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01/03/2005 - 21h47

Juiz acusado de matar vigia se entrega à Justiça no Ceará

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GABRIELA MANZINI
da Folha Online

Sob ameaças de linchamento, o juiz Pedro Pecy Barbosa de Araújo, 57, acusado de ter matado o vigia José Renato Coelho Rodrigues, 32, no domingo, em um supermercado, no município de Sobral (CE), entregou-se à Justiça, na noite desta terça-feira, no quartel do Corpo de Bombeiros de Fortaleza (CE).

Um grupo de pessoas acompanhou a movimentação e tentou invadir o local para linchar o juiz, mas foi impedido. O crime comoveu a sociedade cearense pois câmeras do circuito interno de vigilância da loja captaram a ação e os pedidos de clemência da vítima pouco antes de ser baleada. A gravação deve auxiliar na investigação do caso.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social, o desentendimento começou quando a vítima impediu Araújo de entrar no estabelecimento para fazer compras, pois ele já estava fechado. Irritado, o juiz apresentou-se como "autoridade" e, com isso, conseguiu a permissão do gerente da loja para entrar.

Entretanto, a concessão não foi capaz de acalmar Araújo. Ainda segundo a secretaria, ele foi ao seu carro para buscar a arma, voltou à loja, agarrou o vigia pelo pescoço e disparou contra a nuca dele. Em seguida, o juiz fugiu, sem fazer compras. Em seus depoimentos, as testemunhas do crime esclareceram se ele estava sozinho.

O presidente em exercício do TJ (Tribunal de Justiça) do Ceará, Fernando Ximenes, deve viajar para Sobral na quarta-feira, para colher novas declarações.

Pai de um menino de 6 anos, Rodrigues --que passara dois anos desempregado-- trabalhava no supermercado havia apenas uma semana e fazia o plantão noturno --das 19h às 7h-- pela terceira vez. A família dele recusou a ajuda oferecida pela Justiça para custear as despesas do enterro, que ocorreu nesta terça-feira.

Prisão

Com o suposto intuito de escapar da autuação em flagrante, Araújo apresentou-se apenas por volta do meio-dia desta terça-feira, no fórum da capital cearense. O juiz foi afastado do cargo.

Por volta das 17h, o TJ decretou sua prisão temporária. O desembargador Ernani Barreira Porto, relator do pedido, disse que o baseou na "situação de clamor popular, em decorrência da forma como o crime foi praticado" e no "respeito à ordem pública, que foi ultrajada".

Por ter direito a foro privilegiado, o TJ determinou que Araújo seja mantido recluso no prédio do comando do Corpo de Bombeiros da cidade.

Defesa

O advogado do juiz, Paulo Quezado, informou que vai entrar com um pedido de habeas corpus no STJ (Superior Tribunal de Justiça) para tentar fazer com que seu cliente responda ao processo em liberdade.

Para formular a defesa de Araújo, Quezado afirmou que vai esperar a conclusão do inquérito judicial, mas antecipou que o juiz passava por um tratamento médico. "Ainda não analisei como estava sendo esse tratamento", disse.

Com Agência Folha

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