações distintas. É um perfeito cartão de visita para representar a CBF.


Lá e cá

- A Excelsior Seguros reajustou em 275%, desde 2000, o valor cobrado sobre cada ingresso vendido na Copa do Brasil e no Campeonato Brasileiro a título do tal "seguro de acidentes pessoais coletivo de público pagante". No período, a inflação acumulada (segundo o IGP-M) foi de 53,73%. A Excelsior, propriedade de Luciano Bivar (ex-presidente do Sport Recife, ex-deputado federal não reeleito e amicíssimo de Ricardo Teixeira), recebia R$ 0,04 por cada torcedor pagante. Hoje, cobra R$ 0,15. Isso representa uma arrecadação de R$ 6 mil num único jogo com 40 mil pagantes (só o Brasileirão terá 552 partidas). E quase nenhum torcedor sabe que tem direito a indenização caso sofra um acidente dentro de um estádio.

- O tempo passa, os conceitos mudam. Em entrevista à revista Isto É de 22 de maio de 1996, Carlos Alberto Parreira (então trabalhando no Fenerbahce, da Turquia) era tratado como um medíocre expatriado. "O técnico do meio a zero sai do exílio", titulava o texto, relatando que o treinador poderia trocar o time turco pelo São Paulo _o que de fato aconteceu. Mesmo tetracampeão mundial, Parreira era considerado adepto do futebol de resultados e incapaz de montar uma equipe eficiente e vistosa. Sete anos depois, deu a volta por cima. Ou você acha que alguém publicaria algo do tipo na edição de hoje?

- A guerra no Iraque provocou o adiamento da Soccerex, exposição anual da indústria do futebol que deveria ocorrer em Dubai, capital dos Emirados Árabes Unidos. O evento reúne patrocinadores, dirigentes e empresários e já virou uma autêntica feira livre do esporte mais popular do planeta, na qual tudo se negocia. Os organizadores prometem realizar a Soccerex 2003 no segundo semestre, ainda em Dubai.

- Instalado em 18 de fevereiro em São Paulo, o Comitê de Postulação à Sede dos Jogos Olímpicos de 2012 deve encerrar nesta semana a redação inicial do caderno de encargos, que será entregue ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) até 15 de abril, prazo final para a confirmação da candidatura. No mesmo dia, a cidade terá de pagar uma taxa de inscrição de R$ 200 mil. O COB escolhe a representante brasileira entre São Paulo e Rio de Janeiro após votação secreta no dia 7 de julho.

- Além de namorar Tatiana Fittipaldi, uma das filhas de Emerson, o piloto italiano Max Papis _que corre na Fórmula Indy_ tem outra ligação com o Brasil: sua semelhança com o tricampeão mundial de Fórmula 1 Ayrton Senna é simplesmente impressionante. Confira aqui e diga se estou mentindo.

- Há anos o técnico Wanderley Luxemburgo tenta proibir a venda do filme pornô "Vanderburgo e a Manicure", que parodia o suposto assédio sexual à manicure Claudia Laudineide Machado Cavalcante num hotel de Campinas em maio de 1996. Inútil: a fita é encontrada com facilidade na internet, por US$ 29,90 (pouco mais de R$ 100). Para os iniciados, pode ser encomendada por R$ 20 nas bancas especializadas no centro de São Paulo e na avenida Paulista. Em tempo: por falta de provas, Luxemburgo foi absolvido em outubro de 1998 da acusação de atentado violento ao pudor.
SIC
Agora nós ultrapassamos o São Paulo em títulos conquistados dentro do Morumbi

Provocação de Antonio Roque Citadini, vice-presidente de futebol do Corinthians, após o clube ter obtido mais um Campeonato Paulista, o 25o de sua história
Alec Duarte foi editor executivo da Gazeta Esportiva e editor de esportes do Diário do Grande ABC.

E-mail: papodeesporte@folha.com.br

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