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Regra 10

19/10/2007

Maracanã desrespeita torcedor

da Folha Online

No geral, a festa no Maracanã para o jogo da seleção com o Equador foi muito bonita. Pelo menos para quem viu o jogo pela televisão, como eu. Mas, nos detalhes, parece que ainda falta muito para fazer do estádio um local apropriado para receber jogos de uma Copa do Mundo.

A reportagem da Folha de quinta-feira (18/10) que mostra os problemas com a superlotação me assustaram bastante. Foram desrespeitadas diversas normas da Fifa.

Em diversos setores do estádio, a superlotação fez com que torcedores que pagaram ingresso tivessem que assistir ao jogo em pé. E assim, mesmo quem conseguiu sua cadeira teve que se levantar para poder enxergar o campo. Até os corredores estavam lotados, com gente em pé assistindo à partida.

Isso é inadmissível em um jogo de Copa. Na verdade, é inadmissível em qualquer jogo, seja de Copa, de eliminatórias, do Brasileiro, da Série B, Série C, o que for. Mas é assim que continua sendo no Brasil.

Por que será que é tão difícil respeitar o direito do consumidor? Muitas vezes a desculpa que se dá é a de que a cultura brasileira não é essa de assistir ao jogo no local marcado no bilhete, que não é essa nossa tradição. Mas que passe a ser, então. O que está errado tem que ser corrigido. E as eliminatórias poderiam ser uma ótima oportunidade para testar o respeito ao torcedor antes de receber a Copa.

Na Copa do Mundo da Alemanha, que tive a oportunidade de acompanhar in loco, todos que foram aos estádios assistiram aos jogos nos lugares marcados. Logo ao entrar no estádio, diversos funcionários (os voluntários) indicavam aos torcedores a qual setor se dirigir, em que fileira estava seu assento, tudo muito simples e fácil.

É assim também nos jogos do Campeonato Alemão, do Inglês, do Espanhol, do Italiano, na NBA, na NFL, na MLB. Por que não pode ser assim aqui?

Além não poder usufruir de seu direito de ter um lugar reservado nas arquibancadas, o torcedor que foi ao Maracanã sofreu também com a falta de estacionamentos --teve que pagar aos flanelinhas para deixar o carro na rua (até R$ 50). O transporte coletivo para o estádio ainda é precário.

Depois da partida, o técnico Dunga disse que o jogo foi "uma demonstração de que o Brasil tem condições de sediar a Copa do Mundo". Para mim, pareceu justamente o contrário.

A Copa pode ser realizada no Brasil, sem dúvida, mas, pelo menos hoje, não uma Copa que respeite o torcedor.

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Entre os pontos positivos do jogo no Maracanã esteve a presença de diversas famílias, muitas mulheres e crianças, e o cenário de paz, sem torcedores violentos, como relataram os jornais.

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Se o Brasil fosse estrear agora na Copa do Mundo, o time que veríamos seria esse que jogou contra Colômbia e Equador. O gol, a zaga e o meio-campo me parecem bastante convincentes. Mas as laterais e o ataque ainda não são ideais.

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Enquanto a seleção principal já está montada, ou pelo menos sua base, a seleção olímpica, que tenta no ano que vem, em Pequim, o ouro inédito, ainda nem começou a ser montada. Sem contar os três atletas que podem ter mais de 23 anos, o time brasileiro poderia ser o seguinte: Diego (Almería-ESP); Ilsinho (Shakhtar-UCR), Alex Silva (São Paulo), Breno (São Paulo) e Marcelo (Real Madrid); Lucas (Liverpool), Hernanes (São Paulo), Diego (Werder Bremen) e Willian (Shakhtar-UCR); Anderson (Manchester United) e Alexandre Pato (Milan).

Isso é só uma escolha rápida minha, é claro. Muitos outros poderiam entrar, como Caio (Palmeiras), Carlinhos (Santos), Thiago Neves (Fluminense), Renato Augusto (Flamengo), Rafael Sóbis (Betis), Jô (CSKA), Rafinha (Schalke 04), Edcarlos (Benfica), Denilson (Arsenal), etc, etc.

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Sempre Túlio. Depois de romper a barreira dos 800 gols (está agora com 805, com os dois marcados na noite de quinta diante do Bahia), o atacante do Vila Nova-GO disse agora que quer se candidatar a vereador por Goiânia. O artilheiro da Série C do Brasileiro até já se filiou ao PMDB. E sonha inclusive com vôos mais altos. Quer também chegar a ser deputado, secretário estadual e, finalmente, ministro do Esporte.

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Piada pronta: O Inter vai vender o Pinga para o Al Garrafa.

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E, para dar um pouco de risada, reveja essa lambança do goleiro no Japão e este belíssimo escanteio cobrado pelo Ricardinho, do Coritiba.

Eduardo Vieira da Costa foi repórter do diário "Lance" e da Folha Online, onde atualmente é editor de Esporte. Escreve a coluna Regra 10, semanalmente, às sextas-feiras, além de comentar futebol em podcast neste mesmo dia.

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