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Quero Ser Mãe

29/08/2002

Por que não um tratamento mais alternativo?

CLÁUDIA COLLUCCI
colunista da Folha Online

Ao mediar um debate sobre menopausa na última terça-feira, no auditório da Folha, em que foram discutidos diversos aspectos da reposição hormonal, mais uma vez houve um embate entre os médicos que defendem a reposição com hormônios sintéticos e os que são favoráveis ao uso dos fitohormônios e outros tratamentos alternativos. Na hora, remeti-me à questão da reprodução assistida, especialmente no que diz respeito à correção de problemas hormonais e à própria indução da ovulação. Falar do tratamento de problemas relacionados à infertilidade por vias alternativas ainda é um tabu entre os profissionais da área de medicina reprodutiva.

Questionei de alguns deles o porquê de não se tentar caminhos alternativos para corrigir problemas hormonais específicos do casal. A maioria foi unânime em afirmar que o tratamento, nos casos de infertilidade, tem de ser "agressivo" mesmo (com hormônios sintéticos), do contrário não surtiria efeito.

Médicos homeopatas ou adeptos dos fitohormônios e acupunturistas, por sua vez, relatam casos de sucesso de gravidez a partir de tratamentos alternativos. O uso da progesterona natural e isoflavona (estrógeno obtido a partir da soja) são algumas das opções para as mulheres. Sem falar da acupuntura, capaz de reduzir miomas e aumentar a produção espermática do homem. Ouvi atentamente essas duas vertentes e a conclusão é que, como tudo em ciência, não há unanimidade e a decisão tem que ser de cada um de nós.

Como adepta da homeopatia, da acupuntura e da yoga, sou meio suspeita para opinar. Procuro me manter imparcial por acreditar que todos nós somos "maiores e vacinados" e devemos optar pelo tratamento que melhor nos convier.

Mas uma questão eu acho importante comentar aqui. Quanto mais o tempo passa, quanto mais eu pesquiso, mais eu creio que não dá para continuarmos sendo tratadas como um par de ovários doentes. Somos muito mais e nem nos damos conta disso. Essa visão mecanicista do universo, de que o nosso corpo funciona como uma máquina, nem de longe é a única, nem de longe é a verdadeira, embora seja a que prevaleça ainda na medicina convencional.

Como historiadora da ciência que agora sou, respeito todas as visões de mundo. E quando falamos do nosso mundo particular é essencial o respeito pela tríade corpo, mente e alma. Voltando à questão da infertilidade, muitas vezes, na ânsia de ver um sonho realizado, ou seja, o tão esperado bebê, esquecemos disso. Passamos a nos ver apenas como um conjunto formado por útero, ovários e trompas. Esquecemos que eles são apenas parte de uma engrenagem muito mais complexa e que precisa, toda ela, estar azeitada para tudo funcionar bem. Nessa busca da gravidez a qualquer preço, muitas vezes insana, esquecemos de respeitar o nosso corpo, de tocá-lo, de ouvir suas queixas. Esquecemos de cuidar da nossa mente, que se obscurece e não nos dá a direção correta dos caminhos a serem trilhados. E, finalmente, esquecemos que temos uma alma linda que, embora não não seja tocada como os nossos ovários, útero e trompas, está ali presente em cada um de nós, precisando de constantes cuidados. Por favor, pensem nisso seja quais forem as armas que estão utilizando nessa batalha. Muita luz para todas nós. Abraços. Cláudia.

"Que você possa viver todos os dias de sua vida" - Jonathan Swift (1667-1745).

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Um dos médicos colaboradores do "Espaço dos Leitores", dr. Arnaldo Schizzi Cambiaghi convida todas (os) para o lançamento do seu novo livro "Fertilização - um ato de amor". Será no próximo dia 5 de setembro, a partir das 18h30, na livraria Cultura do Shopping Villa Lobos (av. das Nações Unidas, 4.777). A renda arrecadada da venda dos livros no dia do lançamento será doada para a Fundação Dorina Nowill para Cegos.

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E por falar em livro, no próximo domingo, dia 1º de setembro, estarei autografando meu livro "Quero ser Mãe", na Feira do Livro de Ribeirão Preto, que vai acontecer na praça XV de Novembro (em frente ao teatro Pedro II, do lado do Pinguim). A sessão de autógrafos será no estande da editora Palavra Mágica, das 10h30 às 11h30. Fica o convite para quem quiser aparecer para trocar idéias.

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Cláudia Collucci, repórter da Folha de S. Paulo, é mestre em História da Ciência pela PUC-SP e autora dos livros "Por que a gravidez não vem?", da editora Atheneu, e "Quero ser Mãe", da editora Palavra Mágica. Escreve quinzenalmente na Folha Online.

E-mail: claudiacollucci@uol.com.br

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