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Regra 10

01/02/2008

Bruxa bizarra solta

EDUARDO VIEIRA DA COSTA
Editor de Esporte da Folha Online

Certa vez um amigo recebeu um aviso de seu médico: Você pode se contundir a qualquer momento andando. Um outro jogou uma pelada sem problemas. Sentou-se para tomar umas cervejas em seguida e, meia hora depois, caiu da cadeira e rolou pelo chão com uma contusão no joelho. Nenhum dos dois, porém, é atleta profissional.

Mas quem pensa que lesões bizarras acontece apenas a cidadãos "comuns" está muito enganado.

Nesta semana, o zagueiro brasileiro David Luiz, do Benfica, se deu mal. Ele virou baixa do time por causa de um trauma no pé direito. A contusão aconteceu em um inocente salto para festejar um gol. O pior é que o gol nem tinha sido marcado por ele.

A notícia me lembrou na hora de um lance clássico de contusão em comemoração. André Catimba fez algo quase impossível na final do Gauchão de 1977. Após marcar um gol, quis dar uma cambalhota no ar, desistiu quando já estava voando e acabou se estatelando no chão. Segundo sua versão, teria sentido uma fisgada na coxa quando foi pular.

Outro clássico em comemoração é o de Palermo. Em 2001, o atacante argentino foi comemorar um gol pelo Villarreal com torcedores, um pequeno muro cedeu e o jogador sofreu uma dupla fratura na perna.

Em 2004, Paulo Diogo, meia de origem portuguesa do Servette, perdeu um dedo celebrando um gol de sua equipe, após sua aliança ter ficado enganchada no alambrado. Além da amputação, ele ainda levou cartão amarelo do árbitro.

Outras situações são ainda mais bizarras.

O atacante Leroy Lita desfalcou o Reading na estréia do Campeonato Inglês, em 2007, por ter sofrido uma lesão na perna ao se espreguiçar, logo depois de acordar.

Na Copa do Mundo de 2002, o volante Albelda sofreu uma lesão definida pelo médico como "torção nos testículos". O técnico Antônio Camacho não resistiu e foi às gargalhadas na hora de explicar a ausência do jogador à imprensa.

O zagueiro italiano Alessandro Nesta, por sua vez, teve que ser operado por uma ruptura no tendão de um dedo da mão esquerda em 2005. O motivo não foi confirmado oficialmente, mas, segundo a imprensa italiana, o jogador conseguiu a lesão por jogar playstation demais.

Em 2001, o zagueiro inglês Rio Ferdinand não precisou nem se mexer. Estava em casa, vendo TV com os pés sobre uma mesinha por várias horas seguidas. Quando foi se mexer, sentiu uma distensão. A imprensa inglesa brincou que não haveria outra saída para a recuperação do jogador: ficar em casa com os pés para cima vendo TV.

Em um Flamengo x Rio Branco pela Copa do Brasil, em 1997, o goleio do time do Acre, além de ter levado cinco gols, ainda sofreu por outro motivo. Leopoldo quase morreu engasgado com a própria dentadura.

E em 1995, o reserva Ranielli estava fazendo aquecimento na beira do gramado para entrar no time do Santos quando caiu no chão devido a uma torção no joelho. Sem entrar em campo, teve que ser retirado de maca, aos gritos.

Pior ainda (ou melhor, em certo sentido) são os "causos", aqueles que nem dá para saber se são verdade ou mentira.

Um exemplo é o que diz que o Viola ficou fora de algumas partidas do Palmeiras por causa de furúnculos. E os furúnculos teriam aparecido porque ele chupou manga demais. Fantástico.

E tem o caso do jogador do Crystal Palace que teria desfalcado seu time depois de tentar fazer uma posição sexual do Kama Sutra e ficar todo travado.

Um jogador do Botafogo, conta-se, ficou fora de um jogo depois de dar um espirro forte demais, o que acabou lhe rendendo uma lesão muscular nas costas.

Mas nada supera uma história de um jogador chamado Índio, com passagem pelo Internacional, que teria deixado um jogo alegando estar possuído pelo demônio. Um raríssimo caso de contusão sobrenatural.

*

Vale a pena ver o vídeo da contusão do André Catimba. A foto do lance impressiona tanto quanto ou mais.

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A coluna Regra 10 entra em férias e volta a ser publicada no dia 7 de março.

Eduardo Vieira da Costa foi repórter do diário "Lance" e da Folha Online, onde atualmente é editor de Esporte. Escreve a coluna Regra 10, semanalmente, às sextas-feiras, além de comentar futebol em podcast neste mesmo dia.

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