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Papo de Esporte

08/04/2003

Um troféu perdido na memória

ALEC DUARTE
Colunista da Folha Online

A torcida do Cruzeiro reparou, há algumas semanas, uma omissão imperdoável dos responsáveis pelo esporte brasileiro. Ela entregou uma taça ao ex-jogador do clube Toninho Almeida, em alusão ao Troféu Belfort Duarte ganho pelo atleta em 1989.

Premiado em 89, Toninho _que defendeu a equipe mineira como profissional entre 1970 e 1976_ aguarda há quase 15 anos as distinções oficiais (um diploma, uma medalha de prata e uma carteira garantindo livre acesso aos estádios do Brasil).

Para quem não se lembra, o Belfort Duarte era concedido pelo antigo CND (Conselho Nacional do Desporto) a jogadores profissionais que passassem dez anos ou 200 partidas sem receber um cartão vermelho.

Toninho Almeida conseguiu mais: foram 12 temporadas e 288 jogos sem ser expulso de campo.

Ele considera a marca uma façanha por ter sido jogador de meio-campo e atuar numa época em que os juízes eram "muito autoritários".

De lá pra cá, o CND virou Indesp, que se transformou na Secretaria Nacional do Esporte. E o Belfort Duarte, mergulhado no esquecimento, foi extinto em 1995 deixando para trás uma séria pendência.

A CBF prometeu uma solução a Toninho Almeida, assumindo a responsabilidade por um erro que não foi dela.

Na última vez em que teve notícias, o ex-jogador _hoje com 52 anos e trabalhando na superintendência de esportes do governo de Minas Gerais_ ouviu de Marco Antônio Teixeira (secretário geral da CBF) que receberia o prêmio em "uma semana".

Eram meados de 2000. E até agora, nada.


Lá e cá

- Em suas andanças para reunir a documentação necessária à homologação do Troféu Belfort Duarte, Toninho Almeida descobriu que os arquivos do Americano de Campos _onde encerrou a carreira, em 79_ foram "levados pelo doutor Eduardo". Ninguém menos que Eduardo Vianna, o Caixa d'Água, presidente da federação carioca e oriundo do clube do interior do Rio. Por que alguém guardaria esse tipo de coisa em casa?

- Antonio Roque Citadini, o polêmico vice-presidente de futebol do Corinthians, também é fiel à terra natal, Capão Bonito, no interior de São Paulo. Lá, semanalmente assina uma coluna no jornal "O Expresso". O tema invariavelmente é o Corinthians. Curiosamente, a seção se chama Alambrado.

- O jornal Gazeta Mercantil revelou que o pólo a cavalo brasileiro conseguiu dois patrocínios que, somados, ultrapassam R$ 1 milhão. Conhecido pela exclusividade e reticência em divulgar suas atividades, o esporte está colhendo os frutos de um momento único. Das últimas três Copas do Mundo, o Brasil faturou duas e ainda foi vice na outra, perdendo a final para a Argentina _até então considerada a pátria do pólo (o campeonato nacional argentino é realizado desde 1893). O próximo mundial será em 2004, na cidade francesa de Chantilly.

- Num manifesto em que se confessam "extasiados", torcedores do Santos lançaram um abaixo-assinado para que o clube não venda Diego, Robinho, Léo, Renato, Paulo Almeida, Elano e Fábio Costa. A iniciativa é do Alçapão Virtual, lista de discussão sobre o clube na Internet. Quem quiser assinar pode mandar e-mail com nome completo e rg. Mas pode ser em vão: convidado para o lançamento da campanha, o presidente do Santos, Marcelo Teixeira, não deu as caras nem mandou representante.

- Dois ex-pilotos brasileiros que nunca correram juntos agora andam lado a lado fora das pistas. Pedro Paulo Diniz, que foi da F-1, e André Ribeiro, ex-F-Indy, são sócios na empresa PPD Sports, que entre outras coisas é responsável pela organização da Renault Speed Show, os campeonatos de três marcas da montadora francesa. Como empresários, ambos têm feito mais sucesso do que nas pistas.

- Muito se falou de Deco, agora português por obra de Scolari. Mas o Brasil continua exportando jogadores para reforçar outras seleções. A Macedônia, por exemplo, conta com os serviços do meia Aguinaldo de Jesus Braga, 28 anos, naturalizado em 2002. Ele inclusive jogou contra Portugal no amistoso que os dois países fizeram na semana passada. Hoje jogador do Aris Salônica (Grécia), Aguinaldo foi ídolo do Vardar Skopje, clube pelo qual ganhou três campeonatos nacionais. Alguém já ouviu falar?
SIC
Se o meu limite for rompido eu saio. Só não sei dizer qual é o meu limite

Misterioroso, Oswaldo de Oliveira, treinador do São Paulo, falando sobre as chances de deixar o comando da equipe por causa do péssimo relacionamento com a torcida
Alec Duarte foi editor executivo da Gazeta Esportiva e editor de esportes do Diário do Grande ABC.

E-mail: papodeesporte@folha.com.br

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