Colunas

Quero Ser Mãe

11/09/2003

Espaço do leitor - Parte 1

COMENTÁRIOS

Na sua coluna sobre o "mundo real x o maravilhoso mundo da reprodução" você abordou com coragem, seriedade e responsabilidade a diferença entre o que se oferece às mulheres e o que realmente existe. O mercantilismo infelizmente está enraizado em algumas práticas médicas. As "maravilhosas fábricas de bebês", como já ouvi de alguns colegas, é uma demonstração clara da maneira mercantilista como esses profissionais encaram a maravilhosa arte da reprodução humana.

Todos nós envolvidos com a reprodução assistida gostaríamos de ter uma terapia que oferecesse 100% de sucesso, o que infelizmente não existe. A convivência, tanto do paciente como do profissional da área, nos resultados negativos exige um preparo psicológico para lidar com as perdas. Perdas essas que as mulheres desejosas de ter filhos encaram todos os meses com a menstruação e o filho perdido. Agir de má fé e prometer o impossível só alimenta ainda mais um provável sentimento de culpa pelo fracasso.

Graças a pessoas como você é que essas distorções são conhecidas e criticadas.

Parabéns

Marcos Moura

Resposta de Cláudia Collucci

Obrigada pelo retorno Marcos. Seria muito bom que pelo menos uma pequena parte dos seus companheiros médicos pensassem dessa maneira.

Abraços,

Cláudia Collucci


PERDA

Cara Cláudia,

Infelizmente, após 14 semanas de uma gravidez super feliz, um ultra-som revelou que nosso filho não teria chances de sobreviver (higroma colli). No mesmo dia entrei em trabalho de parto e nosso filhinho nasceu no dia 20 de agosto às 13h15, perfeitinho.

Passei por diversas "fases" (surpresa com o recebimento da noticia, alívio depois do parto, tristeza pela perda....) mas agora me encontro na fase do inconformismo.
Após dois anos de tentativas e tratamentos, não me conformo com a perda do meu filho. Por que eu?

Ainda bem que aqui na Bélgica teremos a oportunidade de enterrar nosso filhinho, assim que ele for liberado.

Talvez um dia a dor passe, mas esquecer, jamais...

Alexandra


Resposta de Cláudia Collucci

Alexandra, querida, que coisa triste! Nem faço idéia do que você esteja sentindo. Só posso desejar que consiga superar essa imensa dor. Coragem, força e confiança de que dias melhores virão.

Beijos

Cláudia Collucci


INFERTILIDADE MASCULINA

Gostaria de saber se o tratamento alternativo a base de progesterona natural e isoflavona aumenta a produção espermática. Ou que tipo de remédio alternativo poderia aumentar essa produção espermática.

Resposta de Cláudia Collucci

Não há comprovação científica de nenhum tratamento, natural ou alopático, que melhore a qualidade espermática. A única pesquisa nesses sentido foi feita pela Unifesp (Escola Paulista de Medicina) com acupuntura. Em um primeiro momento, o tratamento apresentou melhora do sêmen, mas é preciso novos estudos para saber se a melhoria foi mantida.

Abraços,

Cláudia Collucci


SINTOMAS DA IMPLANTAÇÃO

Claudia,

Mais umas dúvidas (já tive tantas, obrigada pela paciência)... Depois de ter implantado os embriões em uma FIV, qual o tempo aproximado para eles "grudarem" no útero, ou seja, fixarem para se transformarem em bebês?

Tem algum sintoma que acontece nesses 15 dias de espera para o beta que possa diagnosticar um possível insucesso?

Desculpe a insistência, mas estou tão ansiosa (implantei dois embriões há quatro dias).

Sonia

Resposta de Cláudia Collucci

Sônia, não há sintomas e tampouco sabe-se o tempo que leva para eles "grudarem no útero". Por isso é que essa fase é tão angustiante. Segundo os médicos, não há qualquer sinal que possa sugerir que houve gravidez nesse período.

Abraços,

Cláudia Collucci


PERÍODO FÉRTIL

Sra. Collucci gostaria que me ajudasse em saber qual seria o meu período fértil através da colocação de termômetro na boca. Eu acho que esse método é o mais confiável. Por favor, me ajude.

Obrigada,

Fátima.

Resposta de Cláudia Collucci

Fátima, você está enganada. Esse método não é nada confiável. A curva de temperatura basal é uma técnica muito insegura para o diagnóstico de ovulação. Ela pode variar muito devido a alterações independentes da ovulação, como menstruação, viroses, inflamações em qualquer parte do corpo e atividade física, entre outros.

Ainda, a temperatura deve ser medida após um repouso absoluto de pelo menos quatro horas e antes de levantar da cama. Se a mulher levantar antes para ir ao banheiro, por exemplo, a medição já estará comprometida. A curva se baseia no aumento dessa temperatura corporal em pelo menos 0,2ºC por três dias consecutivos, tomando como base as temperaturas diárias do início do ciclo menstrual. Os dias de aumento da temperatura refletiriam o período ovulatório e fértil da mulher.

Na prática, porém, é difícil diagnosticar uma mudança de temperatura basal com termômetros clínicos comuns, até porque nem sempre nos períodos ovulatórios ocorre aumento de temperatura. Além disso, a curva é muito difícil de interpretar. Se a mesma curva for mostrada a diferentes profissionais da área, eles certamente terão diferentes opiniões.


NOVA DROGA

Claudia, por favor se você puder, mande-me mais detalhes do hormônio novo sobre o qual você falou na reportagem. Se já está à venda, onde encontrar e o telefone da clínica no Rio de Janeiro onde os profissionais a estão testando. Ficarei muito grata se você puder me ajudar, pois não tenho condições financeiras para um tratamento caro.

Resposta de Cláudia Collucci

Oi Patrícia, o novo medicamento se chama Luverisö e é fabricado pelo Serono. A maioria das clínicas já está usando esse remédio, que, na realidade, é bem mais caro do que os atualmente utilizados, porém, com melhor eficácia. Essa clínica do Rio se chama Huntington.

Abraços e boa sorte para vocês

Cláudia Collucci


FUNDAÇÃO ABC

Olá, Claudia

Gostaria de saber por que a FIV na Faculdade de Medicina do ABC é mais barata que nas clínicas particulares? As chances de gravidez são menores do que nas clínicas particulares, conforme você escreveu em sua coluna da Folha Online, sendo que nesta faculdade temos os melhores médicos, inclusive PHds em reprodução humana? Gostaria de entender qual é a diferença, sendo que os procedimentos são os mesmos. Então por que as chances em clínicas particulares são maiores?

Grata

Paula.

Resposta de Cláudia Collucci

Paula, a informação é da própria Fundação do ABC. Pelo que sei, o problema não é a equipe de profissionais que, como você disse, é bem qualificada. A grande questão é a medicação utilizada (mais barata, porém, menos eficaz) e os insumos usados (por exemplo, um meio de cultura onde ficam os embriões pode ser "repartido" com outras FIVs, o catéter usado pode não ser o importado etc). Enfim, o melhor seria você se informar diretamente no hospital.

Abraços,

Cláudia Collucci


BIOPSIA

Oi, Claudia, gostaria de saber se o homem que se submete a uma biópsia dos testículos para analisar os espermatózoides corre algum risco? É verdade que pode deixar o homem impotente? Só na net para fazer essas perguntas, né?

Abrações

Resposta de Cláudia Collucci

Olá, não há risco algum, muito menos de impotência.

Abraços,

Cláudia Collucci


ÚTERO BICORNO E ENDOMETRIOSE

Cláudia, será que você poderia me ajudar?

Meu nome é Cristina, tenho 30 anos. Tenho útero bicorno e endometriose controlada. Há duas semanas fiz a inseminação em vitro e não deu certo. Ocorreu tudo bem com a ovulação. Foram colocados 3 embriões, porém não deu certo. Tenho mais 4 embriões que foram congelados e que irei introduzi-los em outubro. Você conhece alguém que tenha os mesmos problemas que eu e que conseguiu engravidar e levar a gravidez até o final?

Obrigada.

Adriana

Resposta de Cláudia Collucci

Adriana, certamente há muitas outras mulheres com os mesmos problemas. As chances de gravidez por tentativa de Fertlização In Vitro não passam de 30%, por isso não desanime.

O ideal seria você entrar no fórum de discussão de infertilidade, cujo link está no final da minha coluna, e perguntar isso às leitoras. Não sei se você acompanha o fórum, mas o espaço se transformou em um verdadeiro canal de apoio e companheirismo entre as mulheres.

Abraços

Cláudia Collucci


INVESTIGANDO A INFERTILIDADE

Oi, Claudia! Mandei um e-mail esses dias e não obtive resposta. Meu nome é Silvana, tenho trinta anos e estou tentando uma gravidez há três anos. Tomei pílula por dez anos (16 aos 26). Meu ciclo é regular de 30 dias, mas depois que parei de tomar pílula a minha menstruação ficou escassa com duração de três dias. Gostaria de saber se tem alguma relação menstruação (pouco fluxo) com algum distúrbio hormonal que estaria impedindo uma gravidez.

Tenho alguns pêlos mais grossos na região abaixo do umbigo e depois que parei de tomar pílula apareceu muita acne na região das coxas. Fiz uma eco transvaginal e no laudo diz ovários compatível com ovários policísticos, mas a médica disse que deu normal. Os ovários policísticos poderiam ser diagnosticados em um exame de sangue?

E a fertilidade do homem? Só é pedido o espermograma? Não teria um outro exame que pudesse mostrar alguma dificuldade na sua fertilidade?

A mulher é submetida a vários exames e o homem? Mesmo que o diagnóstico do espermograma der ok, não se faz avaliação hormonal? Estando tudo ok no espermograma quer dizer que ele é fértil? Outra coisa: os espermogramas podem dar resultados diferentes, uma hora é fértil e outra não?

Desculpe por tantas perguntas, estou muita ansiosa e gostaria de participar deste espaço na internet para poder amenizar a minha angustia. Obrigada.


Resposta de Cláudia Collucci

Silvana, segue resposta da dra. Cláudia Gazzo. Como eu já havia comentado em e-mails anteriores, não temos equipe para responder em tempo real as dúvidas dos leitores. Por isso, reunimos todas e as publicamos --quando há autorização-- a cada 15 dias.

Abraços

Cláudia Collucci

Resposta da Dra. Cláudia Gazzo

Prezada Silvana

Infelizmente vocês se enquadram na definição de infertilidade conjugal e uma série de exames são solicitados para a investigação, a saber:

1) histerossalpingografia (RX das tubas uterinas) para avaliação da permeabilidade tubária, ou seja, constatar a presença ou não de tubas abertas e pérvias.

2) ultra-som transvaginal para excluir algum problema uterino, como miomas,etc.

3) dosagens hormonais (no sangue), se a paciente apresenta ciclos menstruais irregulares, tais como FSH, LH, estradiol, prolactina, TSH; além de S-DHEA, testosterona total, 17-OH-progesterona se tem sinais de hiperandrogenismo (aumento de pelos em regiões do corpo consideradas anormais, como queixo, braço, região sacral das costas, além de acne, pele oleosa e queda de cabelos).

4) histeroscopia (endoscopia do útero), para avaliação da cavidade uterina e do endométrio.

5) laparoscopia principalmente se a paciente apresenta cólicas menstruais progressivas, dor na profundidade vaginal às relações sexuais, antecedente de doença inflamatória pélvica, cirurgias abdominais prévias.

6) espermograma do marido, que em geral, é pedido antes de submeter uma paciente a procedimentos mais invasivos e dolorosos.

7) avaliação da reserva ovariana: dosagem de FSH e estradiol no segundo ou terceiro dia do ciclo menstrual, quando a paciente tem mais que trinta e cinco anos, ou seja portadora de apenas um ovário.

Se você acha que está apresentando acne, pele oleosa e aumento de pelos, porém mantendo ciclos menstruais regulares, mesmo com menor fluxo, seria indicado uma avaliação hormonal da glândula supra-renal.

O espermograma é um exame básico e fundamental. Raramente há necessidade de outros exames para avaliação do fator masculino. Quando realizado dentro dos critérios preconizados pela OMS, dificilmente apresenta grandes variações em seu resultado. Procurem fazer o exame em laboratórios especializados em reprodução humana e não em laboratórios gerais.

Abraços.

Cláudia Gazzo.


AUSÊNCIA DE BATIMENTOS CARDÍACOS

Oi, Claudia,

Venho a você com uma tristeza no peito, mas preciso de esclarecimentos. Fiz uma ultra-sonografia transvaginal hoje e o laudo foi que não conseguiu ouvir os batimentos cardíacos e a vesícula vitelina não foi visualizada. O que é vesícula vitelina? Isso quer dizer que o nenê não está vivo, é isso? O saco gestacional mede 43mm, o comprimento cabeça-nadega é de 43mm, "compatível com gestação de 9 semanas". Realmente não devo ter esperanças ou posso ainda ter esperança de que o aparelho não ouviu por outros motivos???

Aguardo ansiosa uma resposta sua

Grata

Mariana


Resposta da dra. Cláudia Gazzo

Cara Adriana

Vesícula vitelina é uma parte embrionária primitiva, que irá se desenvolver para fazer parte do abdômen do feto. É a primeira estrutura embrionária que pode ser identificada ao ultra-som transvaginal por volta da quinta semana de gestação.

Os critérios ultra-sonográficos para considerar-se uma gestação de mal prognóstico são: reação trofoblástica (penetração da placenta jovem no músculo uterino) menor que 2 mm, implantação baixa na cavidade uterina (o saco gestacional não está no situado no fundo do útero), bordos irregulares do saco gestacional, crescimento menor que 0,7mm/dia, ou saco gestacional grande demais ou pequeno para a fase da gestação.

Espera-se encontrar sinais de uma gestação normal, à ultra-sonografia transvaginal, quando o diâmetro médio do saco gestacional for maior que 11mm e se consegue ver a vesícula vitelina, ou quando o saco gestacional for maior que 18mm e se consegue ver o embrião.

Nos casos de dúvida, é sempre prudente repetir o exame no espaço de 7 a 10 dias para confirmação do diagnóstico.

Abraços.

Cláudia Gazzo.

PÓLIPO ENDOCERVICAL

Gostaria que vocês me informassem, o mais rápido possível, se procede: tenho um pólipo endocervical que está me causando sangramento, fico uma semana antes de menstruar sangrando. Fui ao ginecologista e ele me indicou uma curetagem. É este tipo de procedimento mesmo que se realiza neste caso??? Quanto tempo demora para se recuperar??

Por favor me informem pois estou pensando em FIV a partir de dezembro/03. Esta curetagem não irá me prejudicar??

Grata

Debby

Resposta da dra. Cláudia Gazzo

Prezada Debby

Vinte e cinco por cento dos pólipos endocervicais são acompanhados de pólipos endometriais (localizados dentro da cavidade uterina e podem servir como corpo estranho --tal como um DIU-- e interferir na implantação do embrião). Para que tenha um diagnóstico completo, e consequentemente, um tratamento apropriado, sugeriria que fizesse uma endoscopia do útero (histeroscopia diagnóstica) e se necessário, ou seja se realmente tiver um pólipo, o mesmo poderia ser retirado sob visão direta, através da histeroscopia cirúrgica.

A recuperação de uma cirurgia histeroscópica é rápida: alta hospitalar no mesmo dia, retorno ao trabalho no dia seguinte, retorno às atividades sexuais após vinte dias.

Atenciosamente.

Cláudia Gazzo.


GRAVIDEZ DO SEGUNDO FILHO

Oi meu nome é Mel

Tirei o DIU no dia 12/06/2003. O meu marido não sabe. Vou fazer uma surpresa porque ele é louco por crianças. Temos uma filha de 8 anos, ele sempre quis ter logo outro filho, mas eu não. Mas agora estou decidida, já que vou fazer 34 anos.

Fiz todos os exames, inclusive ultra-sonografia transvaginal. O médico que me examinou disse que achava que eu não iria ter problemas para engravidar, pois sinto um incômodo na ovulação.

Ele disse que isso é muito bom pois quem ovula, engravida com facilidade. Será? Tenho o ovário micropolícistico, fiz a tabela, mas não deu certo neste mês que passou. Será que vou ter dificuldades?

Na gravidez da minha filha eu engravidei e tomava anticoncepcional há 1 ano. Por favor, me ajude.

Resposta da dra. Cláudia Gazzo

Prezada Mel

Parece-me que você está sofrendo por antecipação. Por que essa angústia toda? Não seria mais conveniente contar a seu marido que retirou o DIU? Quem sabe ele não poderia confortá-la ao dar seu apoio?

Obviamente não se pode prever nada em Medicina, porém a probabilidade de uma mulher engravidar por mês, quando ovulatória, mantendo relações sexuais freqüentes ou no período fértil, gira em torno de 25%.

O cuidado que se deve ter, quando usuária de DIU, é fazer exames ginecológicos periódicos, pois o DIU, sendo um corpo estranho, aumenta muito a chance de levar à infecção nas tubas uterinas (salpingite), que pode, muitas vezes, ser assintomática. Isso ocorre, pois o DIU facilita a subida das bactérias pelo trato genital. Por esse motivo, recomenda-se que a usuária de DIU, também faça uso concomitante de camisinha. O casal deveria ser informado sobre este risco. Nos tratados médicos, nós encontramos, entre outras, a seguinte recomendação: o DIU está indicado para casais monogâmicos.

Portanto, em alguns casos, costumo pedir para minhas pacientes que foram usuárias de DIU por longa data e que desejam engravidar, uma histerossalpingografia (RX das tubas uterinas com contraste) para avaliar a permeabilidade tubária.

Em relação aos ovários policísticos, se você apresenta ciclos muito irregulares, deveria partir para um tratamento clínico com indutores da ovulação. Não creio que este seja seu caso, pois o DIU está contra-indicado como método contraceptivo em mulheres com ciclos irregulares. Isto é clássico.

Abraços.

Cláudia Gazzo.


ENDOMETRIOSE

Cláudia, qual o tipo de alimentação adequada para quem está em tratamento da endometriose? Existem restrições?

Atenciosamente,

Josinete Garcia

Resposta da dra. Cláudia Gazzo

Prezada Josinete

Não há necessidade de alimentação diferenciada para quem está em tratamento por endometriose. Uma dieta saudável e balanceada é sempre recomendada para a preservação da saúde como um todo.

Abraços.

Cláudia Gazzo


ÚTERO DESTROVERTIDO

Prezada Cláudia,

Tenho acompanhado a sua coluna e, finalmente, tomei coragem para escrever. Estou pensando em engravidar, mas sinto que não será tão fácil quanto imaginava. Tenho 32 anos e meu útero é destrovertido (localizado à direita). Há três anos tenho apresentado TSH suprimido, o que, segundo vários médicos, pode ser sinal de uma tireoidite de Hashimoto.

Pergunta: será que os problemas que apresento podem dificultar, ou mesmo inviabilizar uma gravidez? Sinto que meu tempo está passando, e como ultimamente não tenho utilizado preservativo com frequência, tenho medo de ser infértil. Meu ciclo menstrual é normalíssimo e raramente tenho cólicas muito amenas.

Obrigada,

Alessandra

Resposta da dra. Cláudia Gazzo

Prezada Alessandra

O fato de seu útero ser deslocado para a direita não interfere em absoluto com a fertilidade; em geral, é apenas uma característica pessoal.

Qualquer doença da tiróide pode levar à infertilidade por bloquear a ovulação. No seu caso, se tem diagnóstico sugestivo de Tiroidite de Hashimoto, deve ser um quadro muito inicial, pois seus ciclos menstruais são regulares, sugerindo que esteja ovulando sem problemas.

Baseada em seu relato, parece-me que não apresenta nada de anormal e não terá maiores dificuldades para engravidar.

Abraços.

Cláudia Gazzo.


GRAVIDEZ ANEMBRIONADA

Vou contar meu drama. Quando tinha 14 anos descobri que tinha ovário policístico. Aos 24 anos engravidei e estava muito feliz, mas aos 4 meses, num acidente, perdi meu bebê. Vocês podem imaginar o meu sofrimento. Com 27 anos engravidei novamente, era tudo que queria, mas com 11 semanas perdi. Ao fazer a ultra-som, o médico constatou gravidez anembrionada. Fiz a curetagem e segui minha vida. Agora, com 28 anos, engravidei novamente e novamente com 11 semanas mais um aborto espontâneo. Dessa vez o médico constatou aborto retido, não precisei fazer curetagem.

Moro no interior do Rio de Janeiro, em Barra Mansa, e aqui não tem um especialista. Já fui em vários médicos e não obtive nenhuma explicação lógica. Todos falam "é assim mesmo", mas como pode ser normal uma pessoa ter uma gravidez normal, com embrião, e depois ter dois abortos seguidos.

E minha angústia em saber o que esta acontecendo é muito grande, pois fico aqui parada sem saber o que fazer. Preciso muito saber se tem algum tratamento, se posso fazer alguma coisa para ter o nosso tão sonhado filho (toda gravidez com o mesmo parceiro).

Fui a um médico aqui em Volta Redonda/RJ e ele me mandou tomar o Cicloprimogina. Daqui 3 meses entrará com o Clomid. Falou ainda que terei de tomar um remédio quando engravidar até o terceiro mês (pela falta de progesterona).

Esse procedimento é certo? Te faço um apelo. Quero apenas uma explicação e que caminho devo seguir. Por favor, faça-me essa caridade. Você não tem noção do que é essa angústia, essa impotência diante de um fato que pode ser resolvido às vezes com algum tratamento complicado, mas também pode ser algo simples. Me ajudem. Serei grata pelo resto de minha vida.

Se você conhecer um médico que possa esclarecer essa dúvidas, te agradeço.

Elisangela

Resposta da dra Cláudia Gazzo

Prezada Elisangela

Abortos espontâneos acontecem mais freqüentemente do que se imagina. Um aborto ocorre em uma de cada seis gestações. Se a paciente tiver um segundo aborto espontâneo, os médicos geneticistas podem dar o diagnóstico da causa em aproximadamente 40%-50% dos casos. Quando a terceira perda surge (chama-se aborto habitual), a investigação é praticamente mandatória. As causas de aborto espontâneo podem ser diversas:

1) Anomalias cromossômicas do feto: o diagnóstico é estabelecido pela análise do cariótipo do feto.

2) Mecanismos auto-imunes: doenças em que a resposta imunológica da mãe se direciona contra determinado local do seu próprio organismo.

3) Mecanismos aloimunes: mecanismos em que a mãe não reage adequadamente ao componente paterno existente no feto.

4) Fatores endócrinos: deficiência da fase lútea é a condição mais importante.

5) Fatores trombofílicos: defeitos específicos nos genes relacionados à coagulação sangüínea, resultando em maior risco para trombose venosa ou arterial, alterando a vascularização do leito placentário.

6) Fatores uterinos: malformações do útero, incompetência cervical, miomas uterinos, cicatrizes dentro do útero (sinéquias),etc.

7) Fatores infecciosos: toxoplasmose, rubéola.

8) Fatores ambientais: fumo, álcool e drogas.

9) Fatores emocionais.

10) Causas desconhecidas.

Sugiro uma avaliação com um médico geneticista antes de tentar uma próxima gravidez.

Abraços

Cláudia Gazzo.


CLOMID

Olá Claudia

Parabéns pela coluna, muito explicativa e de muita ajuda. Gostaria de ter idéia se posso utilizar Clomid. Tento há 5 anos ter filho. Tenho 30 anos, fiz vários exames. Consta apenas SOP. A médica que realiza meus ultra-sons já me disse duas vezes que eu não estou ovulando. Porém, a médica que me trata passou anticoncepcional por três meses. Já tomei.

Fiz Ultra-som novo e deu igual: SOP e nada de folículo dominante (na época que já deveria ter). Gostaria de saber se posso tomar Clomid para induzir. Meu marido também fez exames e tudo normal.

Akemi (Santos)

Resposta da dra Cláudia Gazzo

Prezada Akemi

O citrato de clomifeno (Serophene ou Clomid) ainda é a droga de primeira escolha para indução da ovulação em pacientes portadoras de SOP. Porém, a SOP tem uma gama muito grande de apresentações clínicas, que devem ser levadas em consideração, pois definem qual será a melhor maneira de induzir a ovulação.

Abraços.

Cláudia Gazzo.


VIDEOLAPAROSCOPIA

Olá Claudia!!

Parabéns! Só temos a agradecer pelo apoio e dedicação que você tem dispensado em sua coluna.

Há exatamente 3 anos venho tentando minha segunda gravidez, pois minha filha já está com 16 anos, e com o segundo casamento venho tentando aumentar a família, mas minha tristeza a cada dia é que se torna maior.

Tenho 35 anos, menstruo regularmente de 28 a 28 dias. Segundo meu médico os exames hormonais são normais, mas com uma obstrução tubária do lado direito detectada através de uma histerossalpincografia, o que ele diz estar diminuindo minhas chances de engravidar.

Mas mesmo com essa obstrução já consegui engravidar por duas vezes, com indução por Clomid e profasi 5000, mas meu médico resolveu então fazer a videolaparoscopia para fazer a desobstrução, este mês. Porém, ainda tenho algumas dúvidas que acabei não perguntando, pois acho que meu médico se limita um pouco.

Você poderia me responder quanto tempo depois da video eu poderia engravidar? E quais minhas chances?

Você acha que essa obstrução também pode ser a causa de não conseguir manter a gravidez?

Agradeço se puder me responder estas dúvidas.

Abraços,

Magali

Resposta da dra Cláudia Gazzo

Prezada Magali

Para responder quanto tempo depois de uma videolaparoscopia você poderia engravidar, precisaria saber que tipo de cirurgia para desobstrução da tuba uterina foi feita. Em geral, depois de dois meses, a paciente já estaria liberada para engravidar.

As chances que tem para engravidar depende do estado da outra tuba e dos resultados dos exames mais requeridos para investigação de infertilidade conjugal, a saber:

1) histerossalpingografia: já feita. Talvez fosse conveniente repeti-la para avaliar o resultado cirúrgico.

2) ultra-som transvaginal para excluir algum problema uterino, como miomas,etc.

3) dosagens hormonais (no sangue), se a paciente apresenta ciclos menstruais irregulares, tais como FSH, LH, estradiol, prolactina, TSH; além de S-DHEA, testosterona total, 17-OH-progesterona se tem sinais de hiperandrogenismo (aumento de pelos em regiões do corpo consideradas anormais, como queixo, braço, região sacral das costas, além de acne, pele oleosa e queda de cabelos).

4) histeroscopia (endoscopia do útero), para avaliação da cavidade uterina e do endométrio.

5) laparoscopia principalmente se a paciente apresenta cólicas menstruais progressivas, dor na profundidade vaginal às relações sexuais, antecedente de doença inflamatória pélvica, cirurgias abdominais prévias. Também já realizada.

6) espermograma do marido, que em geral, é pedido antes de submeter uma paciente a procedimentos mais invasivos e dolorosos.

7) avaliação da reserva ovariana: dosagem de FSH e estradiol no segundo ou terceiro dia do ciclo menstrual, quando a paciente tem mais que trinta e cinco anos, ou seja portadora de apenas um ovário.

A obstrução tubária, em geral, não é causa de não se conseguir manter uma gravidez.

Abraços.

Cláudia Gazzo.


MEDICAÇÃO MAIS BARATA

Claudia, boa tarde,

Meu nome é Adriana, resido na cidade de Jau (SP) e estou te escrevendo como uma tentativa de ajuda. Iniciei um tratamento para engravidar em 2001, com uma lidelapiroscopia para desobstrução de trompas. Infelizmente, não tive resultado positivo.

Por orientação médica resolvi buscar o tratamento de FIV, já fiz todo o tratamento em uma clinica em Ribeirão Preto (SP).

O médico me receitou o seguinte medicamento: Luprom e Fostimon. Em contato com as amiga do fórum, vi que muitas delas utilizam outros medicamentos. Será que tem algo similar com o preço mais acessível? Estou ficando preocupada. Tenho 32 anos e minha meta é fazer a FIV em 2004.

Por favor, ajude-me a encontrar uma medicação com um preço melhor, pois preciso tornar essa minha busca menos dolorida em todos os sentidos.

Conto com a sua ajuda, pois não sei mais a quem recorrer,

Beijos

Adriana

Resposta da dra Cláudia Gazzo

Prezada Adriana

Infelizmente as drogas empregadas na indução da ovulação para fertilização in vitro são realmente muito caras e representam o custo mais alto de todo o tratamento. No entanto, os medicamentos prescritos a você são muito utilizados em reprodução assistida.

Há esquemas mais econômicos que esse, e há outros mais dispendiosos.

Eu particularmente penso, que se você tiver que bancar toda a despesa dos remédios, avalie se não vale a pena economizar um pouco mais para obter melhores resultados.

Abraços.

Cláudia Gazzo.


MIOMA UTERINO

Claudia,

Acabo de ler seu livro "Por que a Gravidez Não Vem", o que me fortaleceu a te escrever.

Minha situação não difere muito de tantos casos que você menciona em seus livros e através do canal Equilíbrio da Folha Online, de onde te conheci. Porém, há algo que difere de tudo que eu já vi ou ouvi, por isso gostaria muito de sua ajuda.

Tenho 36 anos e meu marido 37. Pouco antes de nos casarmos, há 12 anos (1991), fazendo os exames pré-nupciais tivemos a notícia de que ele possuía oligozoospermia.

Meses depois do casamento, procuramos um urologista a fim de verificarmos o que poderia ser feito, já nos preparando para o momento que decidíssemos ter um filho.

Meu marido fez a cirurgia de varicocele e tomou hormônios para que fosse estimulada a produção de espermatozóides. Porém, o aumento que ocorreu não foi significativo.

Sendo assim, fomos informados de que, no momento que quiséssemos ter um filho, deveríamos procurar uma clínica de fertilização.

Passados 6 anos, decidimos que já tínhamos condições financeiras para arcar com o tratamento para lutar pelo tão sonhado filho.

Fizemos o primeiro ICSI (1997), quando eu tinha 29 anos, com o mesmo médico que operou meu marido de varicocele --pertencente a uma clínica de fertilização muito conceituada em São Paulo. Esse médico, indicado pelo meu irmão que é médico, ao analisar os ultra-sons transvaginais que fiz durante o tratamento mencionou que eu possuía alguns cistos, mas que isso não afetaria em nada o tratamento.

Após o resultado, sem sucesso, esperamos 1 ano e meio para que fosse possível juntarmos mais dinheiro, e fizemos a 2ª tentativa (1999), na mesma clínica, com o mesmo médico, também sem sucesso.

Depois disso, buscamos ajuda no Hospital Público Pérola Byghton, mas eles não desenvolviam a técnica do ICSI, único procedimento que nos atende.

Procuramos também ajuda através da homeopatia e meu marido fez acupuntura com o objetivo de aumentar a quantidade de espermatozóides.

Somente em abril de 2002 conseguimos fazer a 3ª tentativa, pois passamos por sérios problemas financeiros. Desta vez procuramos outro profissional, imaginando que talvez isso ajudaria, também renomado nesta área da medicina, que nos foi indicado por um médico clínico-geral de nossa família.

Como já havia passado 3 anos, imaginamos que novos exames seriam solicitados, mas, ao contrário, o médico perguntou quando gostaríamos de iniciar a medicação. Pouco antes de procurar esse médico, comecei a perceber um sangramento do meio do ciclo, cerca de 7 a 10 dias antes da menstruação.

Comuniquei meu ginecologista, que me receitou primeiramente Primolud-Nor e depois Cycrin, sem obter nenhuma melhora. Informei ao médico esterileuta, que não deu a menor atenção ao fato.

Fizemos a 3ª tentativa, ano passado, também sem sucesso! (todo o desapontamento emocional que sentimos é desnecessário mencionar). Mais uma vez juntaríamos dinheiro para tentar e tentar e tentar... Só que desta vez algo marcante aconteceu: após o resultado do exame negativo da gravidez, quis muito conversar com o médico da clínica de fertilização. Como havíamos feito das outras vezes com o outro médico, mas ele não quis dar explicações. Depois de muito insistir para falar, ele simplesmente resumiu: "É... ainda não foi desta vez." Senti-me órfã.

Lembro-me que juntamente com a dor da perda, agora havia a dor da falta de apoio. Aquele médico que durante o tratamento era só sorrisos, agora não nos recebia mais.

Nas 3 tentativas eu produzia muitos óvulos, a estimulação dava excelentes resultados, mas não havia a nidação. Sofremos, e, mais uma vez conseguimos vencer a frustração, uma vez que a relação entre meu marido e eu é muito sólida, de muita amizade, amor e cumplicidade. Pelo menos até agora conseguimos que esse problema não desgaste nossa relação.

Há quatro meses meu ginecologista pediu uma ultra-sonografia transvaginal, a mesma que fiz várias vezes durante os tratamentos, e qual não foi nossa surpresa: estavam em meu útero vários miomas, dentre eles dois muito grandes, medindo 12 e 8 cm. Procurei outros ginecologistas e sempre o mesmo parecer: deveria operar o quanto antes. Comecei a buscar livros sobre fertilização e inseminação e todos mencionavam que esse era um diagnóstico importante, que certamente comprometeria a nidação dos embriões.

O médico que me indicou esta última clínica sugeriu que buscasse os exames (os ultra-sons transvaginais que fiz ano passado durante o último tratamento), e com muita dificuldade, pois todos na clínica inicialmente se negaram a entregar, consegui obter os ultra-sons. Levei a dois médicos especialistas em Ultra-som, e estes diagnosticaram: os miomas estavam lá, em tamanho já avançado, enquanto fazia o tratamento, sem ser alertada pelo médico. O sangramento que tinha no meio do ciclo, e que informei em duas consultas a este médico, era um sintoma importante que não foi levado em conta.

Há um mês e meio atrás me submeti a cirurgia que foi um sucesso! Todos os miomas foram retirados e agora estamos aguardando 6 meses para tentarmos mais uma vez, agora com o primeiro médico que nos atendeu sempre tão bem e no qual depositamos muita confiança.

Minha angústia se multiplicou. A decepção de todas as vezes, e agora a certeza de que a energia e o dinheiro empregados na última tentativa haviam sido em vão.

Depois de conversar com meu marido e meu irmão médico, chegamos a conclusão que caberia, neste caso, uma indenização.

Claro que para isso precisamos estar pautados em uma literatura médica científica que comprove a tese de que miomas uterinos dificultam a nidação do embrião.

Você teria alguma indicação de livros contendo estes estudos? Compramos alguns livros de médicos que mencionam esta dificuldade, porém neste caso acredito que precisamos mais do que isso, e não estamos encontrando nas livrarias.

Você, com todo seu conhecimento nesta área, como membro-convidado da Comissão Bioética da OAB e com a ajuda da advogada Patríca Bono, talvez possam nos ajudar a encontrar o melhor caminho para obter estas informações.

Aproveito para te agradecer pela criação deste canal de comunicação tão importante para pessoas, que como eu, muitas vezes se sentem desamparadas.

Minha esperança de realizar o sonho de ser mãe me impulsiona a não desistir nunca, pelo menos enquanto meu marido e eu tivermos forças físicas e financeiras para continuar!

Desde já agradeço sua atenção em ler este e-mail (que acabou ficando muito maior do que eu pretendia, desculpe-me!).

Com carinho,

Adriane

Resposta da dra Cláudia Gazzo

Prezada Adriane

Na literatura médica, não há consenso a respeito da melhor conduta a ser tomada quando a paciente é portadora de mioma uterino. Uma coisa é certa, se o mioma for submucoso (localiza-se no interior da cavidade uterina) deve ser necessariamente operado. Os miomas intra-murais (situados na parede uterina) podem interferir com a nidação, embora há diversos trabalhos tentando demonstrar o contrário. Sabe-se que muitas mulheres portadoras de mioma uterino engravidam espontaneamente. Minha conduta, no entanto, é indicar cirurgia, quando o mioma intra-mural tem três centímetros ou mais. Em relação aos miomas sub-serosos (localizados na parte externa do útero) a questão é mais controversa ainda. A indicação da cirurgia dependerá da avaliação de caso em particular.

Qual o tipo de mioma que era portadora? Eu particularmente acho difícil que um mioma de 12 cm não tenha sido palpado, pois com esse tamanho, é perceptível inclusive ao exame de toque ginecológico.

Precisaria de mais informações para poder ajuda-la.

Abraços e boa sorte.

Cláudia Gazzo.

INSEMINAÇÃO

Olá Claudia,

Tenho algumas dúvidas. Fiz indução da ovulação com Puregon e Profasi. Fiz a minha primeira inseminação por ter um muco hostil. ( os espermatozóides morrem ou ficam imóveis no meu muco). No entanto sei que o muco é o veículo que eles usam para chegar no óvulo. Durante a inseminação o meu médico comentou que estava jogando semen no meu muco, e eu perguntei assustada: Mas não é justamente por causa do meu muco que estamos fazendo a inseminação?

Tive a impressão que ele esqueceu o meu diagnóstico. Ele ficou calado e depois disse que também estava jogando fora. A minha dúvida é a seguinte: A inseminação no meu caso deve ser com a presença do muco? Ele agiu corretamente jogando parte do volume que já era pequeno num muco inviável? Como os espermatozóides atingem o óvulo se não for através do muco? Outra coisa: Como vou ter certeza que os óvulos foram rompidos? Parece tudo tão incoerente. Por favor, esclareça tais dúvidas para me dar algum alento. Já não é fácil imaginar que todo este desgaste emocional e financeiro possa não dar em nada, imaginar também que todo o procedimento foi em vão, piora a nossa dor. Obrigada, Márcia

Resposta da dra Cláudia Gazzo

Prezada Márcia

A inseminação intra-uterina é feita com o objetivo de facilitar o encontro dos espermatozóides capacitados com o(s) óvulo(s), no dia da ovulação programada por meio de medicamentos. A indução é monitorizada por ultra-som transvaginal seriado, até o momento em que um ou mais folículos (estruturas ovarianas que contém óvulos) atinjam diâmetro aproximado de 20mm, quando então é administrado Profasi e 36 horas depois, o sêmen é injetado dentro da cavidade uterina por meio de um fino catéter. Há quem injete uma parte do sêmen preparado, depois que a maior quantidade foi aplicada na cavidade uterina, também no fundo de saco vaginal.

Os espermatozóides migram pelo endométrio (tapete glandular que reveste a cavidade uterina) até atingir as tubas uterinas, local onde ocorre a fertilização.

Sabe-se que a paciente ovulou fazendo um controle ultrassonográfico no dia da inseminação. Os folículos ovulatórios já não estarão mais presentes.

Abraços e boa sorte.

Cláudia Gazzo.


ICSI

Olá Claúdia,

Eu, assim como diversas leitoras da sua coluna, estou nessa luta para tentar engravidar. Meu marido tem azoospermia, então minha única solução é a ICSI. Na minha última ICSI usei o gonapeptil dose única no 21º dia do ciclo no lugar do lupron. Tomei esse medicamento no dia 12 de junho e fiz a transferência no dia 10 de julho. No dia 20 sangrei e não engravidei. Deveria ficar menstruada entre os dias 18 e 20 de agosto, mas até agora nada. E o que é pior: estou tendo ondas de calor que durante a noite não me deixam dormir direito. Acordo abatida, cansada e quase todo dia com uma dorzinha de cabeça enjoada. Minha pele está super ressecada. O médico disse que é do medicamento, mas estou com medo.

Gostaria de entender o que está acontecendo com meus hormônios e até quando é normal esse medicamento fazer efeito no meu organismo. Devo acrescentar que sofro de hipotiroidismo que controlo com Eutirox 50grs.

Desde já agradeço a atenção.

Abraços

Mari

Resposta da dra Cláudia Gazzo

Prezada Mari

Você fez uso de uma droga chamada análogo de GnRh do tipo Depot (tem efeito de depósito), que é o Gonapeptil, ao invés do análogo de GnRh de uso diário, como é o Lupron.

Os análogos de GnRh de depósito, embora, teoricamente apresentem efeito por 30 dias, o que verifica na prática, é que a menstruação, por vezes, demora pelo menos dois meses para retornar ao normal.

Embora mais caro, prefiro utilizar os análogos de GnRh de uso diário, pois a dose e seus efeitos são mais fáceis de serem controlados.

Abraços.

Cláudia Gazzor

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Cláudia Collucci, repórter da Folha de S. Paulo, é mestre em História da Ciência pela PUC-SP e autora dos livros "Por que a gravidez não vem?", da editora Atheneu, e "Quero ser Mãe", da editora Palavra Mágica. Escreve quinzenalmente na Folha Online.

E-mail: claudiacollucci@uol.com.br

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