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09/06/2005 - 09h23

Morador de favela vizinha à Daslu pede ajuda

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AFRA BALAZINA
da Folha de S.Paulo

Vizinhos de fundos da nova Daslu, aberta ontem ao público, moradores da favela Funchal, localizada na rua Coliseu, na Vila Olímpia (zona sul da capital), esperam que o local receba melhorias com a chegada da loja à região.

Eles não estão organizados em uma associação ou entidade, mas já se preparam para pedir auxílio ao estabelecimento.

"Meia hora de venda deve render dinheiro suficiente para recuperar a principal rua da favela. E a gente precisa de asfalto aqui", disse a dona-de-casa Marizete Maria dos Santos, 40.

Ontem, na rua principal da favela, cheia de desníveis, o esgoto corria a céu aberto em razão de um entupimento na rede. Assim como na Daslu, muitas roupas podiam ser vistas ao lado dos barracos: penduradas em varais improvisados apoiados em muros, davam um colorido à via.

Para a moradora Lúcia Vieira, 36, que está desempregada há pouco mais de um ano, seria importante a implantação de cursos profissionalizantes no local. "Acho que, se eu soubesse computação, ficaria mais fácil arrumar um trabalho", afirmou.

Segundo a conselheira tutelar Edmisa Ribeiro do Amaral, 34, que já morou na favela e atua na área, há 215 barracos.

Amaral afirma também acreditar que a loja possa ser uma futura parceira dos moradores.

"Seria importante criar cursos de capacitação. Eles ocupariam o tempo dos adolescentes e evitariam que os jovens se envolvessem com drogas", disse.

O contraste entre o prédio luxuoso da Daslu e as moradias simples da favela Funchal, no entanto, deve acabar.

Segundo a Secretaria Municipal da Habitação, será feita a remoção dos moradores por causa de futuras obras da Operação Faria Lima, que construiu os túneis das avenidas Rebouças e Cidade Jardim.

O terreno onde a favela está localizada, de 6.900 m2, é particular e será desapropriado. A secretaria não sabe quando isso ocorrerá.

Discriminação

As nítidas diferenças entre a favela e a loja fazem com que os moradores, em muitos casos, digam sentir um certo desconforto com esse contraste. "Agora, a gente sente mais forte a discriminação. Quando passamos na frente da entrada, os seguranças [da loja] ficam olhando torto", afirmou a auxiliar de limpeza Jacira dos Santos Bastos, 25.

Ela trabalhou dois meses no prédio da Daslu antes da inauguração. "No último dia, enquanto limpávamos, dois seguranças ficavam atrás para evitar roubos."

Segundo a auxiliar, o salário era de R$ 400, mas com horas extras o valor total chegava a R$ 700. A peça de vestuário à venda na loja que mais gostou custava 12 meses de seu salário. "Uma calça social de R$ 4.800 foi, de tudo o que vi, a roupa mais bonita", contou.

Cecília Pereira dos Santos, 39, que também trabalhou na limpeza da loja, afirmou que a Daslu "sem dúvida, é um paraíso".

Deslumbramento

Quem entrou na Daslu ontem saiu elogiando. Era adjetivos e mais adjetivos para descrever a loja. "Gostei de tudo. É muito bonita, bem organizada", afirmou o vendedor Luís Nunes da Costa, 44. Ele só lamentou os preços altos. "Gostei muito das camisas, mas não são para o meu cacife."

O administrador Rodrigo Valente, 28, e a assessora internacional Luci Andrea, 38, acharam que a loja está "maravilhosa". Os setores de eletrônicos e esportes foram os que mais apreciaram.

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