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13/05/2005 - 22h00

Alucinógenos como "cápsula do vento" podem tornar-se mais populares

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EDUARDO DE OLIVEIRA
da Agência Folha

A primeira apreensão em São Paulo de uma droga sintética ainda pouco conhecida no Brasil, a "cápsula do vento" ou "cápsula do medo", na quinta-feira, demonstra uma tendência de consumo de alucinógenos que tem cada vez mais se tornado popular desde meados da década de 90.

De acordo com o Denarc (Departamento de Investigações Sobre Narcóticos), as 41 cápsulas apreendidas em uma faculdade em São Paulo contêm a mesma substância encontrada em cápsulas aprendidas no final do ano passado em Balneário Camboriú (SC), quando surgiu o termo "cápsula do vento" --devido ao aspecto da cápsula transparente, que contém uma substância quase invisível.

Análise feita pelo Instituto Nacional de Criminalística da PF (Polícia Federal) a partir das amostras colhidas em Santa Catarina revelaram se tratar de uma droga chamada DOB (2,5-dimetoxi-4-bromoanfetamina), uma anfetamina que causa efeitos estimulantes e alucinógenos parecidos ao do ecstasy e que podem durar até 30 horas.

Na opinião do farmacêutico Marcos de Almeida Camargo, chefe do laboratório do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, drogas sintéticas como o DOB, LSD e ecstasy ganham espaço por serem facilmente produzidas em laboratórios e menos difíceis de traficar do que a maconha e a cocaína, por exemplo, que demandam uma estrutura maior para a sua produção e tráfico.

Ele acredita que, assim como ocorreu com a popularização do ecstasy, principalmente entre quem participa de eventos de música eletrônica, o DOB tem espaço para ser disseminado.

DOB

Da mesma forma, o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, presidente do Conselho Técnico e Administrativo do Grea (Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas) do Departamento de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo), acredita também que possa haver espaço para o DOB no Brasil.

"Na época de 1982, 84, havia uso de cocaína e começou o de crack. O pessoal não deu atenção ao crack. (...) De repente o crack teve um crescimento muito grande. E hoje o crack, que é primo-irmão da cocaína, é um sério problema de saúde pública. (...) Tendo essa experiência anterior, eu acho que é possível ter algo parecido com a droga antiga [o ecstasy] e a droga nova [o DOB]."

Já o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, chefe do Uniad (Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas) da Universidade Federal de São Paulo, disse que ainda é cedo para saber se o consumo do DOB especificamente irá se popularizar, pois há outras drogas sintéticas despontando no país, como o Ice, também apreendido anteontem pelo Denarc em São Paulo, e o LSD líquido.

"Vez ou outra o Denarc vai fazer apreensões até se tornar uma coisa mais sistematizada, para saber se houve uma tendência nesse ou naquele tipo de droga sintética. No meu modo de ver, ainda é prematuro saber se vai predominar o DOB. Ainda não se constituiu uma tendência nítida no mercado. O que existe de tendência nítida é essa onda de drogas sintéticas, que veio para ficar."

Na Europa, relatório da União Européia do ano passado incluiu o DOB, tratado como "substância perigosa", em relatório sobre riscos à saúde decorrentes de novos padrões de consumo de drogas.

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