Quero Ser Mãe
15/01/2004
Colunista da Folha Online
Um estudo divulgado no começo do mês colocou mais lenha na fogueira da infertilidade. Pesquisadores holandeses analisaram 6 mil amostras de sêmen tiradas de 7,5 mil homens ao longo de 13 anos e chegaram a uma preocupante conclusão: o número médio de espermatozóides em uma determinada quantidade de esperma caiu quase 30% nesse período.
De acordo com a pesquisa, a contagem média "normal" de espermatozóides teve uma queda de 29% entre 1989 e 2002. Caiu de 87 milhões de esperma por mililitro, em 1989, para 62 milhões, em 2002.
Embora a pesquisa tenha sido realizada em uma única cidade e não contou com possíveis fatores sazonais, como por exemplo, as estações do ano --na primavera, há uma tendência dos homens terem uma melhor quantidade de espermatozóides que no verão--, ela não deixa de ser um alerta para a questão da infertilidade masculina.
Segundo o andrologista Rodrigo Pagani, do Huntington Centro de Medicina Reprodutiva, de São Paulo, a diminuição da quantidade de espermatozóides, assim como as alterações da sua qualidade, são responsáveis por quase 50% dos casos de infertilidade conjugal.
As principais causas da infertilidade são varicocele; diabetes; alterações hormonais, que podem ser causadas pelo uso de medicações ou não; infecções e inflamações, que afetam a mobilidade ou a ejaculação dos espermatozóides; distúrbios imunológicos; problemas genéticos, entre outros.
De acordo com Pagani, recentemente houve uma discussão muito acirrada sobre a infertilidade masculina, baseada na hipótese de que fatores como a alimentação, o fumo e a falta de atividade física poderiam influenciar o homem a ponto de atingir o sêmen, tornando-o infértil.
Para ele, os hábitos de vida do homem influem diretamente no bem estar de sua saúde reprodutiva. Erros alimentares, cigarro, sedentarismo, estresse podem trazer conseqüências importantes à qualidade do sêmen e, consequentemente, à fertilidade.
Considero o debate de extrema importância. Ainda é frequente o número de leitoras que nos procuram preocupadas com a baixa quantidade e qualidade do sêmen dos maridos e com o encaminhamento dado ao caso por alguns médicos. Nesta semana dois casos me chamaram a atenção.
Um deles é de uma mulher, casada há dois anos, que tenta engravidar desde então. Ela tem síndrome dos ovários polícisticos e, apenas com esse diagnóstico, teve recomendação do médico tomar Clomid. O marido não chegou a fazer espermograma. Outro caso, bem parecido com esse, o marido também foi poupado porque já tem dois filhos do primeiro casamento com idades acima de 15 anos.
É incrível que depois tanto debate sobre essas questões ainda há médicos receitando estimuladores de ovulação a mulheres sem pedir exame ao marido. O que é preciso acontecer para que a infertilidade seja considerada um problema do casal e não só da mulher?
*Gente, o meu e-mail da coluna mudou. Agora é claudiacollucci@folha.com.br. Continuem escrevendo para desabafar ou tirar dúvidas, mas, para casos específicos de dúvidas médicas, peço que vocês as encaminhem diretamente para a consultora médica da coluna, a dra. Cláudia Gazzo. O e-mail é: claudiagazzo@terra.com.br
Tenho tentado responder aos e-mails atrasados gradativamente. Aqueles que ainda estão sem respostas, peço que me reenviem porque andei tendo problemas com o computador devido ao excesso de mensagens na minha caixa de entrada.
PARTICIPE COM OUTROS INTERNAUTAS DO FÓRUM DE INFERTILIDADE
Estudo aponta diminuição de espermatozóides
CLÁUDIA COLLUCCIColunista da Folha Online
Um estudo divulgado no começo do mês colocou mais lenha na fogueira da infertilidade. Pesquisadores holandeses analisaram 6 mil amostras de sêmen tiradas de 7,5 mil homens ao longo de 13 anos e chegaram a uma preocupante conclusão: o número médio de espermatozóides em uma determinada quantidade de esperma caiu quase 30% nesse período.
De acordo com a pesquisa, a contagem média "normal" de espermatozóides teve uma queda de 29% entre 1989 e 2002. Caiu de 87 milhões de esperma por mililitro, em 1989, para 62 milhões, em 2002.
Embora a pesquisa tenha sido realizada em uma única cidade e não contou com possíveis fatores sazonais, como por exemplo, as estações do ano --na primavera, há uma tendência dos homens terem uma melhor quantidade de espermatozóides que no verão--, ela não deixa de ser um alerta para a questão da infertilidade masculina.
Segundo o andrologista Rodrigo Pagani, do Huntington Centro de Medicina Reprodutiva, de São Paulo, a diminuição da quantidade de espermatozóides, assim como as alterações da sua qualidade, são responsáveis por quase 50% dos casos de infertilidade conjugal.
As principais causas da infertilidade são varicocele; diabetes; alterações hormonais, que podem ser causadas pelo uso de medicações ou não; infecções e inflamações, que afetam a mobilidade ou a ejaculação dos espermatozóides; distúrbios imunológicos; problemas genéticos, entre outros.
De acordo com Pagani, recentemente houve uma discussão muito acirrada sobre a infertilidade masculina, baseada na hipótese de que fatores como a alimentação, o fumo e a falta de atividade física poderiam influenciar o homem a ponto de atingir o sêmen, tornando-o infértil.
Para ele, os hábitos de vida do homem influem diretamente no bem estar de sua saúde reprodutiva. Erros alimentares, cigarro, sedentarismo, estresse podem trazer conseqüências importantes à qualidade do sêmen e, consequentemente, à fertilidade.
Considero o debate de extrema importância. Ainda é frequente o número de leitoras que nos procuram preocupadas com a baixa quantidade e qualidade do sêmen dos maridos e com o encaminhamento dado ao caso por alguns médicos. Nesta semana dois casos me chamaram a atenção.
Um deles é de uma mulher, casada há dois anos, que tenta engravidar desde então. Ela tem síndrome dos ovários polícisticos e, apenas com esse diagnóstico, teve recomendação do médico tomar Clomid. O marido não chegou a fazer espermograma. Outro caso, bem parecido com esse, o marido também foi poupado porque já tem dois filhos do primeiro casamento com idades acima de 15 anos.
É incrível que depois tanto debate sobre essas questões ainda há médicos receitando estimuladores de ovulação a mulheres sem pedir exame ao marido. O que é preciso acontecer para que a infertilidade seja considerada um problema do casal e não só da mulher?
*Gente, o meu e-mail da coluna mudou. Agora é claudiacollucci@folha.com.br. Continuem escrevendo para desabafar ou tirar dúvidas, mas, para casos específicos de dúvidas médicas, peço que vocês as encaminhem diretamente para a consultora médica da coluna, a dra. Cláudia Gazzo. O e-mail é: claudiagazzo@terra.com.br
Tenho tentado responder aos e-mails atrasados gradativamente. Aqueles que ainda estão sem respostas, peço que me reenviem porque andei tendo problemas com o computador devido ao excesso de mensagens na minha caixa de entrada.
PARTICIPE COM OUTROS INTERNAUTAS DO FÓRUM DE INFERTILIDADE
Cláudia Collucci, repórter da Folha de S. Paulo, é mestre em História da Ciência pela PUC-SP e autora dos livros "Por que a gravidez não vem?", da editora Atheneu, e "Quero ser Mãe", da editora Palavra Mágica. Escreve quinzenalmente na Folha Online. E-mail: claudiacollucci@uol.com.br |