Quero Ser Mãe
28/01/2005
colunista da Folha Online
Queridas (as), depois de um longo sumiço, estou de volta. Sofri um acidente durante as minhas férias, o que me manteve um pouco afastada de algumas das minhas atividades. Mas aqui estou. Um assunto que está na ordem do dia, pelo menos nesta coluna, é a maneira deturpada com que a esterilidade está sendo abordada na novela "Senhora do Destino", da Rede Globo.
Dias desses, em um dos raros dias em que consegui assistir a novela, deparei-me com a personagem Isabel (Carolina Dickemann) contanto à personagem Cláudia (Leandra Leal) a discussão que tivera como a megera Nazaré (Renata Sorrah). A pérola era a seguinte: "Ela me olhou com aquele olhar de ódio de mulher estéril para uma mulher grávida". Gente, isso é um absurdo!
No momento em que trabalhamos tanto para acabar com o preconceito que ainda existe neste país em relação à infertilidade ou as dificuldades de gravidez, a Globo presta com grande desserviço à sociedade associando a imagem de uma mulher louca e mau-caráter à esterilidade.
Daqui a pouco, as grávidas vão começar a evitar a contar para suas amigas que ainda não têm filhos a sua condição temendo o tal "olhar de ódio".
Creio que não podemos deixar isso quieto. Por mais que seja uma ficção, a novela também tem objetivo de educar. Tanto é que está cumprindo muito bem esse papel no caso do mal de Alzheimer vivido pela personagem Laura (Glória Menezes).
Já bastam os desconfortos naturais sofridos pelas mulheres com dificuldade de gravidez, seja do ponto de vista emocional, físico, ou financeiro. Não é preciso que uma novela venha a colocar mais lenha nessa fogueira.
Aliás, a ONG Statamo de educação e saúde, que desenvolve projeto sobre direitos reprodutivos no Brasil, deve encaminhar um protesto formal à Globo sobre isso.
Espaço do leitor - Por enquanto, estou sem condições de publicar o espaço do leitor. Foram centenas as mensagens que recebi nesse período de ausência que, aos poucos, tenho respondido e encaminhado aos especialistas.
PARTICIPE COM OUTROS INTERNAUTAS DO FÓRUM DE INFERTILIDADE
Leia mais
Coluna passa a ser blog do UOL
A visão deturpada da esterilidade
CLÁUDIA COLLUCCIcolunista da Folha Online
Queridas (as), depois de um longo sumiço, estou de volta. Sofri um acidente durante as minhas férias, o que me manteve um pouco afastada de algumas das minhas atividades. Mas aqui estou. Um assunto que está na ordem do dia, pelo menos nesta coluna, é a maneira deturpada com que a esterilidade está sendo abordada na novela "Senhora do Destino", da Rede Globo.
Dias desses, em um dos raros dias em que consegui assistir a novela, deparei-me com a personagem Isabel (Carolina Dickemann) contanto à personagem Cláudia (Leandra Leal) a discussão que tivera como a megera Nazaré (Renata Sorrah). A pérola era a seguinte: "Ela me olhou com aquele olhar de ódio de mulher estéril para uma mulher grávida". Gente, isso é um absurdo!
No momento em que trabalhamos tanto para acabar com o preconceito que ainda existe neste país em relação à infertilidade ou as dificuldades de gravidez, a Globo presta com grande desserviço à sociedade associando a imagem de uma mulher louca e mau-caráter à esterilidade.
Daqui a pouco, as grávidas vão começar a evitar a contar para suas amigas que ainda não têm filhos a sua condição temendo o tal "olhar de ódio".
Creio que não podemos deixar isso quieto. Por mais que seja uma ficção, a novela também tem objetivo de educar. Tanto é que está cumprindo muito bem esse papel no caso do mal de Alzheimer vivido pela personagem Laura (Glória Menezes).
Já bastam os desconfortos naturais sofridos pelas mulheres com dificuldade de gravidez, seja do ponto de vista emocional, físico, ou financeiro. Não é preciso que uma novela venha a colocar mais lenha nessa fogueira.
Aliás, a ONG Statamo de educação e saúde, que desenvolve projeto sobre direitos reprodutivos no Brasil, deve encaminhar um protesto formal à Globo sobre isso.
Espaço do leitor - Por enquanto, estou sem condições de publicar o espaço do leitor. Foram centenas as mensagens que recebi nesse período de ausência que, aos poucos, tenho respondido e encaminhado aos especialistas.
PARTICIPE COM OUTROS INTERNAUTAS DO FÓRUM DE INFERTILIDADE
Leia mais
Cláudia Collucci, repórter da Folha de S. Paulo, é mestre em História da Ciência pela PUC-SP e autora dos livros "Por que a gravidez não vem?", da editora Atheneu, e "Quero ser Mãe", da editora Palavra Mágica. Escreve quinzenalmente na Folha Online. E-mail: claudiacollucci@uol.com.br |