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05/07/2005
-
09h52
da Folha de S.Paulo
Dois dias após lançar uma pesquisa em que denuncia o abuso sexual praticado por padres, a professora Regina Soares Jurkewicz foi demitida do Instituto Teológico, da Diocese de Santo André (Grande São Paulo), onde lecionava no curso de teologia havia oito anos.
A pesquisa, feita pela ONG Católicas pelo Direito de Decidir (CDD), coordenada por Regina, concluiu que a Igreja Católica brasileira encobre os crimes sexuais cometidos por padres contra mulheres, protege os agressores e silencia as vítimas.
Regina soube da demissão no último dia 30 por meio de uma "notificação de dispensa" assinada pelos padres Edmar Antonio de Jesus, diretor do corpo docente, e Pedro Teixeira de Jesus, reitor do instituto. No documento, com data de 21 de junho, os padres alegam que a demissão se deu pelo fato de a instituição não aceitar as posições da professora.
"Tal decisão se dá pelo fato de que essa instituição, embora assegurando a sua liberdade de pensamento, não aceita e não concorda com os mesmos, resultando, assim, em um impasse insolúvel", diz um trecho da notificação.
Regina diz que recebeu a demissão com muita surpresa. "Estava preparada para uma advertência, nunca para uma decisão tão extremada", afirmou.
Além da notificação, ela diz que teve uma conversa de "cinco minutos" com o padre Edmar de Jesus, em que ele teria reforçado que o tipo de pensamento de Regina é incompatível com o instituto. "Fica consolidado o fato de que, se você tem posições diferentes, é melhor ser afastada."
Regina lecionava no Instituto Teológico a disciplina fenômeno religioso, que trata dos mitos e ritos de diferentes religiões, que duraria até o final do ano.
A Rede Feminista de Saúde, entidade que reúne mais de 200 organizações de mulheres, está preparando um ato de desagravo a Regina, ainda sem data marcada.
Segundo a médica Fátima de Oliveira, presidente da rede, a demissão foi arbitrária. "Ela fere a liberdade de cátedra. O professor tem o direito de ter suas opiniões e convicções pessoais", afirma.
Fátima diz que outros docentes já foram demitidos de faculdades católicas por se expressarem de forma favorável sobre temas controversos como o aborto.
Pesquisa
A pesquisa que motivou a demissão de Regina foi financiada pelo Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher e estudou 21 casos noticiados pela imprensa brasileira no período de 1994 a 2002. Desses, 17 envolviam garotas de nove a 16 anos. Do total, apenas cinco originaram processos criminais.
O trabalho é parte da tese de doutorado de Regina em ciências da religião na PUC-SP. Segundo ela, as vítimas estudadas são mulheres pobres, que mantinham vínculos com a paróquia onde atuava o padre acusado --paroquianas, empregadas ou mulheres que recebiam cestas básicas ou outro benefício.
Outro lado
O Instituto Teológico da Diocese de Santo André prefere não se manifestar sobre o caso, informou ontem a secretária da instituição, que se identificou como Renata.
Segundo ela, os padres Edmar Antonio de Jesus e Pedro Teixeira de Jesus estão em férias e não podem ser localizados.
Ela afirmou que o instituto não tem nada a declarar sobre a demissão da professora Regina Jurkewicz.
A Folha tentou contato com a diocese, mas, segundo a irmã Patrícia, não havia nenhum padre que pudesse falar sobre o assunto.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre suspeitas envolvendo padres
Igreja demite autora de estudo sobre padres agressores
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Dois dias após lançar uma pesquisa em que denuncia o abuso sexual praticado por padres, a professora Regina Soares Jurkewicz foi demitida do Instituto Teológico, da Diocese de Santo André (Grande São Paulo), onde lecionava no curso de teologia havia oito anos.
A pesquisa, feita pela ONG Católicas pelo Direito de Decidir (CDD), coordenada por Regina, concluiu que a Igreja Católica brasileira encobre os crimes sexuais cometidos por padres contra mulheres, protege os agressores e silencia as vítimas.
Regina soube da demissão no último dia 30 por meio de uma "notificação de dispensa" assinada pelos padres Edmar Antonio de Jesus, diretor do corpo docente, e Pedro Teixeira de Jesus, reitor do instituto. No documento, com data de 21 de junho, os padres alegam que a demissão se deu pelo fato de a instituição não aceitar as posições da professora.
"Tal decisão se dá pelo fato de que essa instituição, embora assegurando a sua liberdade de pensamento, não aceita e não concorda com os mesmos, resultando, assim, em um impasse insolúvel", diz um trecho da notificação.
Regina diz que recebeu a demissão com muita surpresa. "Estava preparada para uma advertência, nunca para uma decisão tão extremada", afirmou.
Além da notificação, ela diz que teve uma conversa de "cinco minutos" com o padre Edmar de Jesus, em que ele teria reforçado que o tipo de pensamento de Regina é incompatível com o instituto. "Fica consolidado o fato de que, se você tem posições diferentes, é melhor ser afastada."
Regina lecionava no Instituto Teológico a disciplina fenômeno religioso, que trata dos mitos e ritos de diferentes religiões, que duraria até o final do ano.
A Rede Feminista de Saúde, entidade que reúne mais de 200 organizações de mulheres, está preparando um ato de desagravo a Regina, ainda sem data marcada.
Segundo a médica Fátima de Oliveira, presidente da rede, a demissão foi arbitrária. "Ela fere a liberdade de cátedra. O professor tem o direito de ter suas opiniões e convicções pessoais", afirma.
Fátima diz que outros docentes já foram demitidos de faculdades católicas por se expressarem de forma favorável sobre temas controversos como o aborto.
Pesquisa
A pesquisa que motivou a demissão de Regina foi financiada pelo Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher e estudou 21 casos noticiados pela imprensa brasileira no período de 1994 a 2002. Desses, 17 envolviam garotas de nove a 16 anos. Do total, apenas cinco originaram processos criminais.
O trabalho é parte da tese de doutorado de Regina em ciências da religião na PUC-SP. Segundo ela, as vítimas estudadas são mulheres pobres, que mantinham vínculos com a paróquia onde atuava o padre acusado --paroquianas, empregadas ou mulheres que recebiam cestas básicas ou outro benefício.
Outro lado
O Instituto Teológico da Diocese de Santo André prefere não se manifestar sobre o caso, informou ontem a secretária da instituição, que se identificou como Renata.
Segundo ela, os padres Edmar Antonio de Jesus e Pedro Teixeira de Jesus estão em férias e não podem ser localizados.
Ela afirmou que o instituto não tem nada a declarar sobre a demissão da professora Regina Jurkewicz.
A Folha tentou contato com a diocese, mas, segundo a irmã Patrícia, não havia nenhum padre que pudesse falar sobre o assunto.
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