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Regra 10

11/11/2005

Meu filho, você é filho do Garrincha

EDUARDO VIEIRA DA COSTA
Editor de Esporte da Folha Online

Imagine que aos oito anos de idade seus pais chegassem até você e dissessem: "Meu filho, precisamos lhe contar uma coisa. Você foi adotado. Seu pai verdadeiro é Balbir Singh". Passados o trauma, a incredulidade, a raiva e todas as dúvidas, você fatalmente iria se perguntar uma coisa natural. Quem diabos é Balbir Singh?

Para quem não sabe, Balbir Singh é o grande jogador indiano de hóquei sobre grama que participou do tricampeonato olímpico de seu país em Londres-1948, Helsinque-1952 e Melbourne-1956. Ah, então tá.

O sueco Ulf Lindberg, hoje com 45 anos e que desembarcou no Brasil pela primeira vez na última segunda-feira, com certeza passou por situação parecida. Por volta de 1968, aos oito anos, o pequeno garoto que habitava o gelado norte da Suécia soube de seus pais adotivos que era filho de Garrincha. Filho de quem?

Apesar de o futebol ser popular na Suécia e de Garrincha ter sido campeão mundial com a seleção brasileira no país em 1958, o nome do craque brasileiro não significava nada para o menino.

Pior: Ulf soube que havia sido rejeitado pela mãe biológica, que o entregou para a adoção, e que não despertou o menor interesse no próprio Garrincha --o menino foi fruto de uma escapada do jogador em uma excursão do Botafogo pela Suécia em 1959.

Mané assinou em 1960 um documento encaminhado pela embaixada sueca no Rio em que abria mão da paternidade do filho. A notícia de seu nascimento, apesar de ser o primeiro homem de sua prole, não comoveu nem um pouco o ponta, segundo relata Ruy Castro em seu livro "Estrela Solitária - Um brasileiro chamado Garrincha".

Ulf descobriria aos poucos que o pai era um dos maiores jogadores de futebol da história. Teve pouco ou quase nenhum contato ele antes de sua morte. Em 1977, tentou uma aproximação por meio de jornais e revistas brasileiros e suecos. Tentaram armar um encontro, que acabou nunca acontecendo --Garrincha morreu em 1983.

Ulf, que chegou a tentar jogar futebol e hoje é vendedor de cachorro-quente em um quiosque em Halmstad, parece não guardar nenhum rancor. Ao contrário, tem orgulho de ser filho de Garrincha. "Talvez ele pensasse mais nos outros do que nele mesmo. Ele não se interessava por futebol, mas gostava de jogar. Vendo o carinho das pessoas no Brasil comigo, percebo como ele era grande", resume.

A viagem de Ulf ao Brasil serve para que ele conheça suas irmãs, além de participar da filmagem de um documentário sueco sobre o pai que está sendo feito pelo diretor Lasse Westman.

Nesta sábado, ele vai a Pau Grande, cidade natal de Garrincha, para almoço na casa de uma de suas irmãs --o jogador teve 14 filhos reconhecidos, 11 mulheres e três homens.

Vai comer feijoada, conversar com a família e deverá participar de uma pelada. Se a tradição for mantida, Ulf deverá jogar pelo antigo time do pai, o "Vai Que É Mole", que costumava dar surras históricas no "Real Madrid" de Pau Grande, num dos maiores clássicos de várzea do país.

Terá uma tarde de Garrincha. Não uma de glória, das que emocionaram torcedores no Maracanã, mas daquelas que o próprio jogador não trocaria nem por uma final de Copa do Mundo.

Ulf trouxe ao Brasil um de seus filhos, Martin, 16, neto de Garrincha. O garoto joga nas categorias de base do Halmstads B. K. e mostrou alguma intimidade com a bola em uma visita ao Maracanã. É claro que existem algumas exceções, mas em geral o parentesco não transmite o talento no quesito bola. Que o digam Zico, Pelé e Cruyff, cujos filhos não mostraram em campo nem sombra do futebol dos pais.

O técnico Nelsinho Baptista parece que gosta de levar goleadas de sete. Antes do 7 a 1 sofrido pelo Santos para o Corinthians, o treinador já havia levado 7 a 2 da Portuguesa, no Brasileiro de 1998, e 7 a 1 do Vasco, no Brasileiro de 2001, ambos comandando o São Paulo. Mesmo assim, para o presidente santista, Marcelo Teixeira, o time estaria pior com Gallo. "Tenho certeza, convicção, de que, com a permanência do Gallo, teríamos seríssimos problemas e um prejuízo maior, principalmente à imagem do técnico, que queríamos preservar."

Por outro lado, Antônio Lopes, hoje no Corinthians, gosta de ganhar de sete. Neste ano, ele também venceu o Vasco por 7 a 2, pelo Atlético-PR, em Curitiba.

A CBF quer mudar o conceito de gol contra. Hoje, geralmente os árbitros dão gol para o atacante mesmo se a bola for desviada por um zagueiro. A idéia do presidente da comissão de arbitragem, Edson Rezende, é de que se uma bola foi chutada e de maneira nenhuma entraria, a não ser com desvio, então tem que ser dado gol contra. Dos 1.212 gols do Brasileiro-2005 até agora, apenas 13 foram anotados pelos juízes como contra.

Vai ser realizado em Curitiba, entre os dias 12 e 15 de novembro, o 17º Campeonato Brasileiro de Futebol de Mesa. O evento com mais de 300 participantes, entre eles o atual bicampeão brasileiro Quinho, do Clube XV de Agosto, da cidade de Socorro (SP). Mais informações nos sites www.futeboldemesanews.com.br, www.futmesa.com.br e www.bolaebotao.com.br.

A Câmara Britânica de Comércio realizará no próximo dia 19 um jogo em homenagem à primeira partida de futebol disputada no Brasil, em 14 (ou 15) de abril de 1895, entre Gás Company of São Paulo e São Paulo Railway Company. O evento será realizado a partir das 8h30 no São Paulo Athletic Club. Os jogadores estarão com uniformes de época e haverá presença de ex-atletas e do neto de Charles Miller, que introduziu o esporte no país. Os organizadores prometem a presença também do ministro dos esportes, Agnelo Queiroz, do secretário de esportes de São Paulo, Lars Grael, e do presidente da MSI no Brasil, Kia Joorabchian. O endereço do clube é avenida Robert Kennedy, 1448, Santo Amaro, e os ingressos custam R$ 50,00 (crianças abaixo de 12 anos não pagam).

No dia 25, a Câmara Britânica de Comércio e Indústria homenageia o próprio Charles Miller com jantar e baile no Hotel Renaissance, às 20h. O evento exige black-tie, e o valor do ingresso é mais salgado: R$ 210 para associados e R$ 250 para convidados.

Eduardo Vieira da Costa foi repórter do diário "Lance" e da Folha Online, onde atualmente é editor de Esporte. Escreve a coluna Regra 10, semanalmente, às sextas-feiras, além de comentar futebol em podcast neste mesmo dia.

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