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01/07/2005 - 09h38

Diretor da Polícia Civil paulista vira réu em São Paulo

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ANDRÉ CARAMANTE
do Agora

Por decisão da Justiça de São Paulo, o diretor da Divisão Anti-Seqüestro (DAS), delegado Wagner Giudice, que integra a elite da polícia do governo Geraldo Alckmin (PSDB), é, desde ontem, réu em um processo de corrupção.

Giudice foi denunciado pelo Ministério Público sob a acusação de corrupção. Ele é suspeito de receber dinheiro do professor de direito civil da USP Alcides Tomasetti Júnior para não indiciá-lo no inquérito policial sobre a morte da mulher dele, a procuradora do Estado Denise Piovani, em 1996.

Os advogados do delegado e do professor negam as acusações.
Giudice sentará no banco dos réus da 14ª Vara Criminal, no Fórum da Barra Funda (zona oeste de SP), no dia 12 de agosto. Ao lado do delegado estarão o perito Paulo Villa Hutterer e o ex-escrivão Marcelo Rodrigues Dantas.

Em 1997, os três faziam parte da equipe do DHPP (departamento de homicídios) que investigou a morte da procuradora. Giudice era o responsável pelos trabalhos. Os demais eram seus subordinados. Posteriormente, outro delegado assumiu o caso e indiciou o professor por homicídio.

Denise foi encontrada morta com um tiro no rosto no apartamento onde vivia com Tomasetti Júnior, em 9 de dezembro de 1996. No ano seguinte, Giudice passou a comandar as investigações sobre a morte que, segundo o professor, foi suicídio --versão contestada pela família da vítima. O processo ainda tramita na Justiça.

A denúncia de crime de corrupção contra Giudice, Dantas, Hutterer e Tomasetti Júnior, aceita ontem pelo juiz Pedro Luiz Aguirre Menin, aponta que o professor teria dado dinheiro aos três policiais para que supostas provas de um homicídio não fossem anexadas ao inquérito sobre o caso.

Se for condenado por corrupção passiva, Giudice pegará uma pena de até oito anos de prisão, com acréscimo de um terço por deixar de cumprir atos relacionados ao cargo de policial. Durante a investigação sobre o suposto crime de Giudice, o Promotoria apontou a possibilidade de ele ter comprado em 1997 um apartamento no Paraíso (zona sul) com dinheiro de Tomasetti Júnior.

Na época, Giudice deu cerca de R$ 37 mil de entrada para a compra do imóvel, avaliado em R$ 120 mil. Giudice se defende, dizendo que também era consultor de uma empresa de segurança.

O sigilo bancário de todos os envolvidos foi quebrado pela Justiça. De acordo com a denúncia da Promotoria, entre dezembro de 1996 e janeiro de 1999 "Giudice passou a ter imensa movimentação financeira bancária, totalmente incompatível com os ganhos de um delegado".

Para o Ministério Público, Tomasetti Júnior também pagou R$ 25 mil para que o perito Hutterer elaborasse um laudo falso e apontasse que Denise Piovani havia se matado. Na mesma época, o então escrivão Dantas comprou um terreno de R$ 10 mil, um Fiat Palio por R$ 14 mil e recebeu um depósito de R$ 20 mil. Seis meses depois, Dantas pediu exoneração e foi para Mato Grosso do Sul.

A Promotoria diz que os extratos bancários dos três acusados e do professor mostram que, sempre que saía uma quantia da conta de Tomasetti Júnior, o mesmo valor aparecia na dos policiais.

Outro lado

O advogado Tales Castelo Branco, defensor do delegado Wagner Giudice, afirmou ontem que "todas as acusações são absurdas" e que o julgamento é bom para comprovar a inocência dos réus. Ele disse não ser possível falar com Giudice.

Em janeiro, Giudice negou as acusações e disse que, por muitos anos, foi consultor da empresa de segurança e que o dinheiro que recebia vinha de serviços de consultoria. "Foi tudo mostrado por meio de recibos."

Já o advogado Arnaldo Faivro Busato Filho, defensor do professor Alcides Tomasetti Júnior, disse ontem que "seu cliente é inocente" e "que ele nunca pagou nada aos três policiais civis".

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o Wagner Giudice
  • Leia o que já foi publicado sobre casos de corrupção
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