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17/02/2005
-
22h14
SEBASTIÃO MONTALVÃO
Colaboração para a Agência Folha, em Goiânia
Um policial civil à paisana disparou tiros para o alto, por volta das 15h de quinta-feira, durante o velório dos dois mortos no confronto entre sem-teto e a polícia, ocorrido no dia anterior, em Goiânia (GO). Segundo o delegado da Polícia Civil Carlos Teixeira, os agentes tentavam cumprir um mandado de prisão contra Paulo Sérgio Alves, apontado como líder da invasão.
No final da tarde, a Polícia Civil divulgou um comunicado afirmando que a operação havia sido um "erro de estratégia". O clima no velório era de revolta.
Desde a madrugada, centenas de moradores se aglomeravam no pátio e no interior da catedral metropolitana, onde foram velados os corpos do comerciário Pedro Nascimento Silva, 24, e do gesseiro Wagner da Silva Moreira, 21, mortos a tiros durante o confronto.
A Polícia Militar negou o uso de armas letais nas áreas em que os corpos foram encontrados. Exames periciais deverão atestar o calibre dos projéteis para tentar determinar a origem dos disparos. Na área invadida, ainda segundo a PM, foram apreendidas 19 armas e munição de diversos calibres.
No enterro, homens, mulheres e crianças ainda se mostravam muito abalados com o resultado trágico da operação de reintegração. A viúva de Pedro Nascimento, Eronilde da Silva Nascimento, 27, disse querer esquecer as cenas do confronto. "Eu não gosto nem de lembrar. Foi horrível. Vi muita gente ferida e me perdi do meu marido. Só fui saber que ele estava morto no início da noite. Soube depois que os policiais o amarram e o deixaram jogado."
Após o enterro dos dois jovens, as cerca de 450 pessoas que foram ao cemitério se deram as mãos, fizeram um enorme círculo e gritaram, em voz alta, que o sonho não havia acabado. "O Sonho Real continua. Não vamos nos render." Sonho Real foi o nome dado pelos sem-teto ao loteamento invadido.
A confusão aumentou ainda mais a revolta dos moradores. "A polícia está descontrolada. Dessa forma, não garante segurança para ninguém. Matam nossos filhos e ainda querem ter razão", dizia o comerciante Adalberto Wanscherjiongo, 53, um dos invasores despejados.
Para a vendedora ambulante Joana Darc dos Santos, a ação foi uma tragédia. "Faltou respeito com os familiares dos mortos, com a comunidade e até com Deus. Se não respeitam a casa de Deus, vão respeitar o quê? Isso não é coisa de ser humano."
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Policial atira durante velório de sem-tetos mortos em confronto
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Colaboração para a Agência Folha, em Goiânia
Um policial civil à paisana disparou tiros para o alto, por volta das 15h de quinta-feira, durante o velório dos dois mortos no confronto entre sem-teto e a polícia, ocorrido no dia anterior, em Goiânia (GO). Segundo o delegado da Polícia Civil Carlos Teixeira, os agentes tentavam cumprir um mandado de prisão contra Paulo Sérgio Alves, apontado como líder da invasão.
No final da tarde, a Polícia Civil divulgou um comunicado afirmando que a operação havia sido um "erro de estratégia". O clima no velório era de revolta.
Desde a madrugada, centenas de moradores se aglomeravam no pátio e no interior da catedral metropolitana, onde foram velados os corpos do comerciário Pedro Nascimento Silva, 24, e do gesseiro Wagner da Silva Moreira, 21, mortos a tiros durante o confronto.
A Polícia Militar negou o uso de armas letais nas áreas em que os corpos foram encontrados. Exames periciais deverão atestar o calibre dos projéteis para tentar determinar a origem dos disparos. Na área invadida, ainda segundo a PM, foram apreendidas 19 armas e munição de diversos calibres.
No enterro, homens, mulheres e crianças ainda se mostravam muito abalados com o resultado trágico da operação de reintegração. A viúva de Pedro Nascimento, Eronilde da Silva Nascimento, 27, disse querer esquecer as cenas do confronto. "Eu não gosto nem de lembrar. Foi horrível. Vi muita gente ferida e me perdi do meu marido. Só fui saber que ele estava morto no início da noite. Soube depois que os policiais o amarram e o deixaram jogado."
Após o enterro dos dois jovens, as cerca de 450 pessoas que foram ao cemitério se deram as mãos, fizeram um enorme círculo e gritaram, em voz alta, que o sonho não havia acabado. "O Sonho Real continua. Não vamos nos render." Sonho Real foi o nome dado pelos sem-teto ao loteamento invadido.
A confusão aumentou ainda mais a revolta dos moradores. "A polícia está descontrolada. Dessa forma, não garante segurança para ninguém. Matam nossos filhos e ainda querem ter razão", dizia o comerciante Adalberto Wanscherjiongo, 53, um dos invasores despejados.
Para a vendedora ambulante Joana Darc dos Santos, a ação foi uma tragédia. "Faltou respeito com os familiares dos mortos, com a comunidade e até com Deus. Se não respeitam a casa de Deus, vão respeitar o quê? Isso não é coisa de ser humano."
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