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Regra 10

06/10/2006

Aquele Leandro Amaral?

EDUARDO VIEIRA DA COSTA
Editor de Esporte da Folha Online

Um leitor ou fã de futebol um pouco mais desavisado que tenha visto o autor do único gol do Vasco na derrota por 5 a 1 para o São Paulo, no Morumbi, deve ter se perguntado: "É aquele Leandro Amaral?". A resposta é sim. É aquele.

Aos 29 e sem jamais ter confirmado a fama de promessa que ganhou nos idos de 1997, quando despontou na Portuguesa, Leandro Amaral consegue a proeza de manter-se em times grandes do Brasil e até do exterior.

Depois da Portuguesa, o jogador trocou de clubes dez vezes. Saiu direto do Canindé para jogar na Fiorentina, da Itália, em 1999, quando ainda era realmente uma promessa.

Voltou ao Brasil em 2001, já um pouco desacreditado. "Enganou" por algum tempo no Grêmio e no ano seguinte acabou no São Paulo. Mesmo com desempenho muito aquém do esperado, conseguiu em 2003 ser contratado primeiro pelo Palmeiras e, logo depois, pelo Corinthians.

Completou seu ciclo no Trio de Ferro sem deixar saudades em nenhum dos três. São raros os jogadores na história que atuaram com a camisa dos três grandes da capital paulista. Mas dificilmente alguém que tenha conseguido este feito o fez tão sem brilho quanto Leandro.

A falta de sucesso acabou levando-o em seguida para um time menor, o Ituano, e depois novamente para a Portuguesa. Em 2005, Leandro conseguiu mais uma proeza e arrumou um contrato com o Istres, da França.

Voltou finalmente à Portuguesa para sua terceira passagem no final do ano passado. Mas, apesar de ser ídolo do clube, maior artilheiro no estádio do Canindé e um dos maiores de toda a história da Lusa, acabou dispensado após o rebaixamento do time no Campeonato Paulista-2006.

Leandro, incrivelmente, descolou agora uma "boca" no Vasco. E na última quarta marcou seu primeiro gol com a camisa vascaína, o que poderia até marcar um reinício tardio em sua carreira. Mas ele acabou expulso na partida, o que fará seu reinício ter que esperar.

Pensando em casos parecidos com o de Leandro, de jogadores de nível mediano para baixo que conseguem ou conseguiram se manter em times grandes, me veio à cabeça o Caio, que depois de se destacar no São Paulo jogou por nada menos que Inter de Milão (ITA), Napoli (ITA), Santos, Flamengo, Fluminense, Grêmio e Botafogo --sem contar um único time pequeno, o Oberhausen, da segunda divisão alemã.

Outro bom exemplo é o de Fábio Júnior. Após aparecer no Democrata, passou pelo Cruzeiro e foi vendido para a Roma, da Itália, como sendo um "novo Ronaldo". Depois, ainda passou por Palmeiras, Vitória de Guimarães (POR), Atlético-MG, Kashima Antlers (JAP), Al Wahdah (Emirados Árabes) e Bochum (ALE).

Os três jogadores tiveram passagens pela seleção brasileira, todos sem grande destaque. Nos clubes, continuam "enganando", mas sempre --inexplicavelmente-- em grandes equipes. Como poderia dizer aquele fã desavisado do início do texto, "eita empresário bom!".

Eduardo Vieira da Costa foi repórter do diário "Lance" e da Folha Online, onde atualmente é editor de Esporte. Escreve a coluna Regra 10, semanalmente, às sextas-feiras, além de comentar futebol em podcast neste mesmo dia.

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