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Regra 10

30/01/2009

Até que provem o contrário...

EDUARDO VIEIRA DA COSTA
Editor de Esporte da Folha Online

O mesmo Pelé que disse "love, love, love", como relembrei aqui há algumas semanas, perdeu oportunidade de seguir o velho conselho de Romário, que já disse certa vez que o Rei "calado é um poeta", ao comentar o polêmico caso do atacante Robinho, do Manchester City, acusado de abuso sexual na Inglaterra.

O maior artilheiro da seleção brasileira disse que "é triste ver um jogador expoente, que poderia dar exemplo, fazer isso não só com o futebol, mas com o próprio país", abrindo assim mais uma acusação ao atacante, a de que desta forma ele estaria fechando as portas a jogadores brasileiros no exterior --a mesma acusação foi feita a Ronaldo e Adriano.

Em primeiro lugar, o caso ainda está bastante nebuloso. Não dá para julgar Robinho e já considerá-lo culpado. Ao contrário. O melhor é torcer para que ele, que alega inocência, esteja dizendo a verdade. Pelo bem dele próprio, da moça que faz a acusação, do futebol e de todo mundo.

É desnecessário dizer que a acusação é gravíssima. Por isso mesmo, precisa ser muito bem apurada, como acredito que será. Torço para que seja tudo apenas um factóide. Se for verdade, Robinho terá que pagar por isso, de acordo com o que prevê a lei.

Mas nem Pelé e nem ninguém pode condená-lo de antemão. Não existe nenhuma conclusão sobre a investigação e muito menos houve um julgamento para considerá-lo culpado de tão grave crime.

Vale lembrar que pouco tempo atrás, em 2005, aconteceu exatamente o mesmo com Cristiano Ronaldo, hoje o melhor jogador do mundo. Sem tirar nem por.

O português foi acusado de estupro, levado para interrogatório na polícia, virou manchete de todos os jornais. E, no final, não havia nenhuma prova contra ele.

Ao contrário de Pelé, Dunga me pareceu bem mais sensato ao tratar o caso. Além de manter a convocação do atacante para o amistoso contra a Itália, no dia 10 de fevereiro, em Londres, o técnico da seleção disse não ter motivos para duvidar da palavra de Robinho.

Vale para o treinador o velho conceito de que todos são inocentes até que se prove o contrário. Até que provem o contrário, ponto para o Dunga.

*

Só para lembrar mais um caso, o atacante holandês Van Persie, do Arsenal, também foi acusado de estupro, em 2005, e chegou a ficar detido duas semanas para investigações. O caso foi arquivado depois por falta de provas contra ele.

Eduardo Vieira da Costa foi repórter do diário "Lance" e da Folha Online, onde atualmente é editor de Esporte. Escreve a coluna Regra 10, semanalmente, às sextas-feiras, além de comentar futebol em podcast neste mesmo dia.

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