Colunas

Quero Ser Mãe

08/05/2003

Espaço do leitor

Vamos abrir o espaço do leitor de hoje com quatro boas notícias de gravidez. Que elas sirvam de alento para aquelas mulheres que ainda estão na luta!


GRÁVIDA 1

Há alguns meses atrás escrevi uma mensagem nesse grupo de discussão revoltada com Deus porque eu não conseguia engravidar e a frustração estava me matando. Eu me sentia fraca, não acreditava que um dia poderia ficar grávida novamente e queria parar de fazer tratamento e apenas cuidar da minha vida. Pois com o tratamento a minha vida virou de cabeça para baixo, mas fiz minha primeira inseminação artificial e não é que eu fiquei grávida!!!

Fiz seis testes de gravidez, duas betas e quatro packs de urina porque eu simplesmente não acreditava que eu estava grávida.

Como eu já tive três abortos por falta de progesterona e meu médico anterior não sabia desse problema hormonal, eu estou de repouso, mas estou muito contente e confiante que agora vai dar tudo certo e finalmente vou ser mãe.

Estou escrevendo para que as outras mulheres que estão perdendo suas forças, estão tristes, levantem a cabeça, tenha fé em Deus, que mais cedo ou mais tarde, Ele escuta nossas preces e nos ajuda.

Um abraço para todas vocês,

Marcinha.


GRÁVIDA 2

"Como prometi em minhas novenas de levar o santo nome de Santo Expedito, Santa Rita de Cássia, a Sagrada Família e também o de Nossa Senhora de Fátima a todos que têm fé, em agradecimento pela graça alcançada, hoje divulgo a todas vocês -que eu sei que têm muita Fé- que graças à intercessão destes santos estou GRÁVIDA!

E graças a vocês meninas, que me acolheram nessa corrente poderosa, todas com o mesmo objetivo, podem ter certeza... FAZ MILAGRES REALMENTE! Agradeço também ao meu marido, que foi e está sendo uma pessoa muito compreensiva desde o começo, e que esteve ao meu lado em cada tentativa.

Continuarei rezando por todas vocês, para que em breve possam sentir esse momento de alegria pelo qual agora eu passo!

Um grande beijo a todas ...

Iolanda e Bebê !!!!

GRÁVIDA 3

Olá minhas queridas!!! Tenho ótimas notícias... estou grávida! Quando saí de férias estava grávida, porém, achei que era apenas um atraso hormonal!! Estava até me preparando para pedir a minha médica os "famosos" exames. Bom, nem precisa dizer que não foi preciso. Na realidade, fiz exames para ver se estava tudo bem, além do Beta. Desculpem por não partilhar da notícia antes, mas, as coisas foram um pouco diferentes pra mim. Na 6ª semana tive um sangramento muito intenso e fui parar no hospital, fiquei super triste porque, vendo a intensidade do meu sangramento já tinha certeza de ter abortado.

No hospital, após o ultra-som tive a boa notícia que meu bebê estava muito bem alocado no corno esquerdo (para quem não lembra, tenho útero bicorno, septado ao meio) e que no esquerdo havia um corpo lúteo de onde estava sangrando. Em um segundo exame constatou-se ser outro embrião que precisava ser expelido naturalmente.

Imaginem meu medo! Tive que ficar em repouso 20 dias de minhas férias e ainda estou porque o sangramento não parou totalmente. Estou vivendo um dia por vez, pedindo a Deus que tudo dê certo. Antes não gostava muito por ter um útero septado ao meio, mas graças ao septo, o bebê está protegidinho. Aí está o motivo para a existência do septo. Deus não nos dá nada sem que hajam motivos e explicações. Quanto a SOP, bem, no meu caso eu liberei mais de um óvulo, então, cheguei à conclusão, que apesar do problema ser comum e aparentemente igual nas mulheres, cada organismo funciona de um jeito. Nunca imaginei em engravidar tão rápido e de gêmeos! Agora tenho um dos bebês lutando para crescer, empurrar o septo e se desenvolver.

Minha gravidez é muito especial, não a considero de risco. Afinal Deus me fez assim... especial. Vocês também são muito especiais. Acreditem nisso!

Um beijo em cada coração.

Gil

GRÁVIDA 4

Queridas amigas,

Ontem foi um dia muito especial. Fiz o beta e... estou grávida!!!!!! E muuuuuuuuuuuuuito feliz! A contagem deu 150 no 11º dia - não aguentei esperar, minha médica disse que com a ecografia saberemos se é um ou são dois bebês.

Estou radiante. Obrigada pela torcida de vocês. Para as que estão pensando em tentar FIV ou ICSI, espero que seja um estímulo.

Beijos,

Cláudia

DÚVIDA SOBRE MEDICAMENTO

Querida Claudia,

Há algumas semanas lhe procurei perguntando como poderia doar uns medicamentos que tenho como Clomid e Ultragenstan. Hoje tenho dúvidas que estão me deixando tonta. Estou fazendo uso de puregon 50, já utilizei 8 aplicações, contando com a de hoje, a resposta foi somente um folículo com 17m no ovário esquerdo.

O médico quer fazer a inseminação assim mesmo na quinta. Estou com receio pois antes disso ele havia dito que o ideal era que de três a quatro folículos crescessem no tamanho necessário.

O risco do insucesso com um só não é maior? Não gostaria de gastar meu dinheiro e frustar-me a toa. O que faço? Preciso de um conselho? Já conversei com ele e ele diz hoje que o ideal é de um a dois, mas não havia dito isso antes.

Aguardo ansiosa sua resposta, pois tenho até quinta para decidir. Hoje, com a nova injeção, acredito que ele cresça até 18 ou 19 mm e ainda tenho o Pregnyl para tomar.

Abraços,
Claudia


Resposta do médico Eduardo Motta

Oi Claudia

Quem lhe escreve é Dr. Eduardo Motta e estou aqui em uma "saia justa".

Do ponto de vista conceito, sem dúvida o ideal é ter mais de um folículo, diria dois a três. Do ponto de vista ovulatório, se você não ovula e agora tem um, por que não??!! Assim você tem que admitir, que às vezes pretendemos fazer o melhor possível, mas o organismo reage de maneira diferente, e este ciclo é importante, pois se você falhar pode servir como forma de melhorar. É difícil opinar faça ou não, pois ninguém sabe a sua resposta. Na minha opinião, se você tem um bom sincronismo em termos de ovulação + endometrio, vá em frente, pois afinal já tomou vários dias do PUREGON.

Abraços e estamos torcendo,

Eduardo Motta


PROBLEMA IMUNOLÓGICO

Bom dia Cláudia !!!

Estou entrando em contato para pedir informação onde encontro tratamento para abortos recorrente por problemas imunológicos, que se utiliza o sangue do companheiro para fazer a vacina. Moro no Rio Grande do Sul, em Passo Fundo. Aqui existem ótimos especialistas, mas, dessa área nunca ouvi falar, pois gostaria de fazer exames pois já tive dois abortos espontâneos, sem causa determinada, do mesmo parceiro. Na internet só encontrei em São Paulo, se existisse em Porto Alegre já seria melhor.

Aguardo ansiosa retorno

Cristiane

Resposta do médico Ricardo Barini

Cristiane,

Em Porto Alegre, você pode encontrar o Dr. Jorge Newmann. Ele é hematologista e faz o tratamento também. O e-mail dele é neumann@santacasa.tche.br. Estou anexando uma cópia desta mensagem para que ele já saiba do assunto ao receber qualquer informação da paciente.

Um abraço,

Ricardo Barini


CRIPTORQUIDIA

Olá, Cláudia

Tenho lido frequentemente suas colunas na internet, e quero parabenizá-la pelo importante apoio que vem dando aos casais que tem dificuldades de ter seus filhos, pois raríssimas pessoas levam a sério, dizem que não é nada que é melhor a adoção, sem pensar nos sentimentos e nos sonhos.

Por isto queria sua especial ajuda para o meu caso, pois meu esposo tem 'criptorquidia', um dos testículos dele não desceu, e descobrimos há quase um ano que ele é infértil, 'azoospermia total', agora com 29 anos ele vai fazer uma cirurgia, à princípio iria retirar o testículo não descido, mas em uma conversa entre eu, meu esposo e o médico resolveu-se que desceria e esperaria o resultado acompanhando de seis e seis meses com o espermograma e, periodicamente, com exame do testículo para ver seu desenvolvimento etc. Disse o médico que essa decisão era porque a doença não afetou o seu desenvolvimento sexual, que apesar do testículo não ter descido, meu esposo estava com as funções normais, e que era somente um testículo não os dois, se fosse os dois seria diferente.

Será que dava para procurar uma resposta para isto, como: tem chances de resolver ou pode complicar, meu esposo realmente pode voltar a produzir espermatozoides, se é que algum dia ele produziu? Por favor, daria para fazer uma matéria sobre a criptorquidia, visto que, visito vários sites e percebi um considerável número de homens que admitem ter este problema e com sua ajuda poderia ajudá-los com suas informações.

Desde já agradeço.

Forte abraço,

Linda

Resposta do médico Rodrigo Pagani

A criptorquidia tanto unilateral quanto a bilateral está associada com uma diminuição na espermatogênese. Estudos que acompanharam estes homens reportaram que aproximadamente 30% dos homens com criptorquidia unilateral e 50% daqueles com bilateral tem concentração espermática abaixo dos 20 milhões de espermatozóides por ml. Apesar da associação com a diminuição da produção de espermatozóides a maioria consegue iniciar um gravidez sem dificuldades. A taxa de fertilidade dos homens com criptorquidia unilateral é de 81%. A taxa daqueles com bilateral é de 50%.

O ideal para correção deste problema é uma cirurgia chamada orquidopexia que deve ser realizada antes dos dois anos de idade. Testículos que permaneceram criptorquídicos após a adolescência não funcionam e a taxa de fertilidade não aumenta se for feita a orquidopexia.

O maior problema da criptorquidia, no entanto, não é a infertilidade e sim a maior chance que este paciente tem em desenvolver câncer de testículo, independentemente se foi ou não feita a orquidopexia.

Dr. Rodrigo Pagani, andrologista


VARICOCELE

Oi, Cláudia

Há três meses meu marido fez uma cirurgia de varicocele. Apesar da contagem normal, ele tem um problema de motilidade (80% imóveis) e de morfologia. Hoje pegamos o resultado do primeiro espermograma após a intervenção cirúrgica e, para a nossa decepção, a motilidade continua a mesma 20% móveis. O problema da morfologia não apareceu, dando 84% perfeitos. Ao menos uma coisa deu certo!

Fiquei muito triste e desesperada. Tinha uma grande expectativa sobre esse primeiro exame e estava otimista. O que eu gostaria de saber é:

1) A recuperação é progressiva após a cirurgia, ou seja, há chance dessa motilidade sofrer alguma alteração para melhor?

2) Caso se confirma essa motilidade baixa, só me resta a inseminação artificial?

3) Tenho ovários policísticos classificados como 'light' pela minha médica. Meu ciclo é desregulado, mas ela me passou Clomid. Não comecei a tomar por causa do resultado negativo do exame do meu marido. Você acha que isso pode ser um complicador?

Michelle,

Resposta do médico Rodrigo Pagani

1 - Sim, a recuperação é progressiva e contínua até um ano após a cirurgia.
2 - O exame do espermograma foi feito com a morfologia da OMS e não a morfologia estrita de Kruger que impossibilita chegar a qualquer prognóstico.
3- Sem sombra de dúvida!

Dr. Rodrigo Pagani, andrologista


MIOMA

Gostaria de saber se o tratamento para miomas, ou seja, a embolização, é um método novo, pois, desde que surgiram miomas em meu útero, nenhum dos profissionais me orientou para isso. Talvez só se faça isso nos grandes centros. Acredito que não se faça por nenhum convênio. Pergunto isso porque não gostaria de fazer a retirada do útero. Será possível evitar quando o mioma já se encontra com um volume bastante grande, ou neste caso somente cirurgia ?

Resposta

Ana, não sei onde você mora, mas aqui em São Paulo o tratamento de embolização está disponível no Hospital das Clínicas e Hospital São Paulo.

É difícil fazer qualquer tipo de avaliação sem conhecer o seu caso. De qualquer maneira, antes de optar pela cirurgia, aconselho que você procure outros profissionais da área.

Leve a questão também ao fórum de discussão sobre infertilidade, cujo link está na minha página.

Abraços,

Cláudia Collucci


GRAVIDEZ TARDIA

Oi Claudia!

Sou casado, tenho 33 anos e minha esposa tem 43 anos.

Estamos tentando ter um filho há pelo menos dois anos e até agora não conseguimos.

O que deveremos fazer? Você conhece algum especialista que mora aqui em Fortaleza-CE?.

Te agradeço antecipadamente.

Flaviano.

Resposta

Flaviano, você deve saber que sua mulher já está numa idade bem crítica. As chances de uma gravidez natural nessa etapa da vida não passam de 10%. Além disso, é grande o risco de malformações fetais. Antes de mais nada, vocês devem passar por uma avaliação rigorosa (você deve fazer o espermograma, e ela, exames hormonais, para saber, entre outras coisas, as condições da reserva ovariana, e uma histerossalpingografia, para verificar se não há obstrução tubária). Sobre o especialista, não tenho nenhuma indicação em Fortaleza. Tenho duas sugestões a vc: ou peça informação às meninas do fórum de discussão sobre infertilidade (o link está abaixo da minha coluna na Folha Online) ou acesse o site da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida ( www.sbra.com.br/mapa.asp).

Abraços,

Cláudia Collucci


HISTEROSSALPINGOGRAFIA

Prezada Cláudia,

preciso fazer o exame de histerossalpingografia e não consigo achar um local no Rio. Você poderia me indicar algum? Já procurei na Clinica Rad. Luis Felippe Mattoso (só têm vaga para julho) e a Clinica Laurindo Quaresma não faz mais. Meu plano é Mediservice.

Grata.

Joceli

Resposta

Joceli, infelizmente não tenho contatos no Rio. Talvez fosse uma boa idéia você entrar no fórum de discussão e perguntar às nossas amigas carioca.

Abraços,

Cláudia Collucci


SOP

Cláudia,

Resolvi escrever pois estou passando por uma dificuldade após a realização de um aborto espontâneo. Tenho vinte e oito anos e ovários policísticos. Há seis anos atrás fiz um tratamento homeopático e consegui engravidar. A gravidez evoluiu sem problemas e dela nasceu meu primeiro filho, hoje com cinco anos.

Quando ele completou nove meses, comecei a tomar o Diane 35 como método anticoncepcional pois na época não desejava ter outro filho. Porém, em julho de 2002, após cerca de 4 anos tomando a pílula resolvi que gostaria de ter o segundo filho e interrompi a pílula.

Fiz um exame papanicolau e deu tudo certo. Porém, quatro meses se passaram e nesse período minha menstruação foi bastante irregular. Procurei um médico homeopata e iniciei um novo tratamento. Após três meses de tratamento engravidei novamente. Porém, na décima semana sofri um aborto espontâneo.

Tive que fazer curetagem (11 de abril). Um dia após a curetagem comecei a ter febre e o médico receitou Flagyl e Cefalexina por uma semana. A febre passou e o sangramento terminou. Porém, desde que saí da sala de curetagem até hoje (17 dias depois) venho sentido uma forte dor que acredito ser na trompa esquerda. Relatei a dor ao médico, uma semana após a curetagem e ele disse que poderia ser normal mas não acredito nessa possibilidade. Ele nem se prontificou a me examinar e a verificar onde realmente eu estava sentindo a tal dor. Gostaria que você encaminhasse meu e-mail a um especialista para que me fosse indicado um exame ou procedimento que eu pudesse tomar. Gostaria de saber se é melhor que eu procure a opinião de outro médico.

Gostaria de agradecer esse espaço que você abriu. Abraço para você e que Deus ilumine aos médicos e ampare todos os casais que passam por dificuldades reprodutivas.

Gizelle

Resposta da médica Cláudia Gazzo

Prezada Graziele

Antes de mais nada, é possível que o fato de ser portadora da síndrome dos ovários policísticos tenha aumentado o risco de abortamento, que ocorre em 25% a 44% de mulheres não tratadas , devido às alterações metabólicas que acarreta.

O que chama atenção em sua história clínica é o fato de ter apresentado febre no primeiro dia pós curetagem. Tal acontecimento poderia ser decorrente de alguma infecção prévia existente, possível sangramento abdominal ocasionado pela rotura do cisto de corpo lúteo (cisto fisiológico que mantém a gravidez, pois produz progesterona, até que a placenta domine a situação hormonal), ou mais raramente, mas não impossível, já que a curetagem uterina expõe qualquer pessoa a risco, de perfuração uterina.

Como você evoluiu com quadro de dor abdominal, e veja bem, não se consegue distinguir a origem da dor, como você diz, trompa esquerda, pois as dores chamadas viscerais não têm esse reconhecimento no cérebro, seria de bom tom que exame físico e eventualmente, subsidiários tivessem sido feitos (hemograma, sorologias, ultra-som transvaginal, urina tipo I). Mas a pergunta é: você continuou com febre? está com corrimento de odor fétido? tem ardor no canal da urina às micções? Somente com base nessas informações, além do exame físico e complementar, teríamos condições mais adequadas para avaliar seu caso.

Grata pela sua atenção.

Abraços,

Cláudia Gazzo


SOP 2

Querida Claudia,

Primeiramente, parabéns pela sua coluna, que sempre me traz muitas respostas e esta me ajudando a encarar esta nova realidade: a de tentar ser mãe.

Tenho ovários micropolicísticos, e desde os onze anos, quando menstruei pela primeira vez, nunca tive ciclos regulares a não ser tomando medicamentos. Até aí tudo bem pois sempre achei que isso não impediria alguém de ser mãe. Estou tentando engravidar a cerca de 8 meses e durante este período descobri que meu marido não tem espermatozóides rápidos e nem com formato normal (teratozoospermia).

Assim, gostaria de saber quais são as minhas chances de engravidar naturalmente (tenho 34 anos e meu marido 32 anos), tendo uma média de relações de apenas uma vez por semana, ou se será necessário um tratamento. Quando acho que estou no período fértil, tentamos ter relações mais vezes, mas devido ao meu histórico de sempre ter tido relações sexuais seguida de muita dor (que somente a cerca de um ano foram sanadas), parece que eu fiquei com um pouco de trauma. Graças a Deus tenho um marido que me compreende e ajuda nesta hora.

Um grande abraço,

Silvia

Resposta da médica Cláudia Gazzo

Olá, Sílvia

Obviamente se você tem a síndrome dos ovários policísticos (SOP) há necessidade de tratamento, até mesmo para as mulheres que não desejam engravidar.

Como é da sua vontade ser mãe, ocorre que esta síndrome leva a mulher a ovular com menos freqüência (oligoovulação) diminuindo a chance de ocorrer gravidez espontânea.

A SOP é caracterizada por aumento na secreção de insulina (hiperinsulinemia) e a insulina em excesso acarreta produção maior de hormônios masculinos, bloqueando a ovulação. Fora isso, a hiperinsulinemia está associada com maior risco de abortamentos espontâneos.

Uma vez que seu marido também tem problemas (teratoastenospermia é o nome correto- alteração da forma e da motilidade), tentar engravidar espontaneamente monitorizando sua ovulação pelo muco cervical, acredito que não traga benefícios para você. Talvez esteja retardando a probalidade de engravidar rapidamente e com métodos inclusive, muito simples. Procure a ajuda de um especialista.
Abraços


SOP 3

Olá, Cláudia!
Gostaria de parabenizá-la pelo trabalho que você desenvolve e que é muito útil para nós mulheres.

Estou sempre atenta as informações dadas por você , mas essa é a primeira vez que venho tirar algumas dúvidas e espero que você me responda.

Tenho 20 anos, tenho ovários policísticos e estou fazendo um tratamento com Metformina a três meses para induzir a ovulação, pois estou querendo muito engravidar. As minhas dúvidas são: Será que este tratamento funciona? Quais são as chances de engravidar?

Ah! outra dúvida é sobre o muco cervical, dizem que quando este muco está bem espesso e com grande elasticidade a mulher está no período fértil, e se tiver relação tem maior possibilidade de engravidar. Então por que será que eu ainda não engravidei?

Desculpe-me se exagerei na quantidade de perguntas.

Antecipadamente grata.

Lindemberga


Resposta da médica Cláudia Gazzo

Prezada Lindemberga,

A metformina aumenta a sensibilidade dos tecidos periféricos (tecido gorduroso, fígado, músculo, ovários) a ação da insulina e diminui a produção de glicose pelo fígado, acarretando assim, a redução da secreção de insulina. É uma droga, portanto, que aumenta a sensibilidade dos tecidos a ação da insulina.

Atualmente a síndrome dos ovários policísticos (SOP) é considerada uma doença metabólica relacionada à resistência insulínica (há necessidade de haver maior produção de insulina para que a pessoa portadora fique sem diabete); e portanto, para que os níveis de glicose no sangue fiquem normais, um excesso de insulina é produzido (hiperinsulinemia); porém, esse aumento promove uma modificação da resposta ovariana, que ao invés de produzir seus hormônios normais de forma cíclica, acaba gerando hormônios masculinos em maior concentração que o habitual e isso leva ao bloqueio da ovulação.

A metformina, pelo fato de aumentar a resposta à ação da insulina, diminui a hiperinsulinemia e consequentemente, melhora os níveis de hormônios masculinos produzidos pelos ovários e pode restaurar a ovulação em 55% a 91% de mulheres adultas e em 91% de mulheres adolescentes, segundo diferentes autores. É considerada a droga de primeira escolha no tratamento da SOP atualmente.

Monitorização da ovulação deve ser feita para saber se o medicamento está surtindo o efeito desejado, como dosagem de progesterona na segunda fase do ciclo menstrual, que deve ser igual ou maior que 4 ng/ml no 23º dia do ciclo menstrual em um ciclo de 28 dias, por exemplo.

De modo geral, as mulheres portadoras de SOP têm atrasos menstruais e um indício de boa resposta medicamentosa é a restauração de ciclos menstruais regulares. A chance de gravidez por mês, em ciclos ovulatórios gira em torno de 20%.

Quando a ovulação retorna, podemos perceber que entre o 12º e 15º dia do ciclo, em um ciclo de 28 dias, apresentamos a saída de um conteúdo vaginal semelhante a clara de ovo, que é o muco ovulatório decorrente de concentrações maiores de estradiol na corrente sangüínea. Depois que a ovulação ocorreu, a progesterona, outro hormônio ovariano que predomina na segunda fase do ciclo, modifica esse muco, que se torna mais espesso e menos elástico.

Se tudo estiver sendo bem conduzido e se você já pesquisou outros fatores de infertilidade conjugal, não há com que se preocupar, pois a taxa cumulativa de gravidez ao final de um ano é de aproximadamente de 90%, ou seja, a maioria dos casais engravida num prazo de um ano, dentro dessas condições ideais, como disse: exclusão de outros fatores de infertilidade e constatação de ciclos menstruais ovulatórios.

Abraços e boa sorte.

Cláudia Gazzo


SOP 4

Olá Cláudia,

Gostaria de esclarecer algumas dúvidas, descobri que tenho ovários micropolicísticos aos 14 anos e venho tomando diane 35, agora estou com 30 anos e estou apresentando manchas no rosto 'melasma', se eu para de tomar o anticoncepcional meu rosto fica repleto de espinhas e se continuo tomando minha pele fica mais manchada. Gostaria de saber sobre o anticoncepcional que elimina a menstruação, é indicado para o meu caso? E se este anticoncepcional vai ser prejudicial na hora em que eu quiser engravidar?

Mari

Resposta do médico Ademir Jr., que é um dermatologista especialista em tratamentos dermatológicos para as portadoras de SOP

Cara Marilse, é verdade que o uso do Diane melhora muito o quadro de espinhas (acne), assim como pode favorecer o aparecimento de melasma, esta hiperpigmentação em forma de asa de borboleta localizada na região da face.

Utilizei o verbo favorecer porque o aparecimento desses tipos de lesões está relacionado à exposição ao sol somada ao uso de anticonceptivos. Pode ser que se você nunca, ou por poucas vezes, tivesse exposta à luz solar este problema nunca apareceria.

Apesar disto existem diversas formas de eliminar estas manchas e a dermato-cosmética apresenta novidades cada vez mais eficientes para casos como o seu.

Quanto ao anticonceptivo que inibe a menstruação não acredito ser interessante em caso de mulheres com Síndrome dos Ovários Policísticos. É importante que a mulher portadora desta doença menstrue regularmente para evitar as complicações que podem ocorrer com o passar do tempo nestas pacientes, entre elas os tumores uterinos.


ENDOMETRIOSE

Oi Claudia, tudo bem?

Estou meio sumidinha mas te acompanhando semanalmente, estou mais uma vez precisando de uma ajuda sua.

Gostaria de ouvir a opinião dos médicos que tem colaborado com a sua coluna no seguinte sentido.

Em julho/02 passei por uma laparoscopia com retirada de 5 miomas e constatado endometriose leve em uma das trompas, depois desse diagnóstico, tomei uma dose de Zoladex (1 mês), e duas doses consecutivas de Zoladex 10.8 (3 meses cada dose).

Pois bem, de acordo com o meu médico, o período de efeito do medicamento acabaria aproximadamente em 25/02/03 e eu voltaria a menstruar em 1 mês depois.

Estamos em 29/04/03 e nem sinal da minha menstruação e continuo sentindo os efeitos do medicamento (ondas de calor e ressecamento vaginal, se bem que esse ressecamento diminui bem).

Só consegui agendar com o meu médico consulta para o mês de maio e está um pouco difícil controlar minha ansiedade e também gostaria de ter uma outra opinião sobre o que pode estar acontecendo. Isso é normal?

Meu receio é que o medicamento possa ter me induzido a uma menopausa precoce. Completo 41 anos em junho.

Fico no aguardo.

Um grande beijo.

Izabel

Resposta da médica Cláudia Gazzo


Jovem Izabel

O Zoladex (goserelina) faz parte de um grupo de medicamentos que bloqueia a produção de hormônios estimuladores dos folículos do ovário, levando a uma queda acentuada da produção de estrógeno (um dos hormônios ovarianos) e assim, este hipoestrogenismo, como é chamado, é o responsável pelos sintomas da menopausa.

Você foi submetida a uma menopausa química e esse efeito é transitório, porém persiste por aproximadamente dois ou três meses, em média, após o término do efeito do medicamento utilizado.

Não há relatos na literatura que apontem a goserelina como desencadeadora de menopausa precoce; portanto, não vejo motivos para você se preocupar, basta ter um pouquinho mais de paciência que, acredito, tudo voltará ao normal em breve.

Abraços.

Cláudia Gazzo


TROMPAS

Meu nome é Rosemeire. Tudo bem com você Claudia, acompanho suas colunas diariamente, fico esperando ansiosa suas matérias, e agradeço muito por você nos ajudar, a partir que encontrei seu site consegui enfrentar melhor meus problemas de infertilidade.

Cláudia, gostaria que me ajudasse num dilema, recentemente fiz uma FIV sem resultado, tenho endometriose de grau 2, e ela também obstruído minhas trompas, antes de fazer a FIV o medico perguntou se eu queria desobstruir as trompas ou tentar a FIV, resolvi fazer a FIV achando que acabaria ficando gravida, pois já estou com 8 anos que tento engravidar. Mais infelizmente para minha infelicidade isso não aconteceu. Mas passado isso voltei no medico para ver se seria melhor tentar desobstruir as trompas, e ele disse que não vale a pena que só iria pedir tempo, que é melhor tentar outra FIV.

Quero ver se você sabe de alguém que desobstruiu as trompas e conseguiu engravidar. E como diariamente você conversa com especialistas o que eles me aconselham.

Cláudia desde já te agradeço. E quero dizer que você é o nosso anjo aqui na terra.

Resposta da médica Cláudia Gazzo

Prezada Rosemeire,

Primeiramente o índice de sucesso de uma FIV gira em torno de 30% a 40%, portanto há 60% ou 70% de chance de uma FIV não dar certo. Mas, considerando que a taxa de fertilidade ao mês para casais que não apresentam problemas de infertilidade é de 20% a 25%, os resultados da FIV são muito bons.

A endometriose é uma das patologias que mais interferem com os resultados de qualquer técnica que venha ser empregada para o tratamento da infertilidade conjugal, e por esse motivo, deve ser tratada. Você foi tratada da endometriose?

Pelo que entendi, a obstrução de suas trompas (obstrução tubária) é conseqüência da endometriose. Nesse caso, a cirurgia para desobstrução tubária estaria apenas indicada em alguns casos, tais como: idade menor que 35 anos e obstrução de apenas uma das partes das tubas uterinas (a tuba pode ser dividida didaticamente e funcionalmente em três partes: a parte proximal que fica junto ao útero, a porção média e a parte distal). Se a obstrução envolver duas ou mais partes das duas tubas, não há porque fazer a cirurgia e uma nova tentativa de FIV estaria indicada.

Abraços e boa sorte.

Cláudia Gazzo


MENSTRUAÇÃO NA GRAVIDEZ

Tão prezada Cláudia, gostaria de saber se é possível menstruar na gravidez, já ouvi muitas mulheres dizerem que menstruaram na gravidez, minha barriga está um pouco maior (até uma senhora perguntou se estou grávida!!) na menstruação anterior eu fiquei em torno de 3 dias com a marca borra de café até que aumentou o volume e se tornou vermelho, e esse mês desceu praticamente normal.

Tive um aborto há 10 meses e percebi que do ultra-som de lá para cá o volume do meu útero aumentou 16 cc, isso é normal, será que estou grávida? Lembrando que todos os ultra-sons foram feitos sempre na mesma época do ciclo.

Estou esperando sua resposta com bastante ansiedade


Resposta da médica Cláudia Gazzo

Querida,

a menstruação é um processo fisiológico que indica duas coisas: primeiro, que você ovulou nesse ciclo e, segundo, não engravidou. Sangramento durante uma gravidez é preocupante e nos faz pensar principalmente em ameaça de abortamento, gravidez ectópica (gravidez fora do útero), mola hidatiforme, quando a gestação é inicial; ou alterações placentárias e trabalho de parto prematuro, quando a gestação é mais avançada. Como você teve um único episódio de alteração do fluxo na antepenúltima menstruação, uma investigação estaria indicada na recorrência do problema. Porém, se quiser confirmar a presença de uma possível gravidez, nada melhor que a realização do teste de beta hCG no sangue, que é cem por cento seguro. O ultra-som pode não diagnosticar uma possível gravidez ectópica, por exemplo.

Não vejo significado clínico no aumento de 16 cc no volume de seu útero.

Abraços

Cláudia Gazzo


EXAMES

Prezada Cláudia,

Estou tentando engravidar e marido está constantemente viajando. Em decorrência disso não tenho uma vida sexual muito ativa. Venho tentando fazer o controle da ovulação por meio da medição de temperatura e da observação do muco cervical. Tenho também a dorzinha do meio do ciclo e com isso vejo vários indícios que me mostram os momentos próximos da ovulação. Só que este mês aconteceu o seguinte, senti a dor do meio do ciclo, no 13º e 14º dias do ciclo e tive a presença do muco clara de ovo no 11º, 12º, 13º e 14º dias do ciclo. No entanto, com todos estes indícios minha temperatura não aumentou e agora estou no 16º dia do ciclo. Li em um site na internet que o muco clara de ovo antecede a ovulação, mas no dia que ocorre, ele não está mais presente(?). E fiquei imaginando que a dorzinha pode ser referente ao amadurecimento do folículo e não a liberação propriamente dita do óvulo(?)

Esta explicação tem algum fundamento??? No mês passado o gráfico ficou bem semelhante e a dorzinha e o muco precederam o aumento de temperatura em 3 dias. Isto pode ser algum sinal de corpo lúteo deficiente??? Passei por um aborto espontâneo em novembro de 2002, fiz diversos exames endocrinológico, ginecológicos e reumatológicos....nada foi diagnosticado, logo tudo leva a crer que tenha sido uma má formação ovular, mas como posso descartar a possibilidade de uma deficiência de progesterona????

Os médicos só iniciam as investigações depois do terceiro aborto e por isso sempre que peço que seja requerido os testes de FSH, LH e progesterona, eles alegam que é desnecessário. Que conduta devo tomar a este respeito????

Não quero passar novamente pela experiência de perda e por isso gostaria de me cercar de todos os indícios que evitariam a recorrência do fato.

Obrigado pelo espaço em sua coluna e pelas respostas objetivas que são dadas nela.

Raquel.

Resposta da médica Cláudia Gazzo


Prezada Raquel

A mudança na consistência do muco começa dois ou três dias antes da ovulação e persiste até o dia da ovulação, tornando-se progressivamente mais abundante, escorregadio, transparente e elástico. Nessa ocasião, se esticar o muco entre os dedos, formar-se-á um fio com 6cm de comprimento, podendo chegar até 10 cm no dia ovulatório. Esse efeito é decorrente do rápido aumento da secreção de estradiol que se inicia alguns dias antes da ovulação. Após a ovulação, o muco fica espesso, pegajoso e menos intenso.

Em relação à temperatura corporal basal, a Cláudia Collucci fez uma extensa matéria a respeito, que vale a pena ser lida. Eu particularmente, não indico esse procedimento, pois além de estressante é pouco preciso.

Cerca de 25% das mulheres podem apresentar dor em um dos lados do abdômen inferior quando ovulam, e esta dor é relacionada, geralmente, à distensão do folículo antes de romper e liberar o óvulo.

A insuficiência lútea caracteriza-se por deficiência na produção de progesterona pelo corpo lúteo (que se forma a partir do folículo que ovulou) e pode determinar um encurtamento na segunda fase do ciclo menstrual, ou seja, o ciclo menstrual pode ficar mais curto (o intervalo entre as menstruações diminui) e/ou acarretar níveis baixos de progesterona mesmo com duração normal da segunda fase do ciclo.

O diagnóstico deve ser suspeitado em pacientes com história de abortamentos recorrentes e nas pacientes com ciclos curtos, depois que outras causas endócrinas tenham sido afastadas. Infelizmente nenhum dos testes complementares para o diagnóstico são precisos, tais como dosagens seriadas ou única de progesterona, pois os níveis de progesterona são flutuantes e num mesmo dia, pode variar, num curto intervalo de horas, de 6 e 35 ng/ml, por exemplo.

A biópsia do endométrio feita no 12º dia pós ovulatório é o método clássico para diagnosticar a alteração da fase lútea. Uma defasagem de dois dias em relação à fase do endométrio (tapete glandular que reveste a cavidade uterina) e a do ciclo menstrual correspondente, em pelo menos duas biópsias de ciclos diferentes, é considerada insuficiência lútea.

Considerando sua história clínica, parece-me que tem ciclos menstruais regulares, muito embora não tenha ficado explícito. Posso perceber que sua angústia maior é decorrente da perda que sofreu. A probabilidade uma gestante sem qualquer patologia vir apresentar um abortamento espontâneo varia de 15 a 40%. Veja que é uma incidência alta.

Penso que a melhor conduta seja tentar diminuir sua ansiedade, pois esta só tende a deixá-la mais confusa e sempre que possível, converse com agente ou com seu médico para traquilizá-la.

Abraços e boa sorte

Cláudia Gazzo


Bem, bom dia para quem puder me ajudar. Tive duas gravidez e nas duas ocorreu uma gravidez sem embrião, e em todos os médicos que vou em minha cidade, Barra Mansa (RJ), nenhum conseguiu me explicar nada.

Estou me sentindo totalmente perdida e desesperada. Gostaria que me enviassem algum artigo que fale sobre esse assunto. Pelo amor de Deus, preciso de ajuda. E se vocês conhecem algum médico aqui no Rio especialista nesse assunto.

Desde já agradeço muito.

Engel

Resposta da médica Cláudia Gazzo

Prezada Engel

A gestação anembrionada (sem embrião) nada mais é que um termo técnico e significa morte fetal precoce, ou seja, aquela que ocorre antes de completar 4 semanas. Como não se consegue visualizar o embrião antes da 5º semana através do ultra-som transvaginal, o termo gravidez sem embrião acabou sendo consagrado pelo uso, mas é na verdade, uma morte fetal que aconteceu e não tem significado clínico nenhum.

As causas mais freqüentes são anomalia cromossômica fetal em 50% dos casos, trombofilia, síndrome anti-fosfolípede e alteração no fluxo dos vasos sangüíneos do útero. Em 30% dos casos, não se sabe o motivo das perdas.

Apesar da conduta clássica ser iniciar a investigação de aborto habitual somente a partir da 3ª perda, atualmente um geneticista tem condições de dar um diagnóstico a partir da 2ª perda fetal em 60% a 70% dos casos, principalmente se tivesse o material do abortamento para realizar o estudo cito-genético.

Mesmo assim, seria aconselhável passar em consulta com um médico especializado em genética (geneticista), antes de engravidar novamente.

Abraços

Cláudia Gazzo


ESPERMATOZÓIDES MORTOS

Boa Noite Claudia,

Se possível, gostaria que respondesse a seguinte pergunta:

Um homem que produz espermatozóides mas na ejaculação saem 'mortos', tem a possibilidade de gerar descendentes? Há algum tratamento? Qual é o custo estimado?

Grata pela atenção

Vivian

Resposta:

Cara Vivian, é preciso primeiro investigar a razão desses esperrmatozóides saírem mortos na ejaculação. É um problema genético? É uma obstrução das vias seminais? Em primeiro lugar, vocês precisam consultar um urologista especialista em infertilidade masculina (andrologista).

Abraços,

Cláudia Collucci


ABORTOS

Boa tarde, Claudia

Hoje estou escrevendo para ver tirar uma dúvida. Já tive dois abortos antes dos três meses. Tenho ovário policísticos e a camada do endométrio mais fina. No período fértil fiz ultra-som pélvico e mediu 0,8 depois no 23º dia do ciclo fiz novamente estava com 0,6. Fiz todos exames de hormonais e tudo deu bem até a progesterona normal. Meu marido fez espermograma e também deu normal. Mesmo tendo ovário policístico, menstruo regularmente, o ciclo de 28 dias. E tenho facilidade em engravidar, mas não seguro. O que me preocupa é que o médico disse que posso tentar novamente e que se eu precisar tomar hormônio "progesterona" ele me dá depois que a menstruação atrasar e a gravidez for confirmada e se o endométrio estiver aquém, para haver nidação e a gravidez evoluir. Questionei sobre exames genéticos e ele acha prematuro fazer, disse que só se indica depois da terceira perda.

Se puder encaminhar para um profissional ficarei grata,

Cristiane

Resposta da médica Cláudia Gazzo

Prezada Cristiane

Entendo que esteja passando por momentos de grande angústia devido aos abortamentos ocorridos.

No entanto, tendo por base a definição clássica de aborto habitual, que é a perda espontânea e consecutiva de três ou mais gestações antes de cinco meses completos (vinte semanas), seu médico não está errado em orientar a investigação após uma eventual terceira perda, desde que você não apresente em seu histórico clínico e familiar elementos que autorizem o início da investigação antes desse tempo, como por exemplo: história familiar de mal-formação fetal, consangüinidade (se você e seu marido são parentes), idade da mulher acima de 35 anos, anormalidades do aparelho reprodutor, distúrbios sistêmicos tais como diabetes, hipertensão arterial, Lúpus, problemas de coagulação do sangue, doenças infecciosas, patologias hormonais das glândulas tiróide, supra-renal, hipófise e até mesmo a síndrome dos ovários policísticos.

Quanto à síndrome dos ovários policísticos (SOP), caracteristicamente manifesta-se por atrasos menstruais, aumento de hormônios masculinos circulantes no sangue, aparecimento de acne, oleosidade da pele, crescimento de pelos anormais, predisposição à obesidade e comumente, aumento dos níveis de insulina (hiperinsulinemia). Em geral, as pacientes portadoras da SOP não ovulam regularmente e portanto, não têm níveis de progesterona normais. Dados da literatura médica mostram que a ocorrência de abortamentos espontâneos na SOP é alta, variando de 25 a 73% segundo diferentes autores e está relacionada aos altos níveis de insulina decorrentes desta patologia. Na verdade, a SOP é atualmente considerada uma doença metabólica, originada de um defeito da ação da insulina (resistência à insulina).

Há casos de SOP, quando a portadora é magra, que cursam com ciclos menstruais ovulatórios normais e consequentemente não possuem hiperinsulinemia e nem aumento dos hormônios masculinos circulantes no sangue. Assim, a SOP não seria a causa dos abortamentos.

Pelo que você descreveu sobre seu quadro clínico, se for portadora de SOP realmente, esta doença aparentemente não está lhe causando problemas.

Achei curiosa sua preocupação em relação às medidas do endométrio, pois comumente não nos atemos muito a esse parâmetro na avaliação de casos de abortamento ou de SOP, a não ser quando estamos fazendo algum controle de indução da ovulação, por exemplo. Existem casos específicos, não relacionados à SOP, mas sim a abortos habituais, que quando se suspeita de algum problema do endométrio, o ultra-som transvaginal serve como triagem para a indicação de exames mais específicos, tal como a histeroscopia diagnóstica (endoscopia do útero que permite a visualização direta da cavidade uterina e dá diagnóstico de certeza de patologias endometriais). Ocasionalmente, pacientes que sofreram curetagens uterinas recorrentes podem evoluir com alteração do endométrio, ou seja, podem surgir cicatrizes dentro do útero (sinéquias uterinas) ou o endométrio pode tornar-se esclerótico (fino e sem resposta aos hormônios ovarianos).

Para você ter uma idéia, na fase ovulatória, um endométrio normal alcança sua maior espessura que varia de 6 a 10 mm em ciclos espontâneos naturais, segundo diferentes autores, para depois diminuir gradativamente, chegando a atingir 1-2 mm no período menstrual. Não observei alterações importantes em seu relato. Mais importante que as medidas que descreveu, é o aspecto do endométrio e que não foi citado. No período ovulatório, o endométrio tem a forma de boca, como chamamos (parece uma figura de lábio mesmo), significando que a produção do hormônio estradiol está adequada; na fase secretora do ciclo (depois da ovulação) o endométrio muda de aparência, fica mais branco e homogêneo, perde a forma de boca devido a ação da progesterona.

Acredito que tudo esteja sendo bem conduzido em seu caso e espero ter contribuído para aliviar sua ansiedade ou elucidar alguns pontos que ainda permaneciam nebulosos.

Boa sorte e felicidades.

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Cláudia Collucci, repórter da Folha de S. Paulo, é mestre em História da Ciência pela PUC-SP e autora dos livros "Por que a gravidez não vem?", da editora Atheneu, e "Quero ser Mãe", da editora Palavra Mágica. Escreve quinzenalmente na Folha Online.

E-mail: claudiacollucci@uol.com.br

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