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Regra 10

07/12/2007

O Romário que Romário não queria

EDUARDO VIEIRA DA COSTA
Editor de Esporte da Folha Online

No início de sua carreira, Romário dizia que iria pendurar as chuteiras aos 28 anos. Esta é a idade que o atacante tinha na Copa do Mundo de 1994. No final daquele ano, chegou de fato a anunciar a aposentadoria. "Parei. Não dá mais. Não tenho mais vontade", disse.

Hoje, aos 41, fecha mais uma temporada na ativa. Deve ser inacreditável até para ele próprio. Mais ainda depois de Eurico Miranda ter anunciado que ele será técnico e jogador do Vasco no Estadual de 2008.

Esta aí mais uma coisa que o atacante jamais admitiu, a possibilidade de vir a se tornar treinador. Principalmente por sua aversão a acordar cedo.

Ou seja, Romário será no ano que vem tudo o que não queria ser tempos atrás. Jogador profissional na ativa aos 42 anos --faz aniversário em janeiro-- e técnico.

É histórico, vai para todos os almanaques do futebol, rende notícias etc. Mas para o Vasco não me parece ser um bom negócio. Tanto ter Romário como jogador quanto como técnico.

Neste ano, o Baixinho atingiu a marca histórica dos mil gols, de acordo com suas contas pessoais, mas não ajudou o Vasco a conseguir nada. E fechou o ano anunciando seu próprio doping, o que deve render uma suspensão.

Como técnico, ele não tem experiência, apesar de já ter feito uma única partida neste ano com a dupla função de técnico e jogador --vitória por 1 a 0 sobre o América do México, resultado que acabou eliminando a equipe da Copa Sul-Americana.

A história de Romário no futebol é muito bonita, mas corre o risco de terminar de maneira melancólica. E totalmente desnecessária.

Por sua vez, o Vasco, se continuar com essas "extravagâncias", no mínimo não entra nas listas de favoritos a títulos em 2008. E, sim, isso pode ser considerado um eufemismo.

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Na mais famosa experiência brasileira de técnico-jogador, Renato Gaúcho fez feio no Fluminense. Em 1996, ele assumiu o time como interino, antes de encerrar a carreira nos gramados, mas não livrou o time do rebaixamento.

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Com o suposto salário de R$ 360 mil, acho que o técnico Mano Menezes deveria fazer milagres no Corinthians. É muito dinheiro. Grandes executivos de grandes corporações ganham muito menos na maior parte dos casos. Os melhores profissionais das áreas mais concorridas ficam longe disso. Por isso, acho que o Mano deve ser cobrado por aquilo que recebe. Se fosse eu quem estivesse pagando, não aceitaria menos do que vitórias em todos os jogos disputados. Ou pelo menos em quase todos. Radical? Ué, porque eu pagaria a alguém R$ 4.320 milhões em um ano, ou seja, um prêmio de loteria, se não fosse para ter esse tipo de resultado?

Eduardo Vieira da Costa foi repórter do diário "Lance" e da Folha Online, onde atualmente é editor de Esporte. Escreve a coluna Regra 10, semanalmente, às sextas-feiras, além de comentar futebol em podcast neste mesmo dia.

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