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Regra 10

16/12/2005

O injustiçado Petkovic e a seleção

EDUARDO VIEIRA DA COSTA
Editor de Esporte da Folha Online

Até a mãe do jogador já pediu. No Brasil, ninguém entende. Mas o fato é que Dejan Petkovic, cotado para melhor jogador do último Campeonato Brasileiro, não deverá jogar por Sérvia e Montenegro na Copa do Mundo da Alemanha-2006.

Aos 33 anos, o meia-atacante do Fluminense vive uma das melhores fases de sua carreira. E teria no ano que vem, provavelmente, sua última chance de ir a um Mundial.

Pet tem um ar de craque do passado. Dá passes precisos, faz lançamentos longos, finaliza com perfeição. Bate faltas quase tão bem quanto seu ídolo Zico. É um autêntico camisa 10. E ainda consegue juntar a isso raça, garra, determinação. Tanto que na Espanha, e até antes, no Estrela Vermelha, chegou a ganhar o apelido de "El Rambo" --apesar daquela vozinha fininha de garoto.

Pet é também um autêntico injustiçado, já que não existe um atleta de seu país que jogue metade do seu futebol hoje. Segundo o próprio jogador, o motivo de sua ausência no time nacional são problemas com dirigentes do futebol do país --cujo técnico atual, coincidentemente, chama-se Ilija Petkovic.

Mas os problemas de Petkovic com a seleção são bem mais antigos e carregam também uma boa dose de azar.

Em 1992, então com 19 anos, Pet era titular do Estrela Vermelha e da seleção da Iugoslávia --da qual a Sérvia fazia parte. Os iugoslavos, com um grande time, se classificaram invictos para a Eurocopa-1992. Porém, por causa da guerra civil, a ONU impôs um embargo esportivo ao país. A vaga foi cedida à Dinamarca, que, por ironia, acabou campeã européia.

A partir daí, Pet começou sua peregrinação pelo futebol mundial. Chegou a jogar em times como Real Madrid e Sevilla (Espanha), Venezia (Itália), além de Vitória, Flamengo e Vasco. Até no chinês Shangai Shenhua ele atuou.

Mas, com a seleção, a coisa nunca deu certo. Em 1995, brigou com o técnico Slobodan Santrac e foi cortado da equipe. Por conta disso, acabou perdendo a disputa da Copa da França-1998.

Em 2002, Sérvia e Montenegro não conquistou vaga no Mundial da Coréia do Sul e do Japão --duas outras repúblicas da ex-Iugoslávia, Eslovênia e Croácia, estiveram na Copa. Para decepção de Pet.

A última aparição do meia-atacante no time nacional foi em um amistoso justamente com a seleção brasileira, no dia 23 de setembro de 1998, em São Luís (MA), na estréia de Vanderlei Luxemburgo no comando do Brasil. O jogo terminou 1 a 1, sem gol de Pet.

Felizmente para a seleção brasileira atual, Petkovic é sérvio e não croata. Caso contrário, o craque com certeza jogaria contra nós na primeira fase da Copa-2006.

O vôo que levou a seleção brasileira a São Luís para o amistoso de 1998 foi o mesmo que levou Petkovic para a partida. O então jogador do Vitória inclusive deu na ocasião uma camisa do clube baiano de presente a Luxemburgo. O técnico, por sua vez, revelou que havia indicado a contratação do meia-atacante pelo Corinthians, por causa da ligação dos clubes por intermédio do patrocinador, o banco Excel/Econômico. Segundo ele, o sérvio só não virou corintiano porque dirigentes baianos não o liberaram.

Ilija Petkovic, atual técnico de Sérvia e Montenegro, já jogou uma Copa do Mundo e inclusive enfrentou o Brasil. Na Copa da Alemanha-1974, brasileiros e iugoslavos ficaram no 0 a 0 na primeiro fase com ele em campo.

Existem jogadores injustiçados em todas as Copas do Mundo. Principalmente no Brasil, que produz craques em série. A lista não tem fim. Djalminha (2002), Marcelinho (1998), Evair (1994), Neto (1990), Pita (1986)...

Segue a série dos vídeos do Ronaldinho. Esse tem 25 minutos divididos entre o meia-atacante brasileiro e o francês Zinedine Zidane.

No domingo será realizada em Londres a grande final da Fifa World Interactive Cup, a Copa do Mundo de futebol em videogame. Mais de 7mil jogadores de 25 países participaram da competição. O Brasil estará representado por Bruno Carriço de Azevedo, irmão de Thiago, campeão do ano passado. Quem levar o título recebe o prêmio na festa de gala da Fifa, na segunda-feira, ao lado dos craques Ronaldinho, Eto'o e Lampard.

Eduardo Vieira da Costa foi repórter do diário "Lance" e da Folha Online, onde atualmente é editor de Esporte. Escreve a coluna Regra 10, semanalmente, às sextas-feiras, além de comentar futebol em podcast neste mesmo dia.

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