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Quero Ser Mãe

07/11/2002

Por que é preciso cuidar da síndrome dos ovários policísticos?

CLÁUDIA COLLUCCI
colunista da Folha Online

Ela afeta uma em cada cinco mulheres e há muitas dúvidas sobre o seu diagnóstico e tratamento. É a famosa síndrome dos ovários polícisticos (SOP), importante fator de infertilidade feminina, mas que nem sempre é tratada pelos médicos, especialmente nos casos em que os sintomas são quase que imperceptíveis.

A irregularidade menstrual (atraso ou ausência) é o primeiro alerta. Se associado a isso for encontrado um nível elevado de insulina e de LH (Hormônio Luteinizante), um hormônio secretado pela hipófise que age no folículo para liberar o óvulo, o diagnóstico é quase certo.

Por conta de uma resposta inadequada do ovário a esses hormônios são formados vários folículos, mas muitas vezes não chegam a maturar a ponto de liberar o óvulo. Não havendo ovulação, não há gravidez. No entanto, isso não quer dizer que as mulheres com SOP não engravidem nunca. Elas podem engravidar sim, mas é possível que haja uma certa dificuldade.

Acne, espinhas, queda de cabelo, pele oleosa e aumento de pêlos também são sintomas que podem estar associados a essa síndrome, além da ocorrência de abortos no início da gestação. Por isso, alguns médicos recomendam que as mulheres com SOP tomem progesterona nos primeiros meses de gravidez.

Pesquisas recentes também sugerem que a SOP pode levar à aterosclerose precoce, mesmo em mulheres magras e jovens, conforme estudo da Universidade de Pittsburgh. As mulheres pesquisadas tinham SOPC e apresentam anormalidades metabólicas, incluindo-se níveis elevados de lipídios e de insulina, o que pode resultar em aterosclerose prematura na meia-idade.

Assim, dizem os pesquisadores, é importante que o médico reconheça os sintomas como sinais de um distúrbio crônico abrangente e trate dos mesmos com intervenções no estilo de vida e/ou medicamentos para reduzir o risco de doenças cardiovasculares.

A mulher com SOP deve utilizar-se de proteínas, que auxiliam na melhora dos problemas menstruais, auxiliam na regulação da glicose no sangue, melhoram o metabolismo, ajudam na queima de gordura, e fornecem energia. As carnes magras, peixes, leite desnatado e derivados, nozes, avelãs, são boas fontes destas proteínas.

Dietas com grandes quantidades de carboidratos devem ser abolidas para quem sofre de problemas hormonais, como a SOP. Batatas, certas frutas como: melões, mamão, melancia, vegetais e cereais são boas fontes de carboidratos, se ingeridos em quantidades moderadas.

As gorduras são matéria-prima para a produção dos hormônios, logo, devem ser utilizadas na alimentação. Desde que de maneira moderada, as mulheres com SOP podem utilizar-se de carnes, manteigas e queijos. Há benefícios também com a ingestão de: óleo de oliva, de soja, peixes como: bacalhau, atum, sardinha, e vegetais verdes.

* Histerossalpingografia

Agradeço imensamente todas as manifestações de carinho de leitoras que me escreveram dando uma força para a realização da histerossalpingografia. Fiz o exame e o que tenho a dizer sobre a minha experiência é o seguinte: o exame é dolorido, sim, mas é uma dor totalmente suportável. Antes do procedimento, o médico, dr. Benjamin, do laboratório Fleury, explicou detalhadamente todo o exame, inclusive, pontuando onde haveria mais possibilidade de dor. O desconforto maior ocorre quando o contraste sai das trompas e cai no peritônio, uma membrana muito sensível que reveste, internamente, as cavidades abdominal e pélvica (peritônio parietal) e, externamente, as vísceras contidas nessas cavidades (peritônio visceral). É um misto de dor e alívio porque se o constraste saiu das trompas quer dizer que elas estão desobstruídas. E esse foi o resultado do meu exame. Além da boa notícia (trompas desobstruídas), o médico me contou um outro detalhe que deve servir de estímulo para quem ainda está com medo do exame. Nos dois meses seguintes à "histero", se as trompas estiverem livres, as chances de gravidez crescem até 50%. Portanto, meninas, vamos à luta!!

*

Férias

A partir de hoje até o dia 15 dezembro estarei fora do Brasil (uma viagem a trabalho em Portugal e, logo em seguida, férias). Não escreverei novas colunas e tampouco responderei e-mails nesse período. Cuido disso na minha volta, prometo. Abraços. Cláudia.

Para ler a coluna das psicólogas Malu Feitosa e Sâmara Jorge, clique aqui.

Clique aqui para ler o "Espaço do Leitor".

Em entrevista, o médico Arnaldo Schizzi Cambiaghi fala sobre infertilidade. Clique aqui para ler.

A partir de hoje, a Folha Online também promove um concurso cultural que vai distribuir como prêmio o livro de Cambiaghi, "Fertilização, um Ato de Amor". Veja aqui como participar.

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Cláudia Collucci, repórter da Folha de S. Paulo, é mestre em História da Ciência pela PUC-SP e autora dos livros "Por que a gravidez não vem?", da editora Atheneu, e "Quero ser Mãe", da editora Palavra Mágica. Escreve quinzenalmente na Folha Online.

E-mail: claudiacollucci@uol.com.br

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