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Regra 10

20/10/2006

Nomes triplos e bigodes

EDUARDO VIEIRA DA COSTA
Editor de Esporte da Folha Online

A perda de espaço dos apelidos para os nomes e sobrenomes no futebol brasileiro é notória. No time do Vasco que entrou em campo na vitória sobre o Palmeiras, na quarta-feira, por exemplo, nenhum dos titulares tinha apelido. Todos os 11 eram conhecidos pelo nome, pelo sobrenome ou por ambos, casos de Thiago Maciel, Fábio Braz e Leandro Amaral, este último o "nome do jogo" (com o perdão do trocadilho).

Isso num país que já teve Dadá, Dedé, Didi, Dodô e Dudu. Mas que hoje vê Marcelo Mattos, André Dias, Cléber Santana, Leonardo Moura, Bruno Teles, Rafael Marques...

Pensando sobre isso, ocorreu-me que não há, apesar da tendência à "burocratização", nenhum jogador com três nomes nos principais times do Brasil hoje.

Pedi ajuda a um amigo e mesmo assim tivemos dificuldade para lembrar jogadores com nome triplo na história --mesmo que um dos três nomes seja um apelido. É claro que não vale contar jogadores como Paulo Roberto Falcão, que apesar de ter o nome triplo era conhecido simplesmente como Falcão em sua época de jogador.

O exemplo mais emblemático acho que é o de Luiz Carlos Winck. Ele nunca foi conhecido como Luiz Carlos e nem como Winck. Os três nomes sempre vinham juntos.

Outros exemplos em que pensamos foram os de Paulo César Caju, Marco Antônio Boiadeiro, Jair Rosa Pinto, Carlos Alberto Torres e Luis Carlos Goiano. Na certa existem outros, mas não são muitos num universo tão grande como o de jogadores de futebol no Brasil.

Curiosamente, o fenômeno é inverso quando se trata de juízes. É muito raro um que não tenha nome triplo. Reparem: Wilson Luiz Seneme, Wilson de Souza Mendonça, Lourival Dias Filho, Wagner Tardelli Azevedo, Alicio Pena Junior, Leonardo Gaciba da Silva, Evandro Rogério Roman...

No passado, a mesma coisa: Oscar Roberto Godoy, José Roberto Wright, Arnaldo César Coelho, Dulcídio Wanderley Boschilla, Romualdo Arppi Filho...

Outra conclusão que não vai mudar os rumos do futebol é a de que está cada vez mais raro jogador de bigode. Pode até haver por aí algum jogador com aquele bigodinho ralo. Mas nada que se compare a Valdir, Ricardo Rocha, Rivellino. Os jogadores estão cada vez mais "fashion", preocupados com o visual para não atrapalhar o marketing. Imaginem por exemplo o Kaká com um grande bigodão fazendo propaganda de sei lá o que na televisão. Seria no mínimo engraçado.

Dida (Milan), Júlio César (Inter de Milão), Gomes (PSV) e Doni (Roma) defenderam a meta de seus times como titulares na última rodada da Copa dos Campeões. Os goleiros brasileiros estão em alta na Europa, o que seria inimaginável alguns anos atrás.

Eduardo Vieira da Costa foi repórter do diário "Lance" e da Folha Online, onde atualmente é editor de Esporte. Escreve a coluna Regra 10, semanalmente, às sextas-feiras, além de comentar futebol em podcast neste mesmo dia.

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