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17/09/2000 - 09h26

Bromélia ilegal custa de R$ 30 a R$ 200

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da Folha de S.Paulo

Os atacadistas de plantas da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo) afirmam que é grande a venda de bromélias na feira realizada às terças e sextas-feiras. Segundo eles, a planta caiu no gosto popular e não atrai somente paisagistas -apesar de estes serem os principais compradores.

"Tem gente que compra caminhão fechado", disse Adalgiza Santos, 50, na primeira visita que a Folha fez à feira de flores, na última semana.

A bromélia imperial é encontrada na Ceagesp por preços que variam de R$ 30 a R$ 200, dependendo do tamanho. A mesma planta, de tamanho pequeno, é vendida por R$ 150 na floricultura Garden Center, localizada nas proximidades da Ceagesp.

"Eu sei que são extraídas ilegalmente, mas isso aqui é terra de ninguém. Ainda bem que estou comprando para replantá-las. Pelo menos essa se salvará", afirmou o arquiteto Dehy Esteter, 60, que estava carregando uma imperial.

Já o comerciante Emílio José Alonso, 37, estava carregando outra bromélia gigante sem saber se era extraída. "É uma planta linda, sempre quis ter uma em meu sítio", disse Alonso.

Guarda florestal

O guarda florestal aposentado Anízio Santos, 57, é um dos atacadistas de bromélias da Ceagesp. As espécies encontradas em seu box foram apontadas pela bióloga Rafaela Forzza, doutoranda em botânica pela USP (Universidade de São Paulo) e especialista em bromélias, como originárias da mata e não de estufa.

Entre outras diferenças, as extraídas chegam à Ceagesp com cortes no caule e nas raízes e folhas em mau estado. As cultivadas chegam intactas, geralmente em embalagens que identificam o produtor.

Santos negou trabalhar com espécies extraídas irregularmente. Ele disse que trabalha com produtores e fornecedores de Minas Gerais, do Espírito Santo e do litoral de São Paulo -regiões de mata atlântica.

A reportagem comprou uma bromélia imperial e pediu nota fiscal. A nota apresentada por Santos era de outra empresa -a Ilda Flores e Plantas- e não da sua -a Chácara Anízio Santos.

Segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), tanto o produtor quanto o comerciante de produtos e subprodutos da mata atlântica têm de obter registro do órgão para trabalhar.
Nem a Ilda Flores nem a Chácara Anízio Santos possuem registro, segundo o Ibama.

A Folha voltou a procurar Santos, por telefone, para questioná-lo a respeito do registro do Ibama. O guarda florestal aposentado disse que o instituto deve ter-se enganado. Ele afirmou ter "o carimbo do Ibama".

"Todo mundo na Ceagesp compra do mesmo lugar. Compramos também dos índios da Boracéia (aldeia indígena localizada no litoral de São Paulo), que vendem na quantidade que pedirmos. Os fornecedores dizem que vêm de estufa, mas, se eles pegam de outro lugar também, não dá para saber", disse.

Os índios guaranis que vivem na reserva não sabem dizer se as bromélias extraídas no local são vendidas ilegalmente na Ceagesp. Ou melhor, nem sabem o que é Ceagesp. "De vez em quando aparecem pessoas aqui querendo comprar muita bromélia. A gente vende", informou Vando dos Santos, 39 anos, o Karay.

Comprar dos índios não exime os atravessadores de crime. Segundo o Ibama, a legislação permite que índios retirem plantas de suas reservas para vender. O consumidor que comprar diretamente de um índio não está sujeito a penalidades. Comprar de um índio para revender, no entanto, é crime. (KARLA MONTEIRO E SÉRGIO DURAN)


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