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24/02/2005 - 12h31

Padre diz que apenas abençoou Ronaldo

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CARLOS IAVELBERG
da Folha de S.Paulo

Um "exagero enorme". Assim o padre Antonio Maria Borges, 59, define a polêmica criada em torno de sua presença na festa de casamento informal de Ronaldo e Daniella Cicarelli, realizada no castelo de Chantilly, na França.

Como Ronaldo ainda não se divorciou da ex-mulher, Milene Domingues, e, por isso, está impedido de se casar com Daniella Cicarelli tanto no civil quanto no religioso, Borges está sendo questionado pelo fato de ter abençoado uma cerimônia que não é reconhecida pela igreja.

Borges disse que sempre deixou claro que não iria realizar nenhuma cerimônia de casamento, apenas dar uma bênção.

"Posso abençoar até um animal, um carro, uma fábrica e um campo de futebol. Por que não poderia abençoar dois filhos de Deus?", questiona.

Leia a seguir a entrevista que o padre deu à Folha por e-mail.

Folha - O que o senhor achou da polêmica em torno de sua ida ao casamento de Ronaldo e de Daniella?
Padre Antonio Maria Borges - Para ser franco, achei, e acho, um exagero enorme. Há tantos outros assuntos mais importantes no país e no mundo. Fui como sacerdote, irmão na fé e amigo. Não fui para baladas em Paris como alguns mal-intencionados disseram. Tive todas as despesas pagas pelo casal. Não usei dinheiro das obras sociais que levo adiante.

Folh - O senhor esperava essa repercussão?
Borges - Imaginei sim que algumas pessoas talvez não iriam entender pensando que se tratava de um casamento. Mas não foi isso. No pedido deles está mais do que claro que eles tinham consciência de que era uma bênção. Alguns meios de comunicação passaram informações incorretas e isso gerou essa polêmica. Fui com licença de meu superior, como ele já esclareceu à Folha.
Numa nota da Folha do dia 16 de fevereiro alguém escreveu, não sei quem, que a bênção foi considerada longa por alguns e uma rasgação de seda por outros. Talvez foi longa para os que estavam com fome de iguarias do jantar e pouco se importam com as palavras de Jesus, que disse: "Nem só de pão vive o homem, mas também da palavra de Deus". Tenho minha homilia por escrito. Tive esse cuidado para que não viessem depois deturpar minhas palavras. Mas sempre aparece algum "inteligente" que entende bem o contrário. Não é meu feitio rasgar seda. Falei da palavra de Deus e tentei aplicá-la na vida dos dois e dos que aí estavam e na minha própria vida.

Folha - Que tipo de celebração religiosa o senhor realizou na festa?
Borges - Fiz uma homilia, rezei um salmo para pedir a bênção sobre a Daniella, rezei um salmo para pedir a bênção sobre o Ronaldo e dei uma bênção sobre os dois.

Folha - Quem pediu para o senhor ir à festa? Foi ele ou ela?
Borges - Os dois me pediram por conversa pessoal e por e-mail.

Folha - O senhor acha que o caso tomou essa proporção por tratar-se de duas pessoas famosas?
Borges - Com certeza. Ninguém fala tanto dos casamentos ou das bênçãos que milhares de padres dão e que dou também a casais de periferia, nos hospitais, nos asilos e nas ruas. Até gostaria que os meios de comunicação fizessem matérias sobre as Obras do Amor Maior, que fundei e que atendem 300 crianças carentes, órfãs e abandonadas, com mil dificuldades.

Folha - O senhor faria o mesmo por qualquer outro casal?
Borges - Fiz, faço e faria por qualquer casal. Não estou brincando de ser padre. Tenho 59 anos, sou padre há 28 anos e já fiz milhares de casamentos, registrados em livro, de gente pobre.

Folha - Alguns dizem que foi aberta uma exceção. Isso é verdade?
Borges - Teria sido uma exceção se fosse um casamento. Foi uma bênção para um casal que em breve vai receber o sacramento do matrimônio. Posso abençoar até um animal, um carro, uma fábrica e um campo de futebol. Por que não poderia abençoar dois filhos de Deus?

Folha - Seu supervisor, o padre Antonio Bracht, disse que iria se encontrar com o bispo dom José Benedito Simão para esclarecer sua ida ao casamento. Esse encontro já aconteceu? Tem data? O senhor vai participar?
Borges - Vai acontecer. Depende da agenda do bispo. Vou participar, claro. Será um momento de diálogo fraterno e de fortalecimento de nosso bom relacionamento.

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