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Regra 10

13/01/2006

O Corinthians precisa é de um Bosman

EDUARDO VIEIRA DA COSTA
Editor de Esporte da Folha Online

Herrera; Lugano, Sebá e Júlio Manzur; Mascherano, Maldonado, Tevez e Escalona; Lipatín, Gioino e Ramírez. Técnico: Darío Pereyra.

Imagine o Corinthians entrando em campo com esta formação. Ou o Palmeiras. Ou qualquer time do Brasil. Pois é. Vamos ter que ficar só na imaginação, apesar de todos serem atletas que pertencem a clubes brasileiros.

No Brasil, as competições --em geral-- aceitam a inscrição de apenas três jogadores estrangeiros. O problema é que nos últimos anos o número de gringos que jogam por aqui vem se multiplicando.

Tanto que o Corinthians enfrenta atualmente uma situação um tanto quanto rara para o futebol nacional: contratou seu quarto estrangeiro, o goleiro chileno Herrera, que se juntou aos argentinos Sebá, Macherano e Tevez. Só que um deles obrigatoriamente ficará encostado.

O Palmeiras também se viu nesta sinuca de bico há pouco tempo. O clube ficou na iminência de contratar o equatoriano Félix Borja, mas já contava com o paraguaio Gamarra, o colombiano Muñoz e o argentino Gioino. O negócio melou.

Mas na Europa é diferente. Times como o Energy Cottbus (Alemanha), Chelsea e Arsenal (Inglaterra) já entraram em campo com 11 jogadores de fora de seus países. O Arsenal foi além e conseguiu escalar em uma partida 11 estrangeiros e mais cinco não-ingleses no banco de reservas.

Outro dado curioso, apesar de não representar exatamente a mesma coisa: o Beveren, da Bélgica, já chegou a iniciar jogos com 11 jogadores oriundos da Costa do Marfim! Com cidadania belga, é claro.

Tudo isso é possível na Europa graças à lei Bosman, que estipula que os jogadores comunitários possuem a mesma liberdade de circulação que os demais trabalhadores da Comunidade Européia --estão aptos a jogar em qualquer país-membro sem ocupar vaga de estrangeiro.

Se valesse o mesmo para o Mercosul, pelo menos os atletas de Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Bolívia poderiam circular livremente. E poderíamos ter um São Paulo com 11 argentinos. Ou um Santos com 11 uruguaios.

No mínimo, poderíamos ter um Corinthians com Herrera, Sebá, Mascherano e Tevez. Mas, para isso, precisaríamos antes que o Mercosul funcionasse para valer, e seria necessário um acordo laboral nos moldes do que existe no bloco europeu.

E, ainda assim, ainda precisaríamos de um Bosman sul-americano. Seria como se o novo goleiro chileno do Corinthians fosse à Justiça, a exemplo do que fez o jogador belga, para exigir seus direitos de trabalhador comum. Isso obrigaria a criação da "lei Herrera".

Parece que isto ainda está bem longe de acontecer.

Ser estrangeiro no Brasil é complicado. Mas em Pernambuco é difícil até mesmo para quem não é nascido no Norte ou Nordeste do país. O regulamento do Estadual diz que todos os times devem ter entre os 18 atletas que assinarem as súmulas pelo menos seis nascidos ou que tenham duas temporadas de filiação a federações daquelas regiões.

Em tempos de veteranos em alta no futebol --vide Romário, Róbson, Alex Dias--, o atacante Amoroso conseguiu a proeza de ir para um clube de ponta na Europa aos 31 anos. Sem entrar no mérito das brigas do jogador com o São Paulo, pode-se dizer que o atacante tem uma carreira no mínimo respeitável. Foi artilheiro do Brasileiro em 1994 pelo Guarani, do Italiano em 1999 pela Udinese e do Alemão em 2002 pelo Borussia Dortmund. Não é para qualquer um. Ainda mais se levarmos em conta que no Italiano, por exemplo, o único outro brasileiro artilheiro na história foi Mazzola, conhecido por lá como Altafini. Na seleção, ele não tem muita história --foi prejudicado por várias contusões--, mas ajudou na conquista da Copa América de 1999. E os são-paulinos não podem reclamar da atuação de Amoroso nas conquistas da Libertadores-2005 e do Mundial de Clubes.

No Brasil, temos Silvia Regina, além das bandeiras Ana Paula Oliveira e Aline Lambert. Na Inglaterra, nenhuma mulher apita os jogos da primeira divisão, mas a modelo Michelle Marsh, que freqüenta as páginas dos tablóides do país, aceitou ser árbitra por um dia e apitou uma partida entre o Heys Inn e o Ossy, da liga local de Blackburn. Para isso, ela fez um curso intensivo de duas semanas com um colegiado da Premier League, além de ter ouvido conselhos do namorado, jogador do Oldham. Segundo a imprensa britânica, os jogadores aprovaram Michelle, que mostra algumas fotos picantes em seu site oficial.

Eduardo Vieira da Costa foi repórter do diário "Lance" e da Folha Online, onde atualmente é editor de Esporte. Escreve a coluna Regra 10, semanalmente, às sextas-feiras, além de comentar futebol em podcast neste mesmo dia.

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