Colunas

Quero Ser Mãe

30/08/2001

Espaço dos leitores

  • Doação de embriões

    Querida Cláudia,
    Lendo a sua matéria sobre os "Polêmicos Embriões", resolvi contar a minha história: eu sou uma das pessoas que percorreu clínicas de fertilização para ter um bebê e não tive sucesso: primeiro porque só tentamos a inseminação artificial, por seis vezes, e o nosso dinheiro acabou: os remédios são caros, e paga-se tudo, ultrassons, honorários médicos, etc.

    Por fim informaram-nos que só pelo "bebê de proveta" (fertilização in vitro) poderia dar certo, mas precisarímos de pelo menos entre R$ 10 mil a 15 mil, e não temos. Perguntamos se algum casal não gostaria de doar embriões para nós, pois sabíamos dos vários que são abandonados e simplesmente eles cobrariam também.

    Cláudia, estamos acabados e sem dinheiro, será que não há mesmo algum casal que não queira doar embriões pära nós? Com certeza este bebê será tão bem-vindo e amado e com vida, ao contrário de ser usado para experiências ou mesmo destruídos.
    Marina, São Paulo (SP)

    Resposta:

    Marina, segue abaixo a resposta do dr. Edson Borges para a sua dúvida sobre doação de embriões. Um abraço e continue mantendo contato.
    Cláudia Collucci

    Cara sra. Marina,

    O procedimento de doação de embriões é indicado para casais onde ambos não têm a probabilidade de produzir gametas (espermatozóides e óvulos).

    Não acho que seria uma boa alternativa adotar esta conduta para o caso de vocês, deixando esta condição como última opção. A transferência de embriões criopreservados requer um acompanhamento por ultra-sonografia e acompanhamento médico durante o procedimento. Não é tão dispendioso quanto a fertilização in vitro porém, implica em gastos.
    Dr. Edson Borges Jr.
    Web site: www.fertility.com.br
    E-mail: edson@fertility.com.br

  • Pré-eclâmpsia

    Cláudia,
    Tenho 36 anos e já tive algumas complicações ginecológicas. Tive um aborto aos 18 anos e perdi um bebê no 8º mês de gestação por causa de uma pré-eclâmpsia (tinha 26 anos e tive que fazer uma cesariana "na marra", ou seja, sem anestesia).

    Hoje, casada pela 2ª vez, tenho planos de engravidar no ano que vem (quando completarei 37 anos). Tenho muita vontade de realizar o sonho de ser mãe, mas também muito medo devido a este triste histórico. Embora já tenha conversado com minha médica no Brasil (moro há dois anos no Porto, Portugal) e com minha médica daqui (as quais tentaram me tranquilizar) ainda tenho muitas dúvidas, insegurança e medo de que tudo aconteça novamente.

    Gostaria de saber, escutar e obter mais informações sobre os riscos e cuidados de uma gravidez nessa altura.
    Patrícia, Porto (Portugal)

    Resposta:
    A pré-eclâmpsia é uma patologia associada geralmente a um aumento de pressão durante a gestação. O aumento da idade para a gravidez, aumenta um pouco a possibilidade de hipertensão; ainda, a ocorrência de uma pré-eclâmpsia anterior, também aumenta um pouco uma nova ocorrência semelhante.

    Isto não contraindica uma nova gestação; apenas reforça a necessidade de um controle mais rigoroso para a pressão arterial e o desenvolvimento do feto.
    Dr. Edson Borges Jr.
    Web site: www.fertility.com.br
    E-mail: edson@fertility.com.br

  • Embriões

    Oi Cláudia,

    Somente hoje me deparei com você e me reconheci na sua coluna. Todos os assuntos relacionados a endometriose, infertilidade, fertilização em vitro e adoção, são questões que me afetam e que tem me feito refletir sobre coisas que nunca me preocuparam anteriormente.

    O interessante é que você está falando de situações que estão sendo a cada dia mais comuns, mas que devem ter uma discussão ética como base. Por exemplo esta questão dos embriões que não podem ser dos pais os mesmos que pagam muito caro pelo tratamento) e que podem inclusive, se for assim definido em lei, serem doados para estranhos...

    Parabéns pelo seu trabalho, que coloca um tanto de realidade e que faz pensar eticamente sobre estas coisas.
    Maira

    Resposta:
    Maira,

    Obrigada pelo retorno. Concordo com você. É necessário o quanto antes que sociedade acorde para esse problema e comece a discutir as várias questões éticas que envolvem as técnicas de reprodução assistida, especialmente, no Brasil onde ainda não existem leis regulamentando a prática. Um abraço,
    Cláudia Collucci

  • Gravidez

    Oi Claudia, tudo bom?

    Escrevi a você pedindo a indicação de um profissional em termos financeiros mais acessível há mais ou menos um mês, lembra? Bom, já iniciei o tratamento. Minha ICSI está marcada para o dia 30, agora, provavelmente. Tenho certeza de que engravidarei de gêmeos.

    Primeiramente, queria agradecer-lhe, pela sua paciência, disposição e sensibilidade como ser humano ao ajudar a todas nós, mulheres, que por quaisquer razões não pudemos engravidar naturalmente.

    Descobri um novo mundo através da sua coluna e das suas palavras. E acho que falta, às mulheres que passam por problemas de infertilidade, esforço no sentido de procurar informações completas e consultar fontes confiáveis.

    Depois, queria falar-lhe daquele assunto que te contei uma vez, de tráfico de remédios para infertilidade. Não é à toa que isso acontece...só eu (que não tenho nenhum problema) vou gastar quase R$ 3 mil em medicação!!!

    Mais de R$ 300 reais no remédio reliser (que é para inibir a ovulação) e R$ 220 reais em CADA injeção de um remédio chamado gonal - que serve para induzir a ovulação - e vou precisar de umas 10!!!

    Assim, mesmo com os tratamentos barateados, fica impossível alguém de classe mais humilde fazer o tratamento...

    Liguei para o laboratório, o Serono, que infelizmente diz que não vende diretamente, só através de seus representantes.

    Fui em dois médicos. O primeiro pediu pela ICSI completa (incluindo a extração de espermatozóides no epidídimo) 10 mil reais. O segundo vai cobrar por tudo, R$ 4 mil. Veja a diferença...

    Isso sem contar os quase R$ 3 mil de medicamentos...E o parto também. No primeiro, a quantia estipulada para o parto foi de 15 diárias da maternidade que eu escolhesse (só para o cirurgião) e mais a equipe. Fiz as contas, contando as diárias do Einstein (que o meu convênio cobre) e o total ficou algo em torno de R$ 11 mil reais...

    Completamente de outro mundo, você não acha?

    Bom, final da história...ainda estou sem obstetra, mas o médico que vai fazer a fertilização também é obstetra, só não sei o preço dele ainda.

    Estou lhe contando tudo isso porque ficamos muito revoltados (eu e o meu marido) e com muita pena de quem não tem condições.

    Um grande beijo e muito obrigada!!!
    Juliana, São Paulo (SP)

    Resposta:
    Oi Juliana,

    Fiquei muito feliz com o seu retorno e, principalmente, com as informações que você passou sobre os preços de medicamentos e procedimentos. Creio que elas serão úteis para muita gente. Conte para a gente depois como foi o tratamento. Estamos todas na torcida, tá? Boa sorte e um grande beijo,
    Cláudia Collucci

  • Distrofia

    Olá,

    Meu nome é Nataline, e li tudo o que foi dito sobre as pesquisas com embriões. Fico me perguntando até que ponto chega o egoísmo das pessoas.

    Falo isso, porque só eu, e mais de 100 mil mães, sabe o tanto que é importante a ciência buscar meios para tentar descobrir tratamentos para uma série de doenças genéticas, uma delas, aliás, eu e essas mães estamos enfrentando com nossos filhos, pois eles tem uma doença degenerativa e incurável nos músculos, levando uma criança toda perfeita mentamente passar pela maior dor, que é ficar atrofiada em uma cadeira de rodas até a morte, que não passa dos 20 anos.

    Muitos não conhecem essa doença e só mesmo por meio de pesquisas é que podemos ver uma luz no fim do túnel. Aí eu te pergunto? Não é mais digno tentar dar um pouco de alegria para essas crianças que vieram ao mundo sem saber que teriam que enfrentar este mal horrível, do que filosafar demagogicamente sobre "VIDA", sabendo que tem mais milhões de outras vidas tentando desesperadamente viver com saúde, aliás viver pelo menos podendo andar?

    Só mesmo uma mãe passando por essa tremenda dor, pior que qualquer outra doença, entenderia o quanto é importante a ciência evoluir, nem que seja para isso, sacrificar outros, que nem ao menos conhecem o tanto que é importante estar vivo e com saúde. Desculpe-me, mas é que dói muito ver as pessoas discutindo seus pensamentos moralistas e egoístas, sem enxergar a dor do outro.

    Deus há de permitir, pelo meu filho, e por todas as outras crianças com distrofia, que os cientistas passem por cima de todas essas opiniões egoístas, e descubram a cura dessas doenças genéticas. Muito obrigada
    Nataline

    Resposta:

    Cara Nataline,

    Sinceramente, lamento pelo a dor que seu filho, você e toda a sua família estão passando. Assim como a distrofia muscular existem outras dezenas de doenças genéticas desconhecidas e cuja cura depende ainda de muita pesquisa científica. Daí a importância da clonagem terapêutica, a qual eu defendo.

    Infelizmente, é possível que alguns cientistas vão fazer mal uso da técnica, mas não podemos frear uma pesquisa dessa importância por conta de pessoas sem ética e sem escrúpulos. Por conta disso, é importante termos leis bem claras no nosso país e fazer cumpri-las. Um abraço.
    Cláudia Collucci

  • Lesão medular

    Olá Claudia,

    Eu gostaria de tirar uma dúvida a respeito das pessoas que ficaram paralíticas por causa de acidentes. A técnica de clonagem terapêutica permite o uso dessas células em estudos para o tratamento da medula torax e sevical?

    Pois sou paralítico devido a um acidente. E gostaria muito de saber algo sobre esse tipo de lesão medular.

    Abraço,
    Franco Lopes, São Paulo (SP)

    Resposta 1:
    Oi Franco,

    Seguem abaixo algumas informações sobre a lesão medular e, em seguida, a resposta do médico Edson Borges para a sua pergunta sobre clonagem terapêutica. Abraços,
    Cláudia Collucci

    Lesão medular - Reabilitação passo a passo

    Tipos

    - Completa
  • Paraplegia: membros inferiores ficam paralisados
  • Tetraplegia: membros inferiores e superiores ficam paralisados

    - Incompleta
  • Paraparesia: membros inferiores paralisados mas pode haver um pouco de sensilidade ou movimento
  • Tetraparesia: membros inferiores e superiores paralisados, mas com algum resíduo de sensibilidade ou movimento

    - O que afeta:
    As lesões podem comprometer a marcha, o movimento dos braços, alteração da sensibilidade nos membros inferiores e superiores (o paciente tem diminuída a capacidade de sentir dor, temperatura, toque) e diminuição no controle da bexiga, do intestino e da parte sexual

    - Quando é reversível?
    Em tese, quando a recuperação da sensibilidade e do controle fisiológico do paciente é progressiva e acontece no intervalo de seis meses a um ano

    - O que pode ser feito para melhorar a qualidade de vida do paciente:
  • Diagnosticar e prevenir complicações comuns ao quadro. Desde mudanças de posição constante: por não sentir desconforto quando está numa determinada posição, o paraplégico, por exemplo, permanece estático por muito tempo, o que favorece o aparecimento de lesões na pele: a tratamentos para evitar cálculos renais e osteoporose. A falta de estímulo faz o cálcio sair dos ossos e se depositar em regiões como os rins.
  • Fisioterapia, terapia ocupacional, psicoterapia

    Resposta 2:
    Caro sr. Franco Lopes,

    O estudo com células troncos começa a ser divulgado, mas ainda são considerados experimentais.

    Em um futuro próximo, serão desenvolvidos embriões in vitro que, durante sua evolução inicial, todos os tecidos deste embrião seriam "paralisados" e somente seguiria o desenvolvimento do tecido neurológico. Este tecido, então, poderia ser transplantado para a medula espinal, como alternativa de regeneração de tecido neurológico. É importante salientar que são estudos experimentais, ainda em animais, não podendo ser oferecida esta tecnologia para a espécie humana.
    Dr. Edson Borges Jr.
    Web site: www.fertility.com.br
    E-mail: edson@fertility.com.br
    Cláudia Collucci, repórter da Folha de S. Paulo, é mestre em História da Ciência pela PUC-SP e autora dos livros "Por que a gravidez não vem?", da editora Atheneu, e "Quero ser Mãe", da editora Palavra Mágica. Escreve quinzenalmente na Folha Online.

    E-mail: claudiacollucci@uol.com.br

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