Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
11/04/2005 - 13h04

Polícia revê números e afirma que chacina deixou 29 mortos no Rio

Publicidade

da Folha Online

O chefe da Polícia Civil do Rio, Álvaro Lins, afirmou nesta segunda-feira que a chacina ocorrida no dia 31 de março em Nova Iguaçu e em Queimados deixou 29 mortos, e não 30 como havia sido divulgado desde o início pela própria polícia.

Macarena Lobos/Folha Imagem
Delegado Álvaro Lins, chefe da Polícia Civil do Rio
Delegado Álvaro Lins, chefe da Polícia Civil do Rio
O número de vítimas da chacina poderia subir para 31 com a morte, no domingo, de uma mulher que havia sido baleada na cabeça e estava internada. No entanto, de acordo com Lins, duas mortes que ocorreram no bairro de Corumbá estão relacionadas a crime passional.

"Ao mesmo tempo, uma das vítimas que estava ferida e internada no hospital da Posse morreu dias após o crime e não estava sendo computada como uma vítima fatal. Então nosso número total de vítimas é de 29. Uma outra pessoa está ferida e continua em tratamento sob proteção", afirmou Lins.

Em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, o delegado Álvaro Lins descartou a participação de comandantes de batalhões e de oficiais da Polícia Militar na chacina.

Ele disse que as investigações realizadas não detectaram indícios de participação de policiais militares graduados. De acordo com o chefe da Polícia Civil, os suspeitos presos são soldados e cabos da PM.

Oito policiais militares acusados de participar da chacina foram indiciados por homicídio qualificado e formação de quadrilha pela Polícia Federal.

Lins afirmou também que a atuação da Polícia Federal é bem-vinda em razão da experiência e dos recursos, mas que a existência de dois inquéritos é prejudicial à investigação. "O ideal seria a colaboração com uma autoridade fazendo as investigações, mas contando com a colaboração e os recursos de todas as forças. A Polícia Civil tem a competência constitucional para apurar esse tipo de crime", disse.

Crime

A polícia já considera a hipótese da participação de seis responsáveis diretamente pelos tiros, de acordo com depoimento colhido na última sexta-feira. Lins não quis citar os suspeitos porque as investigações ainda não acabaram.

A motivação do crime ainda não foi determinada. As linhas de investigação apontam para uma possível insatisfação com a disciplina imposta pela PM na Baixada ou pela disputa de poder de grupos de extermínio, o que poderia ter feito da chacina uma maneira de um destes grupos se impor na região.

Depois da chacina, a polícia decidiu que todo auto de resistência deverá ser seguido de inquérito. Levantamento dos policiais suspeitos de envolvimento na chacina mostra que em alguns casos eles já haviam usado o auto de resistência para justificar mortes. "Dois deles já tiveram a prisão decretada por um homicídio ocorrido anteriormente", disse Lins.

Exames

Exame de balística divulgado na sexta-feira revelou que o Gol prata apreendido pela polícia foi usado pelos assassinos. O proprietário do veículo disse que havia emprestado o carro ao soldado Carlos Jorge de Carvalho, reconhecido por uma testemunha como um dos envolvidos no crime.

Outro laudo mostra que os projéteis usados nos assassinatos em Nova Iguaçu saíram da mesma arma usada nos crimes de Queimados. Com isso, os policiais concluíram que o carro foi usado nas duas cidades.

Segundo o diretor de Polícia Técnica, Roger Ancillotti, a polícia está periciando cartuchos, coletas de impressões digitais nos automóveis e um chip de telefone que é acoplado a um rádio.

A polícia trabalha com a utilização de quatro armas: três pistolas calibre .40 e uma 380. A perícia confirma a intenção de matar dos atiradores, com tiros em órgãos como cabeça, tronco e tórax.

Laudo

O laudo de necropsia indica que uma das vítimas recebeu 13 disparos. Segundo Lins, o resultado evidencia "a vontade cega de matar e a destreza dos atiradores".

A polícia ainda não encontrou o carro policial citado por uma das testemunhas. Segundo o relato, durante a chacina um carro da PM teria passado próximo aos executores.

Colaborou Janaina Lage, da Folha Online, no Rio

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre chacinas
  • Leia o que já foi publicado sobre grupos de extermínio
  • Leia mais sobre as chacinas ocorridas na Baixada Fluminense
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página