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10/02/2005 - 17h08

Folha Online publica crítica de leitores a artigo de colunista da Pensata

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da Folha Online

A Folha Online recebeu críticas de leitores sobre o conteúdo da coluna Lauren Bacall, por favor , de João Pereira Coutinho, publicada na seção Pensata, no último dia 10 de janeiro.

Em nome da pluralidade de opiniões, a Folha Online publica abaixo as cartas enviadas por Mônica Mulser Parada, coordenadora do Programa de Controle do Tabagismo da Vigilância Sanitária do Distrito Federal, e por Paulo César Correa, da Rede Tabaco Zero.




"Lamentável o nível de desinformação manifestado pelo Sr. Coutinho, colunista, em seu artigo "Lauren Bacall, por favor", apresentado pela Folha Online no dia 10 de janeiro passado.

Mais lamentável do que isso, só a Folha Online ter veiculado o artigo. Pergunto: o Sr. Coutinho leu o livro que subsidia o artigo "The Nazi War on Cancer"? Ou será que leu e não entendeu? Ou trata-se de deturpação deliberada de informação?

O autor do livro, Robert Proctor, é um historiador muito sério, internacionalmente reconhecido, e que mostrou que os nazistas foram os primeiros a comprovarem cientificamente os danos relacionados ao tabagismo. Ele critica duramente a forma pela qual o nazismo implementou seus programas de limpeza étnica, mas em momento algum endossa os programas nazistas ou os compara com as medidas atuais de saúde pública --e aí está a deturpação do artigo-- e, sim, tenta rever historicamente como a política pode arruinar com a ciência. É essa a mensagem do livro.

Dr. Proctor contribui regularmente com artigos em favor do controle do tabagismo e é uma das testemunhas do famoso caso do Departamento de Justiça americano contra as companhias de cigarro, em função do excelente apanhado histórico, de sua autoria, sobre as tramóias da indústria.

Os programas brasileiros de controle do tabagismo pautam-se em um profundo respeito ao indivíduo fumante (ele é apenas a vítima... o vilão da história é o cigarro...) reconhecendo-lhe três direitos fundamentais:

1) O direito à informação. Ele tem o direito de saber que o cigarro é um produto que contém 4.700 substâncias tóxicas que acarreta dependência química, doença e morte, além de danos a terceiros (tabagismo passivo, e outros). Que ele vicia mais do que o crack, a maconha e a cocaína; que causa em torno de 80 diferentes doenças tabaco-relacionadas; e que 50% dos que fumam morrerão em conseqüência do cigarro.

2) Ele tem o direito à escolha e à soberania nas suas relações de consumo. Há de se convir que, num produto que causa dependência, há perda de soberania por parte do consumidor. Lamentável para o fumante, que deixa de investir em alimentos, saúde e educação, para atender à dependência. (Pesquisas do Ministério da Saúde comprovam que a maioria quer parar e não consegue...)

3) Terceiro, ele tem direito ao tratamento. Atendendo a esse direito, a rede pública de saúde possui unidades de cessação do fumo em todos país, inclusive com distribuição gratuita de medicamentos (caríssimos, diga-se de passagem). As informações podem ser obtidas pelo Disque-Pare-de-Fumar que vem em toda carteira de cigarro.

Isso, sim, é respeito ao cidadão. E é por isso que o Brasil é internacionalmente elogiado por seu programa de controle e tratamento do tabagismo, tendo conseguido reverter, em duas décadas, de 35% para 21% a prevalência de fumantes no país.

E, mensagens finais:

À Folha Online, que tenha responsabilidade ao tratar do tabagismo, ao veicular a apologia de um produto que é a maior causa de morte evitável no mundo atual, segundo a Organização Mundial de Saúde, e que, só no Brasil, mata o equivalente a 2 tsunamis ao ano --e, acredite-me-- com grau equivalente de sofrimento. (E porque críticas dessa natureza a programas governamentais na área de saúde pública podem, inclusive, vir a gerar questionamentos judiciais...)

Ao Sr. Coutinho: Eu também fico com Lauren Bacall, que parou de fumar há 15 anos, e hoje, juntamente com Kirk Douglas, faz campanha contra o tabagismo pelos Estados Unidos.

E, por fim: quem não fuma não é infeliz. Infeliz foi esse artigo.

Mônica Mulser Parada
Coordenadora do Programa de Controle do Tabagismo da Vigilância Sanitária do Distrito Federal."

Rede Tabaco Zero

"Em seu texto da Folha Online de 10.01.2005 ("Lauren Bacall, por favor") o sr Coutinho diz: "a partir de 1933, as campanhas estavam nas ruas. Gigantescas imagens onde o fumante típico era tratado como débil sem dignidade ou vergonha (tradução: um judeu manipulador que introduzira o cigarro na Alemanha para exterminar o povo nativo). Ninguém escapou. As donzelas viciosas eram pintadas em pose masculina, a versão clássica da 'mulher com barba', fenômeno de circo para horrorizar a burguesia. E homens fumantes eram seres sexualmente arruinados, com traços femininos, lânguidos, tristemente adocicados".

Poderiam fazer a gentileza de citar as fontes de tais informações bem como enviar as imagens citadas?

Seria importante também saber se o autor da matéria tem ou já teve laços com industrias de fumo e/ou já recebeu dinheiro de alguma companhia de tabaco, e, especificamente, se recebeu para escrever esta matéria. Isso é chamado de conflito de interesse, e imprescindível para veículos de imprensa que pretendem ser transparentes. Em artigos científicos em revistas medicas de qualidade, os editores jamais deixam de incluir tais informações".

Paulo César Correa, da Rede Tabaco Zero"

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o colunista João Pereira Coutinho
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