Colunas

Quero Ser Mãe

22/05/2003

Espaço do leitor

Recebi esta semana um alerta de uma leitora sobre a participação frequente de um médico no fórum de discussão, respondendo a dúvidas de leitoras sobre infertilidade. Em razão de tudo o que foi me colocado, penso que preciso me posicionar em relação a isso. Primeiramente, quero deixar claro que não conheço o médico e nem fui eu quem o convidou a participar do fórum. O fórum é um espaço público e qualquer pessoa pode expressar suas opiniões. Mas só posso me "responsabilizar" pelos médicos me ajudam neste espaço, pois, desses tenho ótimas referências e sei que são atualizados porque sempre os encontro apresentando trabalhos em congressos de reprodução assistida. Enfim, não estou emitindo nenhum juízo de valor em relação a esse profissional porque, como já disse, não conheço o seu trabalho.


BOA NOTÍCIA

Querida Cláudia,

Nos últimos meses tenho feito diversas perguntas em sua coluna e tenho-as sempre carinhosamente respondidas. Hoje, não venho fazer perguntas, mas agradecer o apoio e, principalmente, as informações claras e objetivas que me ajudaram a ter motivos para comemorar o dia das mães... Meu bebê não está em meus braços, mas acabo de descobrir que está a caminho. Estou grávida!

Sofri um aborto espontâneo em novembro de 2002, quando estava na décima semana de gravidez, completei 35 anos e tudo me fazia crer que não conseguiria engravidar pelos métodos tradicionais. No entanto, Deus ouviu minha oração e me deu este grande presente.

Beijos

Raquel S.S.

Resposta de Cláudia Collucci:

Parabéns Raquel. É realmente um grande presente! Obrigada por dividir essa alegria conosco.

Abraços

Cláudia Collucci




BOA NOTÍCIA 2

Cara Claudia,

Gostaria de parabenizá-la pela coluna e compartilhar uma alegria: minha filha nasceu há um mês. Vai ser meu primeiro dia das mães como mãe de alguém! E está sendo bárbaro!

Depois de mais de dois anos de tentativas frustradas, muitos exames, respostas vagas e muita dor cada vez que alguma gravidez era anunciada, chegou a minha vez.

Fiquei um pouco relutante em escrever para sua coluna, pois assim como eu, imagino que muitas mulheres devem ficar um pouco frustradas ao saber que mais uma pessoa está grávida (ou teve um filho) e não é ela. Por outro lado, cada vez que eu ouvia (lia) sobre alguém que havia tentado engravidar por muito tempo e conseguia, eu pensava: um dia posso ser eu. E acho que essa esperança conta mais. Por isso, sua coluna foi muito importante durante esse período. É bom saber que não se está sozinha, que existem pessoas que podem entender o que você está passando, pois elas mesmas têm histórias parecidas. E é bom saber que para muitos casos existe solução, ainda que demore.

Meu caso é semelhante a muitos outros que li. Tinha quase 35 anos quando decidi engravidar e um medo enorme de que o tempo estivesse contra mim. Fiz vários exames (todos normais, exceto os do meu marido) e mais de um ano de terapia. O que posso dizer é: não desanimem, mantenham a paz de espírito, por mais difícil que isso possa parecer, quando seu bebê chegar ele vai precisar de toda sua tranquilidade. E acima de tudo, mantenham a mente aberta a outras opções. Decidimos que se nada funcionasse, adotaríamos uma criança (e ainda pensamos em adoção). Eu entendo que para muitas pessoas poder gerar um filho não tem preço (e realmente não tem), mas para mim, a certeza de que seria mãe de uma forma ou de outra e que alguém iria receber todo esse amor acumulado me dava muito mais ânimo e tranquilidade para continuar tentando.

Beijo a todas e muito boa sorte

Katia

Resposta de Cláudia Collucci:

Kátia, obrigada pela mensagem. É ótimo esse tipo de depoimento como o seu porque, estou certa, dá esperança às mulheres que estão na luta. Muitíssimas felicidades para você e sua filhinha.

Beijos

Cláudia Collucci




OVÁRIO

Cláudia,

Parabéns pela sua coluna, muito útil e esclarecedora. Mas, ao ler uma resposta sobre a retirada de um ovário, exatamente o meu caso, a Dra. Cláudia Gazzo colocou que "fazemos de rotina uma pesquisa da reserva ovariana". O que seria isso?

Retirei o ovário direito pelo fato de estar com cisto dermóide aos 18 anos (o volume do ovário chegou a 300 cm3) e hoje, após dois anos de tentativa, não consigo engravidar. No ovário esquerdo há um perfil de SOP, meu ciclo menstrual é de 45 dias sem o uso de Diane. Já tomei injeções de Gonal 75mmg, ovulo perto do 25º dia do clico, mas não engravido.

No momento estou aguardando um melhor momento econômico para reiniciar o tratamento de FIV, mas ao ler tantas informações fiquei na dúvida se deveria realizar outros exames. Já fiz o exame das trompas e meu marido espermograma. Deu tudo normal. Aguardo retorno.

Ja

Resposta de Cláudia Collucci:

Oi, essa pesquisa se dá basicamente por meio desse exames:

- hormônios: a dosagem de FSH plasmático, entre o primeiro e quinto dias do ciclo (preferentemente no terceiro). Quanto mais alto esse valor, menor a reserva ovariana, uma vez que a existência de poucos folículos é compatível com baixas quantidades de substâncias inibidoras do FSH (inibina e estradiol).

- ultra-sonografia: a observação dos ovários no período de recrutamento, por meio da ultra-sonografia transvaginal, mostra o número de folículos pequenos (menores que 10 mm) presentes no parênquima ovariano. Quanto maior esse número, maior a reserva ovariana. O exame pode ser executado entre o terceiro e quinto dias do ciclo. A presença, na ultra-sonografia, de pelo menos um folículo com diâmetro maior que 10 mm no oitavo ou nono dia do ciclo, é em geral indicativa da ocorrência da seleção. Esse folículo, na maioria das vezes, é o dominante, e seguirá crescendo até atingir o diâmetro pré-ovulatório (mais de 18 mm). A ultra-sonografia também permite a medida da espessura e do aspecto do endométrio que, no início da seleção, apresenta aproximadamente 5 mm de espessura, e um aspecto de triplo-halo.

Abraços,

Cláudia Collucci




GRAVIDEZ TARDIA

Oi Claudia,

meu nome é Lula Barbosa. Sou cantor e compositor. Pois bem, eu e minha mulher Eni estamos tentando um filho há cerca de 3 anos, dos 5 que estamos juntos. Ela hoje tem 45 anos e nunca engravidou. O único problema nosso é a idade, pois ela tem tudo perfeito, mas tem a ovulação preguiçosa. Já tomou medicamentos durante uns dois anos e nada. Gastamos o pouco que tínhamos, e agora acho que a única saída para nós dois é a fertilização in-vitro, mas é muito caro. O que você nos aconselharia fazer? Será que ainda podemos sonhar?

Obs: Eu fiz o exame de espermograma e tudo bem. Segundo a médica, eu poderia até ser doador se quisesse. Fico aguardando sua orientação e obrigado desde já

Lula Barbosa

Resposta de Cláudia Collucci:

Olha Lula, aos 45 anos, os médicos só aconselham uma Fertilização in Vitro se for com óvulos doados, porque as chances de dar certo são maiores. Nessa idade, infelizmente, nós mulheres somos más respondedoras, como dizem os médicos. Isso quer dizer que, mesmo com os indutores de ovulação, não há formação de muitos folículos, e os poucos que se formam não chegam a amadurecer.

Exceções, é claro, acontecem, mas são exceções. Há um outro agravante também. Nos hospitais públicos, Pérola Byngton e HC, só se aceita mulheres até 38 anos. A opção de vocês são mesmo as clínicas particulares.

Na Faculdade de Medicina do ABC eles estão com um projeto de fertilização in vitro mais barato e, se não me engano, não limitam idade. Dêem uma tentada lá. Boa sorte prá vocês.

Abraços,

Cláudia Collucci




MÁ RESPOSTA À ESTIMULAÇÃO

Oi Claudia,

Já nos falamos antes. Te contei a minha historia de vida com dificuldades de engravidar devido a baixa fertilidade detectada em exames de meu marido por problemas na cauda do espermatozóide. Devo lembrar que ele já teve uma gravidez e a primeira esposa faleceu em acidente quando gravida.

Eu fiz inúmeros exames e nada de errado foi detectado, mas meu médico suspeita que ovulo mês sim e mês não por eu ter um ciclo menor de 24 dias e outro maior de 28 dias. Eu nunca engravidei e sempre achei que teria dificuldades de engravidar...

Nós estamos agora fazendo o tratamento para a FIV. Venho fazendo a estimulação com Pergonal75- 2 ampolas e gonal 150 já por 11 dias, completos hoje.

Minha ultra-sonografia de hoje foi triste, ao menos para mim, pois a médica informou que tenho cerca de 7-8 folículos e apenas 1 com 11 mm, os outros com cerca de 5-6mm. O médico responsável resolveu induzir por mais dois dias e assim voltar ao ultra-som na quinta. Como sou bióloga e trabalho exatamente com biologia celular, células tronco, congelamento celular e transplantes celulares, sei bem o problema que tenho. Percebo que tenho uma baixa resposta e sei que talvez meus óvulos não sejam bons geradores de embrião. Estou muito desanimada devido ao custo $ e a custo de minhas forças pessoais. Estou muito triste.

Entretanto, gostaria de saber se ainda seria possível utilizar esse ciclo ou se o perderei, devido ao baixo crescimento do folículo. Também queria saber se esta resposta que tenho [é uma resposta pontual ou a minha tendência geral e ter uma baixa resposta ao estimulantes]. Você sabe se outras empresas farmacêuticas são melhores que a Serono? O Pergonal, Gonal e Lupron e Profasi são só mais usados?

Enfim, o que você sugere?

Obrigada pela atenção mais uma vez.

Sylvia

Resposta da dra Cláudia Gazzo:

Querida Silvya,

Antes de iniciar algumas explicações que você solicita, percebo o quanto está sofrendo pela maneira como se expressa. Não sei o quanto representa o que vou dizer, mas saiba que nós médicos também compartilhamos os mesmos sentimentos de nossas pacientes, pois torcemos pela felicidade delas.

Infelizmente em seu caso, não posso dizer que depois de 11 dias de estímulo ovariano, sua resposta é praticamente nula. Não seria incorreto cancelar esse ciclo de indução para FIV. Você está usando doses de gonadotrofonas (indutores de ovulação) relativamente altas, que é habitualmente usado em mulheres com mais de 35 anos.

Responder sua questão sobre resposta pontual não é fácil. Gostaria de fazer uma explanação conceitual sobre o que significa ser uma 'má respondedora', que talvez possa ajudar.

Embora não exista consenso, má respondedora é a paciente que, submetida ao hiperestímulo ovariano responde com menos de 3 folículos ovarianos (na verdade, três óvulos aspirados) e/ou níveis de estradiol menores que 500 pg/ml.

Podemos identificar três tipos de más respondedoras: 1) com reserva ovariana reduzida: pacientes com idade avançada e perfil hormonal compatível ( FSH maior que 12mUI/ml ou 15mUI/ml, segundo diferentes autores), 2) com falência ovariana prematura: pacientes jovens com FSH maior ou igual a 25 mUI/ml, 3) com ovários resistentes: pacientes jovens com perfil hormonal normal. Atualmente leva-se muito em consideração o número de pequenos folículos existentes no momento do primeiro ultra-som, antes de iniciar a indução da ovulação, como fator prognóstico da resposta ovariana. Quanto menor o número, pior será a resposta.

Com base no fato de não estar apresentando a resposta esperada com o esquema clássico de indução de ovulação para FIV, isto, por si só já serve de teste e, a partir dai, outros esquemas poderão ser utilizados com maior chance de sucesso. Em outra ocasião, poderei falar com mais detalhes a respeito desses outros esquemas.

Gostaria de informar que obtivemos gravidez com a obtenção de apenas um óvulo aspirado. Portanto, não desanime.

Quanto a sua pergunta referente a outras empresas além da Serono, obviamente existem diversas outras, cada qual com seu preço e qualidade. O esquema de indução que foi indicado para você é um dos mais indicados por nós. Cabe ressaltar que o Lupron não é da Serono.

Abraço e tudo de bom.

Cláudia Gazzo




MEDICAMENTOS

Querida Cláudia,

Tenho 26 anos, sou advogada especialista em Leitura Dinâmica e Memorização. Sou casada e tenho o sonho de ser mãe. Nunca usei nenhum tipo de anticoncepcional e nunca engravidei. Estou casada há 8 meses, porém namorei meu marido quase sete anos e nada aconteceu. Minha cabeça se perdeu completamente e cheguei ao ponto de sentir que estava fazendo um esforço físico para manter a sanidade, pois a possibilidade de não ter filhos para mim é simplesmente inaceitável.

Fiz muitos exames, e como já é sabido por todos que fazem exames para descobrir o porque da infertilidade, senti muita dor pois os exames são horríveis.

Graças a Deus, depois de passar por inúmeros médicos conheci o Dr. João Bosco, sócio do Hospital Brasil em Santo André, e ele descobriu que tenho queda no hormônio que amadurece o óvulo, ou seja, na fase lútea, meu óvulo não se rompe e acaba sendo luteinisado por meu organismo --em tese, não tenho ovulação.

Vale ressaltar que meu médico descobriu esse problema através de exames de controle hormonal via hemograma, e que disse que os exames que fiz anteriormente além de estarem obsoletos eram desnecessários - sofri à toa.

Meu marido também descobriu um pequeno problema, varicocele. Em virtude disso, a mobilidade de seus espermas era comprometida.

Foi indicado ao meu marido vitaminas e antibióticos, e estamos esperando o resultado de seu último espermograma pois, caso a medicação tenha feito efeito aumentando a mobilidade de seus espermas, meu médico entrará com medicação para estimular minha ovulação sem que meu marido tenha que operar.

Quero ressaltar também que meu marido está sendo assistido pelo Dr. Jorge Halak. Bem, aí entra minha dúvida. Gostaria de saber quais os remédios usualmente indicados pelos médicos para estimular a ovulação. Bem como quais são os efeitos colaterais e, principalmente, quero saber qual é o tempo em que esses medicamentos normalmente fazem efeito.

Sou super ansiosa, embora a indicação de meu médico à uma psicóloga tenha ajudado muito. Porém, minha ansiedade faz com que eu leia, pesquise e assista tudo o que diz respeito à fertilidade. Por isso, já estou me antecipando em saber sobre os possíveis medicamentos, até mesmo para me preparar psicologicamente.

Sua coluna é maravilhosa e possibilita mulheres à beira de um ataque de nervos, como eu, perceber que não é a única a ter problemas, o que nos ajuda a enfrentar a situação.

A propósito, estou escrevendo um livro sobre todo o inferno que vivi decorrente da dúvida quanto a poder ou não engravidar, e esse livro visa trazer conforto àquelas que passam ou passaram pelo mesmo que eu, mostrando que não estão sozinhas e que há sempre uma solução.

Um beijão pra você.

Daniela

Resposta da dra. Cláudia Gazzo:

Prezada Daniela,

respondendo a sua pergunta no que diz respeito aos medicamentos utilizados para indução da ovulação, vai aqui uma breve explanação, já que cada caso é um em particular e não sei qual será a técnica indicada para vocês, além do que, esse assunto é muito vasto e complexo.

Os medicamentos podem ser usados para induzir a ovulação em uma mulher que não ovula (anovulatórias), nas que ovulam infrequentemente (oligoovulatórias), para corrigir problemas pós - ovulatórios (deficiência de progesterona, por exemplo), ou para induzir a ovulação em mulheres que irão ser submetidas a fertilização in vitro, seja por infertilidade masculina , feminina ou sem causa aparente.

As medicações mais frequentemente prescritas são o Citrato de clomifeno ( Serofene, Clomid), a gonadotrofina (hormônio produzido na hipófise - glândula situada no cérebro - que atua na seleção e recrutamento folicular) de mulheres menopausadas (Pergonal, Menopur), gonadotrofina altamente purificada (Fostimon - FSH altamente purificado), FSH recombinante- feito por engenharia genética (Gonal-F, Puregon) e o LH recombinante (Ovidrel). Existem outras drogas usadas em situações especiais como a bromoergocriptina (Parlodel, Bagren), carbegolina (Dostinex), agonistas e antagonistas do GnRH (Lupron Kit e Cetrotide respectivamente) e corticosteróides.

O Citrato de clomifeno apresenta-se na forma de comprimidos e na maioria das vezes é utilizado em mulheres com atrasos menstruais. Pode ser administrado isoladamente ou associado às gonadotrofinas. Seu uso tende a levar à queda dos níveis de estradiol (hipoestrogenismo) alterando a qualidade e quantidade do muco do colo do útero impedindo que ocorra uma gravidez. Uma mulher usando clomifeno tem 8% de chance de engravidar de gêmeos. Cistos ovarianos, ondas de calor, depressão, dor mamária, dor de cabeça são alguns efeitos colaterais encontrados quando utilizado em altas doses. Na indução da ovulação, costuma ser prescrito no máximo por 3 ciclos menstruais; não ocorrendo gravidez, o uso de gonadotrofinas estaria indicado.

O tratamento com as gonadotrofinas necessita de uma série de injeções e de monitorização mais intensa com ultra-som e dosagens hormonais para segurança das pacientes. Apesar da monitorização rigorosa, gravidez múltipla ocorre em cerca de 20%, destas, dois terços são gemelares e um terço, trigemelares. Efeitos colaterais com esse tratamento incluem dor mamária, inchaço ou vermelhidão no local da injeção, distensão abdominal, alteração do humor e aumento do desejo sexual. O efeito colateral mais sério é síndrome da hiperestimulação ovariana, onde os ovários tornam-se muito grandes , podem causar muita dor, ou em casos mais sérios, acumular líquido no abdômen (ascite) e no tórax (hidrotórax).

Apesar do aparente quadro negro da indução da ovulação, o sucesso do tratamento depende da experiência do profissional, da avaliação precisa de cada caso para a seleção mais apropriada dos esquemas de indução e monitorização rigorosa do ciclo induzido. Isso faz com que tenhamos uma queda importante dos riscos do tratamento.

Quanto ao tempo que um tratamento leva, depende de qual protocolo estará indicado e como vai ser a resposta de cada paciente. Em geral, um mês é a média.

Abraços

Cláudia Gazzo




RESERVA OVARIANA

Claúdia, parabéns pela sua coluna!

Gosto muito de ler a sua coluna pois sou mais uma a espera da tão sonhada gravidez. Vou resumir a minha história:

Descobri que tinha endometriose em 1999, fiz o tratamento fiquei 6 meses sem menstruar, ao terminar o tratamento no meu segundo ciclo engravidei e com 10 semanas tive um aborto retido, passei por uma curetagem e não engravidei mais.

Neste período troquei de medico, uma especialista em reprodução humana, fiz vários coitos programados e nada, neste período fiz tratamento de hipertiroidismo achando que poderia ser uma das causas mas também sem sucesso.

Em agosto de 2002 fizemos uma inseminação, meu organismo responde bem aos medicamentos, mas o espermograma do meu marido acusou contagem baixa de espermatozóides mais uma vez não deu certo.

Planejamos fazer uma fertilização no mês abril 2003, mas por motivos financeiros adiamos.

Na sua coluna, fiquei sabendo da importância do exame estradiol e FSH, para saber como está a reserva ovariana da mulher, fiz por conta própria, pois a minha ginecologista não chegou a solicitar o exame, o resultado :
Estradiol 13,7 pg/ml - FSH 6,1 mIU/ml, fiz o exame no terceiro dia da menstruação.

Por favor, me responda se esse resultado é satisfatório pois tenho 34 anos.

Obrigada

Roseli

Resposta da dra. Cláudia Gazzo:

Cara Roseli,

Os resultados de seus exames são satisfatórios, pois mostram uma boa reserva ovariana.

Não seriam se apresentasse FSH maior ou igual a 12 - 15 mIU/ml ou FSH normal e níveis de estradiol maior que 50-60 pg/ml. Neste caso, deveria fazer o teste do clomifeno para avaliação dinâmica da reserva ovariana, que não é o seu caso.

Abraços.

Cláudia Gazzo.




EMBOLIZAÇÃO

Gostaria de saber se o tratamento para miomas, ou seja, a embolização, é um método novo pois desde que surgiram miomas em meu útero nenhum dos profissionais me orientou para isso. Talvez só se faça isso nos grandes centros. Acredito que não se faça por nenhum convênio. Pergunto isso p/q não gostaria de fazer a retirada do útero. Será possível evitar quando o mioma já se encontra com um volume bastante grande, ou neste caso somente cirurgia?

Ana Amélia Marques

Resposta da dra. Cláudia Gazzo:

Prezada Ana

A embolização arterial para miomas uterino é uma técnica alternativa para tratamento conservador do útero e que vem sendo oferecido desde 1994 na França, Estados Unidos, Inglaterra, Irlanda, Suíça e Austrália. No Brasil, cerca de 2-3 anos é que essa técnica vem sendo oferecida mais consistentemente. Há alguns centros que fazem esse procedimento em São Paulo como Hospital das Clínicas, Hospital Santa Catarina e Hospital Sírio Libanês.

Porém, essa técnica ainda está em aprimoramento no mundo todo e os resultados podem ser imprevisíveis. Não é isenta de risco.

Recentemente um trabalho canadense foi publicado mostrando que logo após o procedimento todas as pacientes apresentam algum grau de febre, dor pélvica devido à isquemia (falta de sangue) nos miomas, náuseas, e síndrome pós embolização - tremores como se a pessoa tivesse malária; parturição ou perdas de partes de mioma via vaginal também é comum de acontecer.

Infelizmente, às vezes, a embolização estende-se além do alvo desejado e pode comprometer o endométrio (camada de glândulas que reveste a cavidade uterina), portanto ainda não é um método seguro para ser empregado em mulheres que desejam ter filhos. Também a bexiga, reto e outras partes do útero foram acometidos, segundo aquele trabalho e dois por cento de um total de 550 pacientes tiveram que ter seus úteros extraídos após a embolização devido dor, infecção de difícil controle, persistência de sangramento e prolapso do mioma (cai aparecendo na vagina). Dois por cento é considerada uma taxa de complicação baixa.

Como tudo em medicina, cada caso deve ser avaliado individualmente, considerando-se a idade da paciente, tamanho e localização dos miomas, cirurgias abdominais anteriores, sintomas, vontade de preservar a fertilidade etc.

Em relação à parte cirúrgica, existem cirurgias também chamadas conservadoras, pois preservam o útero. Trata-se principalmente da miomectomia que consiste na retirada apenas dos miomas e o acesso é feito através de um corte no abdome como uma cesárea. É uma das cirurgias mais indicadas para quem deseja preservar o futuro reprodutivo.

Abraços.

Cláudia Gazzo




CLOMID

Meu médico receitou Clomid para induzir a ovulação. Li a bula e percebi que causa o aumento de peso? Qual a relação entre o aumento de peso e o medicamento?

Resposta da dra. Ana Carolina Japur de Sá Rosa e Silva

O citrato de clomifeno, assim como todo medicamento hormonal, pode provocar aumento de peso (da ordem de 2kg ou 3Kg) devido à retenção de líquidos que pode produzir. Logo que a medicação é suspensa os líquidos retidos são eliminados. O restante do peso adquirido após o início do uso de hormônios pode ocorrer devido ao aumento do apetite por eles provocado, mas isso só depende do auto-controle da paciente

Ana Carolina Japur de Sá Rosa eSilva
Médica do Serviço de Reprodução Humana do HC de Ribeirão Preto




DEFICIÊNCIA HORMONAL

Olá,

Tenho 32 anos e há 10 anos descobri que possuo uma deficiência hormonal e ovários em fita e de tamanho reduzido que não produzem a quantidade de estrogeno que preciso para minha idade. Por isso, faço reposição hormonal desde então. Como consequência desse problema, apresento perda de massa óssea crescente, mesmo repondo o hormônio necessário, tomando cálcio todos os dias e fazendo atividade física. Mesmo sabendo que estou sendo acompanhada por uma médica muito bem conceituada, me preocupo com a perda de massa óssea e com a dificuldade de manter meu nível de estradiol em algo dentro do normal ou pelo menos constante, pois mesmo usando a mesma dosagem (0,625 mg) ao longo destes anos, a dosagem oscila muito e com variações estúpidas ( 30 mg ou 1187 mg).

Peço a gentileza de indicar-me, se possível, matéria, sites ou reportagens para que eu possa me informar melhor a respeito da minha deficiência.

Elaine Ribeiro (Salvador)

Resposta de Cláudia Collucci:

Cara Elaine,

Você não mencionou no seu e-mail mas, para que a resposta seja a mais correta possível, é preciso saber se você tem a chamada Síndrome de Turner, doença que causam a chamada disgenesia gonadal, isto é, cujos ovários são atrofiados e desprovidos de folículos. Nesses casos, é preciso investigar se os seus ovários produzem realmente folículos.

Abraços,

Cláudia Collucci




GRAVIDEZ QUE NÃO VEM

Cara Cláudia,

Tenho 26 anos e meu marido também. Estamos casados há quatro anos e tomo anticoncepcional desde que casei, sendo que tomava anticoncepcional durante seis meses e descansava três meses, pois sempre achei que deveria ser assim. O anticoncepcional que tomava era um dos de baixa dosagem de hormônio que é o FEMINA. Há seis meses parei de fazer uso desse anticoncepcional, pois decidimos ter um filho e, desde então, não consigo engravidar. Procurei minha ginecologista e ela me pediu para fazer uns exames, tais como:

- Exames de sangue para verificar taxas hormonais: padrões normais
- Citologia e colposcopia: padrões dentro dos normais
- Espermograma do meu marido: padrões dentro dos normais
- Ressonância magnética para estudar a conformação de meus órgãos: padrões dentro dos normais
- Vários ultra-sons como mamaria, e Transvaginal e dentro dos padrões normais esta tudo normal.
- Ecco Dopler de meu marido: padrões dentro dos normais

Só que infelizmente ainda não obtive sucesso. Recentemente voltei ao consultório e pedi ajuda. Ela me receitou o Profasi 5000. Já tomei, mas gostaria de obter mais informações desse medicamento. Será que pode me ajudar?

Não compreendo se está tudo normal comigo e com meu marido, porque não consigo engravidar. Estamos ficando desesperados, angustiados por não compreender porque algumas mulheres conseguem engravidar com tanta facilidade e eu, com apenas 26 anos de idade, com tudo dentro dos padrões normal, não consigo engravidar com a urgência que desejamos. Espero ansiosamente pela resposta de vocês.

Um abraço.

Atenciosamente

Ana e Fábio.

Resposta de Cláudia Collucci:

Ana, até um ano de tentativas é considerado normal pelos médicos. Um casal fértil só tem 18% de chances reais de gravidez por mês. Mas, pelo o que você me relata, faltou um exame fundamental nesta tua investigação: a histerossalpingografia, um exame meio chato de fazer porque é preciso injetar um contraste que vai percorrer todo colo uterino e as trompas à procura de possíveis obstruções. Pela sua idade, os médicos aconselham que esperem pelo menos um ano até fazer a investigação completa. Mas se a angústia já está desse tamanho, não custa completar a investigação, né?

Abraços,

Cláudia Collucci




HISTÓRIA DA INFERTILIDADE

Olá, meu nome é Luciana Knop. Estou começando meu mestrado em História da Ciência. Vou trabalhar com História da Infertilidade - O impacto da mídia no contexto da reprodução humana.

Gostaria que você me enviasse alguma dica nesta área, o que posso pesquisar, o que posso ler?

Sem mais para o momento.

Atenciosamente!

Luciana

Resposta de Cláudia Collucci:

Luciana, esse é um assunto muito abrangente e difícil para eu te indicar alguma coisa assim de bate pronto. Você já conhece as colunas anteriores? Acho que seria interessante dar uma olhada e, a partir daí, marcarmos uma conversa. Tenho dois livros editados sobre isso.

Também fiz história da ciência (PUC) e trabalhei com as experiências com fertilização do abade Lazzaro Spallanzani, no séc. 18.

Abraços,

Cláudia Collucci




ESPERMOGRAMA

Cláudia, estou com dúvidas sobre o resultado do espermograma do meu marido e ficaria muito grata se me esclarecessem se está dentro da normalidade. Os dados são os seguintes:

aspecto: heterogêno
liquefação: presente
liquefação: 10 min.
viscosidade: normal
cor: branco opaco
odor: sui generis
pH: 8,0
volume: 2,5 ml
conc. esperma: 156, 7 X 10 (elevado a 6)/ml
conc. total esperma: 391,75 X 10 (elevado a 6)/ml
A= progressiva rápida: 10%
B= lenta/não linear: 36%
C= não progressiva: 4%
D= imóveis: 50%
Vitalidade: 54%
formas anomais: 81%
formas normais: 19% (critério de Kruger)

Muito obrigada. Luciana

Resposta do andrologista Rodrigo Pagani:

Esta amostra está normal. É bastante incomum encontrarmos homens com 19% de morfologia estrita, o que leva a duas proposições: ou este sêmen é bom ou o examinador é ruim.




RELATO SOBRE A HISTEROSSALPINGOGRAFIA

Na véspera de realizar uma histerosalpingografia, eu entrei no seu site pra ler os depoimentos da mulheres (em sua maioria angustiadíssimas com o exame) e consegui coragem para realizá-los.

Enquanto lia os textos, prometi para mim mesma que, caso eu não sofresse (muito) durante os exame, voltaria ao seu site para relatar a experiência positiva e, assim, engrossar o coro das poucas mulheres que não tiveram do que reclamar.

Claro que esqueci de voltar, mas reconheço que tenho obrigação de dizer que onde fiz o exame fui tratada como rainha e que, milagrosamente, não senti sequer a cólica durante o raio-x ou depois do exame.

Fiquei de repouso só por precaução. De tanta lenda, estava muito nervosa e fiz o exame chorando quietinha enquanto o meu marido segurava a minha mão.

O exame foi realizado no laboratório que sempre utilizo: Fleury da Cincinatto Braga, em São Paulo.

Anna

Resposta de Cláudia Collucci:

Anna,
Eu também realizei a "histero" neste mesmo laboratório. Claro que é bem incômodo, mas nada insuportável.

Beijos

Cláudia




CURSOS

Claudia!

Antes de mais nada, aproveito para te parabenizar pelo lançamento do seu livro. Como moro longe não poderei participar.

Gostaria também de reforçar meu pedido de alguma dica sobre algum curso na área da infertilidade para psicóloga que porventura tenha conhecimento. Não sei se está lembrada de mim, sou de Caxias e tenho uma Clínica para Gestantes e Casais Grávidos e com dificuldades de Fertilização.

Temos uma parceria com uma clínica de Fertilização, a Conception (composta por dois médicos). Os cursos que conheço são todos na área médica. Se souber de algum peço a gentileza que me avise.

Gostaria de saber também, se você não ministra cursos nesta área, pois sou leitora assídua de sua coluna e de seus livros. Adoraria trocar uma idéia pessoalmente, mesmo que para isso, tenha que viajar para sua cidade.

Um abraço.

Virginia Toni Felippetti
Psicóloga - Terapeuta de Família e Casal e Sexóloga

PARTICIPE COM OUTROS INTERNAUTAS DO FÓRUM DE INFERTILIDADE
Cláudia Collucci, repórter da Folha de S. Paulo, é mestre em História da Ciência pela PUC-SP e autora dos livros "Por que a gravidez não vem?", da editora Atheneu, e "Quero ser Mãe", da editora Palavra Mágica. Escreve quinzenalmente na Folha Online.

E-mail: claudiacollucci@uol.com.br

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