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08/02/2005 - 07h01

Beija-Flor tenta tricampeonato com enredo religioso

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JANAINA LAGE
da Folha Online, no Rio de Janeiro

A Beija-Flor fez uma aposta arriscada em 2005. A escola, que luta para se tornar tricampeã, vai trazer para a avenida um enredo religioso sobre as missões jesuíticas no Rio Grande do Sul. O enredo "O vento corta as terras dos Pampas. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Guarani. Sete povos na fé e na dor... Sete missões de amor" foi patrocinado pelo governo do Estado do Rio Grande do Sul.

A polêmica ligação entre Carnaval e religião já faz parte da história da escola de Nilópolis. Em 2003, a Beija-Flor acabou modificando em cima da hora uma coreografia que trazia um duelo armado entre Jesus Cristo e Satanás. A princípio, Cristo mataria a criança, mas no final, ela acabou morta pelo diabo e ressuscitada por Cristo.

Em 2002, a escola acabou "escondendo" entre os passistas uma imagem de Nossa Senhora Aparecida por causa de protestos da Arquidiocese do Rio. Em 1989, em um dos enredos lendários do Carnaval carioca, "Ratos e urubus, larguem minha fantasia", o carnavalesco Joãosinho Trinta ocultou sob sacos de lixo e o texto "mesmo proibido, olhai por nós" a imagem do Cristo Redentor.

Polêmica

Sem medo de errar com a fórmula de usar um tema religioso em uma festa "profana", Ubiraci Silva, da Comissão de Carnaval da Beija-Flor, afirmou que a escola já representou a pajelança cabocla, já falou sobre candomblé e umbanda em anos anteriores. "Por que uma determinada religião não pode ser falada?", questionou.

O abre-alas da escola vai mostrar a mensagem do divino e o reino de Herodes. Em seguida, a Beija-Flor vai mostrar a expansão da fé cristã, quando a igreja católica parte em busca de fiéis em outros continentes.

O modo de vida dos índios guaranis antes da chegada dos jesuítas será apresentado no setor 3. Em seguida, agremiação representará o contraste entre as culturas européia e indígena e a maneira como os índios assimilaram conhecimentos de pintura, escultura e música.

O fim do período de catequização será apresentado com o tratado de Madri, que revogou o de Tordesilhas e deu à Coroa Portuguesa o direito formal ao território gaúcho.

O fim do desfile será marcado pela chegada dos imigrantes à região, especialmente os italianos, e o que ficou das lições passadas pelos jesuítas. "As vozes missioneiras ecoam nos ventos que sopram nos pampas", diz Silva.

O representante da Comissão de Carnaval defende o uso de alas coreografadas. A escola aumentou o número de atores de 160 em 2000 para 500 neste ano.

Além das alas dirigidas por Hilton Castro, algumas alas da comunidade criaram coreografias próprias. Uma das coreografias já causou polêmica: a dos centuriões de Herodes. Com a chegada de um novo rei, Herodes ordena que eles matem todas as crianças com menos de dois anos.

A coreografia teria sido inspirada nos soldados nazistas. Segundo Silva, o coreógrafo Hilton Castro assistiu a inúmeros filmes com alusão a soldados. "O movimento e a organização era visualmente interessante, mas não há nenhum tipo de apologia ao nazismo", disse.

A Comissão de Frente será composta de 15 bailarinos, oito mulheres e sete homens. Eles representarão o poder e a sedução, que antecedem a vinda de um novo rei.

A escola também aposta na coesão para conquistar o título. Segundo o carnavalesco, o membro mais importante da escola é a comunidade. Hoje, a Beija-Flor oferece 2.500 fantasias a representantes da comunidade. Apenas 1.840 fantasias são vendidas. O objetivo é garantir um público fiel que freqüente os ensaios e se envolva com o trabalho.

 

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