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08/08/2005 - 09h13

Justiça põe ex-PM Rambo no semi-aberto

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ANDRÉ CARAMANTE
do Agora

Condenado pelo homicídio que colocou em xeque a ação da PM paulista, em março de 1997, o ex-soldado Otávio Lourenço Gambra, 46, o Rambo, já está nas ruas novamente, cumprindo o regime semi-aberto. Ele já cumpriu um sexto de sua pena, de 15 anos e dois meses, em regime fechado.

Desde março deste ano, diariamente, Rambo deixa o Presídio Militar Romão Gomes, no Tremembé (zona norte de São Paulo), e vai para a NSV Vidros e Cristais, uma vidraçaria localizada em São Bernardo do Campo (ABC).

Lá, Gambra, que hoje renega o apelido dos tempos do 24º Batalhão da PM, em Diadema, exerce funções internas e externas, inclusive de atendimento aos clientes da NSV em suas casas e empresas.

Rambo foi condenado a 15 anos e dois meses de prisão pelo homicídio do conferente Mário José Josino, 30 anos, durante blitz na favela Naval. O crime ocorreu no dia 3 de março de 1997 e foi filmado por um cinegrafista amador, que repassou a fita para o "Jornal Nacional", da Rede Globo.

As saídas diárias de Rambo do presídio acontecem desde o dia 19 de março, segundo Luiz Alberto Moro Cavalcante, juiz-corregedor do TJM (Tribunal de Justiça Militar) de São Paulo. Mas a autorização para que Rambo recebesse a progressão de regime no cumprimento de sua pena, do fechado para o semi-aberto, mesmo tendo sido ele condenado por um crime hediondo, foi concedida em 12 de novembro de 2004 pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio de Mello. No regime semi-aberto, o preso passa o dia fora da prisão e só retorna à noite, para dormir.

Atualmente, Rambo é submetido a um controle por parte da Justiça Militar que, mensalmente, manda um oficial de Justiça para saber se ele está ou não comparecendo ao trabalho. "Antes de ele ter recebido a autorização para deixar o presídio diariamente, nós mandamos investigar inclusive a empresa em que ele está hoje", disse Cavalcante.

Mas Rambo não está contente com a progressão de pena para o regime semi-aberto. O ex-PM e seus advogados já pediram, mas não foram atendidos, a progressão para o regime aberto.

Na tarde da última sexta-feira, a reportagem encontrou o ex-PM na porta da vidraçaria NSV depois de ter marcado um encontro por telefone com ele. Ao comentar sua condição hoje no regime semi-aberto, Rambo disse: "Muito do que foi dito ao longo de todo esse tempo a meu respeito é fantasia. Aquele Rambo que apareceu por aí nunca existiu. Não sou o Rambo da Naval!"

Ao ser avisado sobre sua progressão de pena, "agora, já depois de você ter cumprido sua pena", Rambo tratou de fazer a correção: "Eu ainda não cumpri a minha pena, não paguei tudo ainda".

Ao lado de outro funcionário da NSV, com quem havia saído para buscar material para a próxima semana de trabalho, Rambo revelou ainda que só pretende falar abertamente sobre o crime contra Josino depois de ter um novo pedido de revisão de pena julgado.

O ex-PM, que vestia calça jeans, camisa polo e calçava botas idênticas às utilizadas pelos PMs de São Paulo, disse que só poderia conceder uma entrevista gravada na presença de seus advogados, Gamalher Corrêa e Gamalher Corrêa Júnior. Rambo chegou a ligar para eles, mas, como não os achou, afirmou que não falaria mais em "lealdade aos dois defensores". "Eles se arriscaram muito por mim", disse.

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