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14/08/2005 - 09h51

Mortalidade por hepatite C é a que mais cresce no país

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FERNANDA BASSETTE
da Folha de S.Paulo

A mais agressiva das hepatites virais --a do tipo C-- é a doença infecciosa que possui a taxa de mortalidade com maior crescimento no país: 30,6% de aumento, em média, ao ano, segundo dados do Ministério da Saúde.

Silencioso e assintomático na maioria dos casos, estima-se que pelo menos 3 milhões de brasileiros estejam infectados pelo vírus.

Descoberto oficialmente em 1989, o vírus da hepatite C (HCV) é transmitido exclusivamente por meio do contato com sangue infectado.

Como os testes sorológicos capazes de identificar sua presença no sangue só se tornaram disponíveis a partir de 1993, milhares de pessoas correm o risco de terem adquirido o vírus antes desse período e nem sequer sabem da sua existência.

Estão no grupo de risco pessoas que passaram por cirurgias, que fizeram transfusões sangüíneas, usuários de drogas com seringas compartilhadas ou até mesmo quem fez tatuagens ou dividia aparelhos cortantes.

O agravante é que até hoje não há vacina para evitar a contaminação pelo vírus C. "Ele é um vírus mutante, tem três genótipos diferentes. Ainda não conseguimos desenvolver uma vacina. Mas as pesquisas com esse objetivo continuam intensas", diz Edna Strauss, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia.

O vírus pode ficar sem se manifestar no organismo humano por até 30 anos. Cerca de 20% das pessoas que tiveram contato com o vírus conseguirão eliminá-lo espontaneamente, e os outros 80% dos portadores vão desenvolver a forma crônica da doença. Por isso, vão precisar de medicação. Se não houver tratamento, a doença pode evoluir para cirrose e câncer no fígado.

Terapia

Apesar de toda a gravidade da doença, são poucos os brasileiros que recebem assistência por meio do SUS (Sistema Único de Saúde). Pagar pelo tratamento é praticamente inviável: cada injeção custa em torno de R$ 1.500. São quatro por semana.

Relatório do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde aponta que 8.216 pessoas foram tratadas no ano passado. No entanto, segundo o próprio ministério, o número real é menor do que esse.

"Houve uma falha no gerenciamento do sistema, e os dados foram computados errados. Há menos pessoas em tratamento", admite Gerusa Figueiredo, infectologista e coordenadora do Programa Nacional de Hepatites do Ministério da Saúde.

De acordo com Figueiredo, o sistema foi corrigido e atualmente há, em média, de 3.600 a 4.500 pessoas em tratamento contra o vírus C no país.

"A mortalidade crescente por hepatite C é um reflexo de um problema que aconteceu há 30, 20 anos. As pessoas precisam identificar a doença para buscar o tratamento. Mesmo assim, não temos serviços suficientes no SUS para essa demanda gradativa e progressiva."

Para o economista Carlos Varaldo, 58, presidente do Grupo Otimismo, que reúne 16,5 mil pessoas no apoio a portadores da hepatite C, é necessária uma ação mais efetiva do governo. "Esse é um problema sério de saúde pública. Se o governo não fizer nada, nos próximos dez anos 1 milhão de pessoas terão cirrose e precisarão de transplante."

Gerusa confirma a subnotificação da doença e ressalta que, para isso, está em andamento o Inquérito Nacional das Hepatites Virais. O objetivo é mapear a prevalência e a freqüência da doença em todas as capitais brasileiras para poder subsidiar os Estados e aumentar as ações de detecção.

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