Colunas

Quero Ser Mãe

29/04/2004

Espaço de leitor

AGRADECIMENTO 1

Querida Cláudia,

Já faz tempo que leio a coluna com assiduidade, aguardando ansiosamente os assuntos que serão abordados. Já conversamos algumas vezes e participei do fórum de infertilidade até descobrir que estava grávida, em agosto/04, e ter de manter repouso por vários meses, ficando longe do computador e da net.

Gostaria, agora, no nono mês de gestação de partilhar com você e com todas as amigas que enfrentam o drama da infertilidade um pouco da felicidade e da ansiedade de esperar pela minha menininha e dizer o quanto vocês foram importantes para que eu vivesse, hoje, este momento.

Conheci a coluna em 2.002 quando comecei a pesquisar na internet o tema infertilidade, com a qual vinha sofrendo há dois anos. Fiquei doida quando descobri que o drama alcançava tantas mulheres e a quantidade de informações sobre meu(s) problema(s) de infertilidade. Na coluna e no fórum tive oportunidade de aprender, com pessoas leigas como eu e com os médicos que participam, tudo sobre a SOP e suas conseqüências. Quando ia às consultas (e foram várias com vários médicos), conseguia entender e questionar as informações e tratamentos propostos.

O mais importante, contudo, foi o apoio emocional que recebi, quer fosse através de depoimentos isolados, quer fosse no fórum. Foi importantíssimo saber que meu problema não era o único nem o mais grave, que os meus sentimentos de revolta, frustração, inveja, falta de fé... eram comuns a outras tantas mulheres, que dentro deste universo éramos tão parecidas em nossas ansiedades, sonhos e medos. Essencial, contudo, foram os exemplos de persistência e amor destas mulheres!! Certamente me tornei uma pessoa melhor depois de conhecer vocês!

Depois de várias tentativas, três inseminações e um aborto espontâneo, foi com vocês que tive forças e fé para encarar minha primeira FIV. Li tudo que todas diziam sobre suas experiências, boas e ruins, anotava os nomes dos remédios utilizados, dos exames, dos médicos, imprimi todas as orações que eram ensinadas, fiz religiosamente as novenas. Com isso, parti com fé para o tratamento!

Confesso que nem tudo foram flores. Ou melhor, acho que o caminho teve mais espinhos do que imaginei. As injeções eram muitas e doloridas. Os exames de sangue, os ultra-sons, as horas de espera para saber o que fazer a seguir. Em 26 de julho de 2.003 menstruei pela última vez e começou a indução da ovulação. Inchei, ou engordei porque comia meus medos? Só sei que em duas semanas foram quatro quilos. No dia da coleta dos óvulos não tinha roupas para vestir! Foram 12! Aguardamos 24 horas para saber: onze foram fertilizados. Aguardamos mais três dias para saber da evolução. Quantos seriam bons? Quantos seriam transferidos? A decisão foi mesmo no dia marcado para a transferência (3 dias depois!). Acreditem: 10 embriões se desenvolveram, 3 eram muito bons (AA), 5 eram médios e 2 fraquinhos. Resolvemos transferir os três 'melhores'.

Apesar do médico dizer que não fazia diferença, eu fiquei três dias em repouso. Tomava pouquíssima água porque não queria levantar para ir ao banheiro!!!

Foram dez dias de espera até fazer o BHCG. O resultado, esperado por quatro longas horas, foi positivo, mas a dosagem quantitativa era mínima. Poderia haver erro? Era um sábado e fomos aconselhados a não comemorar até a repetição do exame na próxima semana. Gente, foram dias de cão. Não saia da cama, rezava o dia inteiro... Então, repetimos o exame: era positivo mas a dosagem de progesterona era baixa demais (mais baixa que na outra gravidez em que tive um aborto espontâneo). Entrei em pânico. Na minha cidade não havia progesterona injetável para comprar. Tinha que pedir em São Paulo, mas demoraria dois dias. Me indicaram uma paciente que tinha e queria vender. Liguei cheia de esperanças... ela acabou comigo... tinha tido um aborto com oito semanas... disse que minha dosagem era mais baixa que a dela, que eu ia perder o bebê. Chorei tanto que tive cólicas, como as de menstruação, e entrei em pânico porque achava que estava abortando outra vez!! Pelo amor do meu marido, seu carinho, sua compreensão, consegui aguardar os dois dias para começar a tomar as injeções que vinham da Capital!

Fomos, então, fazer nosso primeiro ultra-som. A médica que nos atendeu era de uma frieza glacial. Disse que via o saco gestacional mas que não dava para ver a pulsação do coração. Quando contei que na minha última gravidez tinha acontecido isso, ela nos olhou com desprezo e disse que gravidez só se comemorava com doze semanas! Comecei a chorar ali mesmo. Saí da clínica aos prantos!!

Dois dias depois, resolvemos repetir o exame na clínica em que havíamos feito a FIV. Para nossa felicidade o saco gestacional continuava ali e vimos o coração do nosso único bebe batendo. Foi somente ali, quase quinze dias depois do Beta que fiquei feliz por estar grávida, Eu e meu marido nos abraçamos na sala de exames e choramos como crianças. Quando vi, nossa médica também chorava!! Aí, veio a má notícia: eu não tinha corpo lúteo e a dosagem de progesterona era baixa, mesmo com as injeções diárias. Eu estava de cinco semanas e a placenta só produziria progesterona depois de 12 semanas. O que fazer?? Aumentamos a dose da progesterona e repouso absoluto!

Foi assim até fazermos o ultra-som morfológico com 11 semanas: eu passava os dias deitada, com dor de cabeça, sem conseguir comer, rezando. O dia deste ultra-som foi o mais feliz da minha vida: vi minha filha por inteiro. Tão pequena, tão perfeita. Ela tinha tudo: coração, rins, cérebro, coluna vertebral, costelas e... era uma menininha!!! A médica disse que não havia dúvidas quanto ao sexo. Não me lembro como saí da clínica, como entrei no carro... Estava nas nuvens!! 'Acordei' ajoelhada, ao lado do meu amor, na igreja em que casamos, chorando a seu lado e agradecendo a Nossa Senhora Aparecida!!

Desde então, tenho tentado curtir ao máximo cada minuto desta gravidez tão desejada!!

Agora, chego ao nono mês, dezoito quilos mais gorda, redonda, com dores nas costas... mas a mulher mais completa do mundo!!

Na última segunda-feira tivemos consulta: nossa nenê está ótima, encaixada, com bastante líquido. Esperamos, somente, a hora que ela quiser vir ao mundo. Como estou com 38 semanas e três dias, pode ser a qualquer momento! Eu e meu marido optamos pelo parto normal. Vamos tentar. Queremos que nossa filha venha ao mundo da maneira mais natural possível, na hora que escolher, do jeito que quiser.

Que bom que deu tempo de escrever para você antes dela nascer. Eu queria muito dizer o quanto devo esta felicidade, agora vivida, a você e a todas as que 'passaram' por aqui. Sem vocês, talvez eu tivesse desistido quando tive a primeira dor... ou, talvez, não tivesse tido conhecimentos suficientes para me desvencilhar de tratamentos equivocados.

Cláudia, Meninas do Fórum, Leitoras, Mulheres que almejam ser mães: OBRIGADA!!! DESEJO PROFUNDAMENTE QUE TODAS CONSIGAM SER MÃES. TENHO CERTEZA QUE SERÃO!!!

Olha, Gente, minha história ainda não acabou. Continuem torcendo por nós e pela nossa menininha!! Depois eu conto como foi, tá bom???

Beijos,

Ana Paula

Resposta de Cláudia Collucci

Querida Ana, você não imagina o quanto fiquei feliz e emocionada com a notícia. Obrigada pela sensibilidade do relato e por dividir conosco esse momento tão especial da tua vida. Que o teu parto seja tranqüilo e feliz. E que o universo abençoe a tua menininha com todas as graças.

Um beijo,

Cláudia Collucci


AGRADECIMENTO 2

Nunca uma "coincidência" (entre aspas pois não acredito que elas existam) foi tão adequada!

Estou casada há 5 anos e há 1 ano e meio tento ter filhos. Tive dois abortos espontâneos numa época no início do casamento (2000 e 2001) quando nem imaginava que ter filhos seria o meu maior martírio. Quando decidimos engravidar, tivemos 1 ano de tentativas frustradas e eu descobri uma discreta endometriose. Depois de tratada, decidimos fazer a ICSI onde, após duas tentativas com todas as chances de dar certo (embriões lindos!): fracassei (digo fracassei, pois me sinto totalmente culpada e sufocada pela situação).

Hoje desiludida, prestes a acabar com o meu casamento feliz por revolta, culpa e falta de paciência com a vida, sem querer abri sua coluna. Devorei todos os artigos, pedi todos os seus livros pela internet (antes fui a uma livraria onde não encontrei) e consegui ler depoimentos de pessoas que passam pelos mesmos problemas que eu, sentem tudo o que eu sinto e que definitivamente me compreenderiam se pudessem me ouvir.

Agora estou novamente fortalecida (pouco, porém mais do que há algumas horas...) e confortada com a solidariedade de pessoas que nem sabem que eu existo.

Virei sua fã (risos) ainda mais que sou homeopata e há 3 dias decidi fazer acupuntura depois de ler um artigo na internet.

Muito obrigada!

Andrea
Santos- SP

Resposta de Cláudia Collucci

Andrea, fico feliz que tenha, mesmo que indiretamente, te ajudado. Tenho certeza que, assim como outras centenas de leitoras, você se sentirá mais leve ao perceber que uma multidão de mulheres passam hoje por esse problema, ainda que caladas. O importante é não perder a fé. O importante é transformar essa sensação de fracasso em adubo fertilizador para nossas vidas.
Abraços
Cláudia Collucci


INFERTILIDADE MASCULINA

Querida Cláudia

Tenho 29 anos. Fiz todos o exames para ver o meu quadro e as possibilidade de engravidar.. Antes de fazer tais exames já estava sem menstruar por 2 meses e meio.. No resultado apareceram ovários policísticos, progesterona baixa, além de prolactina alta.. Tomei um remédio para menstruar e repetir a prolactina que está normal...O meu médico mandou o meu marido (53 anos) fazer um espermograma e constatou algumas irregularidades em função de uma garnerella vaginallis que ele acha que contraiu no primeiro matrimônio e nunca tratou.. Vale salientar que eu não tenho. A minha dúvida é saber?:

1. Qual será o tratamento indicado para o meu marido regularizar a qualidade dos espermatozóides e quanto tempo durará?

2. Quais os riscos e chances de engravidar desta forma em que ele se encontra?

3. Em quanto tempo poderei engravidar passada esta fase?

Grata pela atenção
SOLANGE
RECIFE-PE

Resposta da dra. Cláudia Gazzo

O espermograma pode ser influenciado por diversas variáveis: tempo de abstinência antes da coleta, o tempo de transporte, o método da coleta, a temperatura durante o transporte e condições do paciente na época do exame.

Portanto, pelo menos duas analises devem ser feitas antes de dar o diagnóstico. Cabe ao seu andrologista tentar determinar uma provável causa e tratá-la, se possível.

Em geral , o tratamento do fator masculino necessita de no mínimo três meses para poder ser reavaliado, e aí então , se tudo estiver normal,o casal será orientado a tentar uma gravidez.

Atenciosamente

Cláudia Gazzo


FLUTAMINA 1

Cara Senhora,

Vim a saber o seu endereço de e-mail pela internet quando pesquisava a respeito da Flutamida. No momento estou morando na Itália e venho fazendo uso deste medicamento já há quatro meses. No primeiro mês de controle das minhas enzimas hepáticas foi observado que as mesmas dobraram de valor, mas estando sempre dentro do padrões normais. A minha dermatologista pediu que eu refizesse os exames para que pudesse continuar a fazer uso deste medicamento. Estou à espera dos resultados. Gostaria de sanar algumas dúvidas:

Resposta do dr. Ademir Júnior:

1) Mesmo não apresentando mais os sinais de acne devo continuar o uso da flutamida? Se sim, por quanto tempo?
Se a flutamida foi prescrita, e apesar do aumento das enzimas hepáticas, elas ainda estão normais, vale a pena continuar tomando. E isso, mesmo se a acne já houver melhorado.

2) Se interrompo o uso do medicamento a acne retorna? E em quanto tempo?
Difícil prever. A flutamida controla um problema cuja origem é hormonal, portanto, se apesar da melhora o problema persistir, pode acontecer da acne voltar.

3) Devo fazer intervalos sem o medicamento durante o tratamento?
É o que pede todo o tratamento com a flutamida. 2 a 3 meses de descanso após períodos de 6 a 9 meses tomando as medicações.

4) O risco de dano hepático é alto e freqüente?
Não tão freqüente, mas pode acontecer. Principalmente sabendo que suas enzimas hepáticas dobraram logo no começo do tratamento. Nestes casos o cuidado deve ser maior e, de repente, a medicação pode ser até reconsiderada e trocada por outra com o mesmo perfil da flutamida, mas sem a possibilidade de problemas hepáticos desta medicação.


FLUTAMINA 2

Faço uso de flutamida 125 mg 2x ao dia (assim sendo 250 mg ao dia). Gostaria de saber tb se caso meus exames hepáticos apresentem-se dentro dos limites máximos, depois de quanto tempo de tratamento devo diminuir a dose?

Obs.: não faço uso de nenhum medicamento (a não ser um anticoncepcional intravaginal Nuvaring e ocasionalmente dipirona para minhas constantes dores de cabeça).

Agradeço desde ja e fico na ânsia de uma resposta o quanto antes para poder tranquilizar-me um pouco.

Um ótimo dia,
Maria Augusta.

Resposta do dr. Ademir Júnior

Isto depende do seu médico(a) e da experiência que o profissional tem com a medicação. De repente, o mínimo aumento pode ser motivo para diminuir a droga. Porém, conheço colegas que mesmo percebendo o aumento das enzimas hepáticas só retiram a medicação se houver problema clínico, ou mesmo enzimas acima dos padrões normais.


FLUTAMIDA 3

Tenho 28 anos e sou mãe de dois filhos. Comecei a tomar flutamida no ano passado (manipulada) por volta de setembro. Tomava uma cápsula a cada dois dias, e até mesmo de forma irregular (200 mg). No ano passado tomei 60 cápsulas e no mês de Março/2004 retomei o tratamento sem saber que estava grávida. Minha última menstruação foi em 25 de fevereiro e comecei a tomar (da mesma forma descrita acima - em dias alternados e de forma irregular) no dia 10 de março. Tomei exatamente 10 cápsulas, sendo que a última deve ter sido ingerida no dia 28 de março.

Procurei o meu ginecologista que me deixou a par de todos os riscos, inclusive a má formação. Gostaria de saber se há casos de pessoas que tenham ingerido esse remédio no início da gestação, se há casos em que a suspeita de má formação não tenha sido confirmada.

Estou desesperada, por favor, me ajudem a colher informações que possam me ajudar a entender o que preciso.

Resposta do dr. Ademir Júnior:
dradejr@suclinsop.com.br

O risco pode existir, mas acredito que, apesar do risco, a tranqüilidade para averiguar o problema é fundamental. Como você tomou pouco tempo, e pouca dosagem (dias alternados e apenas 2 gramas no total dos 10 dias de uso), pode acontecer de este pequeno período de tempo não trazer comprometimento nenhum para a sua gestação.

Antes de mais nada, a melhor dica que posso te dar, é fazer um pré-natal muito bem feito com o seu ginecologista de confiança. Este profissional te dará todo o apoio que você precisa para que, mesmo que aconteça alguma situação desfavorável, o que esperamos que nunca aconteça, você tome as medidas adequadas para a condução da sua gravidez.


VARICOCELE

Oi, Cláudia,

Em primeiro lugar, quero lhe mandar um grande Beijo, adoro sua coluna, e entendo que é uma grande ajuda. Eu tenho endometriose, trato com o Elmetrim.

Há pouco tempo, meu ginecologista diagnosticou varicocele no meu marido, e já nos encaminhou para um urologista. Porém gostaria de alguns esclarecimentos.

Meu médico nos aconselhou que a cirurgia deveria ser feita diretamente no testículo e não no abdomem, assim, liguei para inúmeros consultórios, e sempre perguntando esse detalhe, se a cirurgia seria feita diretamente no testículo, as secretárias, sempre atenciosas, pediam para retornar, pois conversariam com os urologistas, e várias respostas foram no sentido de que os médicos não aconselham a cirurgia no testículo.

Por favor, você pode me ajudar? O relatório do ultra-som dos testículos diz:
'Parenquima testicular uniforme, normo-ecogenico. Epididimos com configuração, diametros e textura normais. Sinais de dilatação do plexo venoso pampineiforme bilateral, mais acentuado a esquerda, que se mostra aparente após a manobra de valsalva, confirmado com Doppler Colorido.

Sinais de varicocele biltaral, mais acentuada a esquerda. Por fim, a cirurgia pode ou deve ser feita diretamente nos testículos?

Grata,
Beijos

Carla


Resposta do dr. Rodrigo Pagani, urologista

Existem várias maneiras para corrigir a varicocele. A cirurgia pode ser feita por via laparoscópica, via retroperitoneal, via inguinal alta, via subinguinal, e via escrotal. Hoje em dia, praticamente não se utiliza mais a técnica por via escrotal por ser muito trabalhosa e não dar bons resultados no pós operatório.

A técnica preconizada pelos especialistas em infertilidade masculina é a subinguinal, mas sempre com o auxílio de um microscópio cirúrgico. Esta técnica permite melhores resultados e menor taxa de complicação pós-operatória.

Abraços

Rodrigo Pagani


REPRODUÇÃO ASSISTIDA

Olá

Gostaria de saber telefones ou endereços de lugares que eu poderia ter GRATUITAMENTE informações sobre reprodução assistida. Meu marido fez vasectomia a quase 20 anos e agora queremos um bebê.

Agradeço a informação.

Claudia

Resposta de Cláudia Collucci

Cláudia, informações gratuitas você pode encontrar na internet, por meio de sites e colunas existentes. Tratamento gratuito já é bem mais difícil. No caso de vocês, como a vasectomia foi feita há quase 20 anos, os médicos sugerem direto a Fertilização In Vitro. Infelizmente os dois únicos serviços gratuitos de reprodução assistida --Hospital das Clínicas e Peróla Byngton-- têm filas de espera desanimadoras, em torno de 10 mil pessoas cada um. Mas não custa tentar, né?

Abraços,

Cláudia Collucci


REPRODUÇÃO ASSISTIDA 2

Prezada Cláudia:

Eu e meu marido temos 38 anos e somos casados há 12 anos e, devido aos problemas a seguir descritos, ainda não temos filhos:

'Antes de nos casarmos tive um mioma uterino muito grande e quase tive que retirar meu útero. Mas graças à habilidade de um excelente médico, consegui preservá-lo nas melhores condições. Na época, tinha somente 24 anos e foi muito triste imaginar que não poderia ser mãe...

Depois que nos casamos, ainda utilizei anti-concepcionais por 3 anos, enquanto estabilizávamos nossa vida-a-dois. Quando decidi parar de evitar a gravidez, e não consegui engravidar, consultei vários os médicos que examinaram a fundo nossas condições e identificaram um problema sério e irreversível em meu marido. Segundo os médicos, no nosso caso a concepção só seria possível através da ICSI.

Há 5 anos, realizamos 3 tentativas consecutivas que foram um sucesso, mas que infelizmente, não resultaram no desenvolvimento de uma gravidez. Foi necessária a realização de biópsia para extração de espermatozóides, devido ao problema do meu marido. Tive vários óvulos saudáveis (mais de 10 em cada tentativa) e os embriões foram classificados como excelentes, em todas as tentativas.

Depois de tanta expectativa e ansiedade, decidimos não tentar mais, devido ao grande desgaste emocional e aos altos custos dos tratamentos.

Em 2001, novamente, tive um outro mioma uterino enorme e estive às voltas com a possibilidade de ter que retirar meu útero. Mais uma vez, graças à Deus, consegui preservá-lo com o empenho do mesmo médico.'

Somos cariocas e estamos residindo em São Paulo há 1 mês. Como sempre soube que as melhores clínicas e hospitais estão localizados em SP, gostaria de saber quais seriam os hospitais que realizam este tipo de tratamento de forma gratuita na cidade (ou no estado de SP), pois atualmente não dispomos de recursos financeiros para arcar com os custos de um tratamento.

Hoje, mais do que nunca, o sonho de termos um filho se tornou uma luta contra o tempo...

Gostaríamos de tentar novamente, porque sabemos que de 1999 pra cá, as técnicas já evoluíram bastante e o tratamento deve nos proporcionar mais chances de um resultado positivo.

Realmente, não sei mais a quem recorrer nesta cidade para conseguir orientação sobre este assunto. E num site de buscas na Internet, cheguei a você!

Desculpe-me se ao relatar em detalhes nosso caso, ocupei muito do seu tempo...

De qualquer forma, agradeço antecipadamente sua atenção e aguardo ansiosamente por uma resposta!

Muito obrigada!

Valéria

Resposta de Cláudia Collucci

Cara Valéria, infelizmente os dois únicos serviços gratuitos de reprodução assistida _Hospital das Clínicas e Peróla Byngton_ têm filas de espera desanimadoras, em torno de 10 mil pessoas cada um. Há também uma restrição da idade. No HC, por exemplo, apenas 20% das vagas são destinadas a mulheres acima de 38 anos porque entende-se que as chances de gravidez são menores. Atualmente, há serviços particulares um pouco mais em conta. Tem um que devo anunciar na próxima coluna que se propõe a oferecer FIV por R$ 6.000 (já contando com o medicamento), e que parcela esse valor em até dez vezes. É óbvio que ainda é pesado, mas um menos que a maioria dos serviços em SP.

Abraços,

Cláudia Collucci


ABORTO ESPONTÂNEO

Olá Cláudia, como está?
Meu nome é Cláudia, tenho 28 anos, estou casada há quase sete anos, resolvemos ter um bebê, em Novembro/2003 descobri que estava grávida, mas logo após soube que era gravidez anembrionada, ficamos bastante tristes, como é o primeiro filho era muito esperado, fiz uma curetagem e já estou liberada para continuar tentando, entrei no site e gostei muito do fórum, existe muitas estórias, então resolvi participar para tirar algumas dúvidas e porque ainda estou preocupada.

Qual a diferença de ovo cego e gravidez anembrionada? Há possibilidade de acontecer de novo? Existe alguma explicação quando acontece este tipo de gravidez?

Desculpe por tantas perguntas, mas estou cheia de dúvidas.
Muito obrigada pela atenção.
Abraços.
Cláudia

Resposta da dra. Cláudia Gazzo

Prezada Cláudia

A gestação anembrionada ou ovo cego significa morte fetal precoce em tal momento que o ultra-som não consegue identificar a imagem fetal, dando a impressão de tratar- se de uma gestação sem feto. Ovo cego e gestação anembrionada são sinônimos.

A possibilidade de recorrência do quadro é pouco freqüente. A morte fetal , nesses casos, ocorre porque o feto apresenta uma malformação incompatível com a vida.

Atenciosamente.

Cláudia Gazzo


OLIGOSPERMIA

Cara Dra. Cláudia

Recorro-me à sua experiência e sensatez porque eu e marido estamos tentando ter um filho há um ano, sem resultados positivos. Devido a este insucesso, fizemos um espermograma em meu marido e ficou constatado uma discreta oligoospermia (cerca de 19,2mi/ml). Os outros valores hormonais como FSH, Prolactina e etc estão dentro dos padrões de normalidade. Moramos aqui na Alemanha e o urologista dele disse que a nossa única saída seria inseminação artificial.

Existe algum tratamento para corrigir esta oligoospermia? Com estes valores é mesmo impossível engravidar?

Obrigada pela atenção,

Sandra

Resposta da dra. Cláudia Gazzo:

Cara Sandra, A infertilidade é um problema conjugal. Vou responder sua pergunta supondo que a parte feminina já tenha sido investigada e não tenha sido encontrado nada. Inicialmente, o espermograma pode ser influenciado por diversas variáveis .O tempo de abstinência antes da coleta, o tempo de transporte, o método da coleta, a temperatura durante o transporte e condições do paciente na época do exame podem influenciar no resultado. Portanto, pelo menos duas analises devem ser feitas antes de dar o diagnóstico.

A concentração espermática é considerada normal quando maior de 20 milhões/ml, o que não quer dizer que pacientes com concentrações menores não possam gerar uma gestação espontânea.

Existem várias etiologias para a oligoespermia, desde fatores comportamentais ( idade,tabagismo, etilismo, drogas, etc) até fatores obstrutivos ou inflamatórios como a varicocele. Existe também a oligoespermia idiopática, isto é, aquela que não se sabe a causa. Cabe ao seu urologista tentar determinar uma provável causa e tratá-la, se possível.

A inseminação artificial é um método de reprodução assistida considerado de baixa complexidade e que se aplica perfeitamente a casos de oligoespermia leve sem outras patologias associadas. Tem bons resultados nestes casos.


DÚVIDAS

Sou a Irene tenho 31 anos de idade, tenho um filho de 10 anos. Há sete anos que já não consigo me engravidar. Fiz várias consultas de infertilidade e os médicos dizem que esta tudo bem. O que me preocupa é a dois anos pra cá tenho tido dores fortes nas nádegas e coxas ardem como se tivesse mordido por um formigueiro. Por outra, tenho algumas borbulhas nos lábios da vagina. Por favor gostaria de saber se o que eu sinto tem a ver com a endometriose ou outra doença que os médicos não detectaram. Por favor, estou desesperada porque não encontro ninguém com a mesma patologia. Ajude-me.

Resposta de Cláudia Collucci

Irene, é preciso investigar melhor essas 'borbulhas' na vagina, porque podem ser sinal de alguma DST (Doença Sexualmente Transmissíveis). Mas isso só um ginecologista pode fazê-lo. A endometriose só pode ser diagnosticada por meio de uma videolaparoscopia.

Abraços,

Cláudia Collucci


GRAVIDEZ

Tenho 52 anos, nasci em 18/10/51, quando mais moça tive aborto provocado, possuo mioma, útero miomatoso, e revertido. Posso ainda engravidar?Minha última menstruação em novembro de 2003. Me ajude. Obrigada.

Resposta de Cláudia Collucci

Maria Luiza, com essa idade, as chances de uma gravidez natural são praticamente impossíveis. Algumas clínicas de reprodução aceitam, nesses casos, fazer Fertilização In vitro com óvulos doados. Mas é preciso que um ginecologista avalie as condições do seu útero.
Abraços,

Cláudia Collucci


HISTEROSSALPINGOGRAFIA

Ola! Meu nome é Ana.

Gostaria de parabenizar o seu trabalho sempre atencioso.

Tive uma gravidez tubária, onde tive que retirar minha trompa direita no dia 02 de fevereiro de 2004. O meu médico disse que posso engravidar novamente, pois tenho uma chance de 50%, porém tenho medo que aconteça novamente, porque o mais traumatizante para mim foi ter que tirar a vida do meu bebê que já estava com 2 meses e escutei o coração dele 3 vezes antes da cirurgia. Mas entrego na mão de Deus ele sabe o que faz . Estou com 30 anos e não tenho filhos.

Eu gostaria de saber se no Rio de Janeiro existe um lugar onde eu possa tentar uma fertilização em vitro, pois já escutei falar que no hospital Pedro Ernesto em Vila Isabel existe um tratamento de indução a ovulação mas sei que é diferente da fertilização em vitro, portanto gostaria de alguma informação.

E também Claudia existe alguma possibilidade da minha trompa esquerda estar obstruída ou inflamada ? Meu médico disse que aparentemente não.

Pois ele também disse que uma das causas dessa gravidez foi a realização da histossalpinpografia que fiz em outubro de 2003 e deveria esta com uma inflamação mal curada que consequentemente passou para a trompa, e de fato me tratava em uma médica que diagnosticou uma inflamação passou alguns remédios mas disse não ser nada grave que impedisse a realização do exame.

Obrigada.

Ana

Resposta de Cláudia Collucci

Ana, só mesmo o exame chamado histerossalpingografia é capaz de mostrar se a outra trompa está ou não obstruída. Mas esse exame só pode ser feito com a saúde ginecológica perfeitamente em ordem. Alguns médicos, por precaução, receitam antiinflamatórios por precaução. Não conheço o hospital que você se referiu no Rio, mas saiba que não é porque agora você tem apenas uma trompa é só a FIV vai lhe trazer a tão sonhada gravidez. Converse com seu médico sobre essa angústia e veja o que ele lhe orienta.

Abraços,

Cláudia Collucci


MUCO HOSTIL

Olá Claúdia,

Comecei há pouco tempo a ler sua coluna e gostei muito do apoio informativo que você tem dado à várias pessoas com o mesmo problema.

Quando estamos em casa trancadas em nossos problemas, achamos que somente nós sofremos, que somos as únicas coitadinhas da face da terra! Mas lendo sua coluna a gente percebe que não somos o centrinho do mundo e que cada um carrega problemas que muitas vezes são muito parecidos com o seus.

Bem, tenho 32 anos, tento ter filhos há 02 e desde então já sabia que iria ser um pouco difícil, pois tenho ovários policísticos, descobrindo posteriormente que tenho hiperprolactemia. Tomei várias vezes o Clomid, com coito programado sem sucesso e depois das tentativas e de um exame pós-coito descobri que eu e meu marido somos incompatíveis.

Apesar destas constatações, tenho 02 perguntas que talvez você possa me esclarecer:

1º- Quando a mulher não está em seu período ovulatório, o muco fica hostil matando os espematozóides, certo? Quando fiz o pós-coito foi programada a coleta no 14° após a menstruação, mas tenho quase certeza que aquele período (14° dia) não estava ovulando. Não seria talvez por isso que o exame constatou essa incompatibilidade? (minha médica diz que não tem nada haver...). Às vezes penso em procurar um endocrino para tentar 'arrumar' meus hormônios, começar a ovular direitinho e quem sabe tentar pelo método natural...

2º- Diante da constatação do exame pós-coito, foi recomendada da Inseminação Intra-uterina. Fiz então, no último dia 15/04 a inseminação, tomei as injeções, meu organismos respondeu bem e a coleta do esperma tb foi com bons resultados. Devo fazer o BHCG lá pelo dia 30/04, mas 'sinto' que ainda não foi desta vez...(não tenho nenhum sintoma, nadinha...)

Tenho lido bastante sobre o assunto e vejo que há algumas controvérsias com relação à inseminação, alguns médicos dizem que é dinheiro jogado fora e preferem ir direto para a FIV, outros afirmam que a porcentagem na 1° inseminação é de 20%, sendo que vai aumentado acumulativamente nas outras tentativas, chegando a 80%! Posso ficar feliz com essa afirmação? Qual seu comentário?Não Seria melhor recorrer direto à FIV para não jogar dinheiro pela janela?

Obrigada pelos esclarecimentos.

Eliana

Resposta de Cláudia Collucci

Eliana, primeiramente, é preciso esclarecer alguns conceitos polêmicos:
1º - o teste pós-coital deixou, há muito tempo, de ser parâmetro de avaliação da infertilidade. Isso porque várias pesquisas já demonstraram que muitos casais que são 'reprovados' neste teste, conseguem engravidar naturalmente (se não houver outros fatores de infertilidade envolvidos). O problema é que muitas vezes os 'bons' espermatozóides já subiram o canal cervical na hora do exame.
2º - há protocolos de reprodução assistida que devem ser seguidos. A FIV deve ser indicada em casos precisos e não como uma alternativa para aumentar as taxas de gravidez. Aliás, tenha cuidado com isso. As chances da FIV não passam de 30%, ou sej, são muito próximas à da inseminação, mas, por outro lado, o procedimento é bem mais caro. Portanto, o casal deve questionar muito a indicação, pensar na possibilidade dos embriões excedentes e o que fazer com eles. É o que eu penso.

Abraços,

Cláudia Collucci

PARTICIPE COM OUTROS INTERNAUTAS DO FÓRUM DE INFERTILIDADE
Cláudia Collucci, repórter da Folha de S. Paulo, é mestre em História da Ciência pela PUC-SP e autora dos livros "Por que a gravidez não vem?", da editora Atheneu, e "Quero ser Mãe", da editora Palavra Mágica. Escreve quinzenalmente na Folha Online.

E-mail: claudiacollucci@uol.com.br

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