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04/09/2005
-
09h10
CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo
O presidente-executivo da Febrafarma, Ciro Mortella, nega a existência de um controle da indústria farmacêutica sobre o receituário médico. Segundo ele, essas informações podem ser obtidas por empresas de consultoria de mercado, mas que nunca chegam individualizadas aos laboratórios. Leia abaixo trechos da entrevista:
Folha - Como o sr. avalia essas denúncias de assédio dos laboratórios sobre os médicos?
Ciro Mortella - Tenho anos e anos de indústria farmacêutica e nunca vi acontecer isso. Se o médico faz uma opção por um produto ou por determinada empresa não é porque a indústria assedia, mas é porque ele adquire uma relação de confiança com essa empresa ou produto. Ele sabe que pode receitar que vai obter daquele produto o que ele está esperando. Às vezes, há empresa que tem igual qualidade e condição, mas o médico faz a opção pela marca, porque ele lembra ou sabe do compromisso daquela empresa.
Folha - Mas, às vezes, essa escolha do médico causa prejuízo ao paciente pelo custo.
Mortella - Depende muito do paciente que o médico está tratando. Tem médico que, em razão da situação financeira do paciente, procura se informar sobre o custo do produto. Ou, às vezes, o próprio paciente pergunta se não há um remédio mais barato. Mas há médicos cuja clientela é de uma classe social que, para ele, não faz diferença isso. Então, ele receita o produto de confiança dele.
Folha - E sobre o controle da receita nas farmácias?
Mortella - A indústria tem trabalhos de estatísticas que dão o curso do mercado, por regiões, cidades, por produtos. Existe uma série de instrumentos de mercado que a indústria utiliza para saber como está o trabalho. Essas informações de mercado são fundamentais para a elaboração de estratégias comerciais da empresa. No âmbito micro, imagina se você é propagandista e vai atuar em determinada região. É preciso conhecer aquela região e os prescritores [os médicos].
Então, eles estabelecem uma relação de confiança ou com o prescritor ou com as farmácias. Pode ter casos [de acesso às receitas], mas isso não é prática generalizada da indústria farmacêutica, não pode ser institucionalizado. Às vezes, essas informações são abertas, o médico diz: eu prescrevo o seu produto, mas prescrevo do seu colega também.
Muitas vezes, os médicos não abrem isso e então o propagandista procura saber onde pode conseguir essa informação. Às vezes, ele consegue isso na farmácia.
Folha - Isso envolveria dar máquinas de microfilmagem ou de fax e pagar por essas cópias?
Mortella - O fabricante de medicamento não tem nada a ver com isso. Seria inviável para indústria. O que existem são empresas de auditoria de mercado...
Folha - Mas, na reta final, essas informações chegam até a indústria farmacêutica.
Mortella - Mas não chegam nunca individualizadas. Elas chegam consolidadas num bloco de dados por região. Eu, na minha indústria, não tenho a mínima condição de saber se o doutor fulano ou sicrano prescreve o meu produto ou outro produto.
Não é uma prática da indústria farmacêutica fazer uma análise tão particularizada que possa criar mecanismos de assédio.
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O presidente-executivo da Febrafarma, Ciro Mortella, nega a existência de um controle da indústria farmacêutica sobre o receituário médico. Segundo ele, essas informações podem ser obtidas por empresas de consultoria de mercado, mas que nunca chegam individualizadas aos laboratórios. Leia abaixo trechos da entrevista:
Folha - Como o sr. avalia essas denúncias de assédio dos laboratórios sobre os médicos?
Ciro Mortella - Tenho anos e anos de indústria farmacêutica e nunca vi acontecer isso. Se o médico faz uma opção por um produto ou por determinada empresa não é porque a indústria assedia, mas é porque ele adquire uma relação de confiança com essa empresa ou produto. Ele sabe que pode receitar que vai obter daquele produto o que ele está esperando. Às vezes, há empresa que tem igual qualidade e condição, mas o médico faz a opção pela marca, porque ele lembra ou sabe do compromisso daquela empresa.
Folha - Mas, às vezes, essa escolha do médico causa prejuízo ao paciente pelo custo.
Mortella - Depende muito do paciente que o médico está tratando. Tem médico que, em razão da situação financeira do paciente, procura se informar sobre o custo do produto. Ou, às vezes, o próprio paciente pergunta se não há um remédio mais barato. Mas há médicos cuja clientela é de uma classe social que, para ele, não faz diferença isso. Então, ele receita o produto de confiança dele.
Folha - E sobre o controle da receita nas farmácias?
Mortella - A indústria tem trabalhos de estatísticas que dão o curso do mercado, por regiões, cidades, por produtos. Existe uma série de instrumentos de mercado que a indústria utiliza para saber como está o trabalho. Essas informações de mercado são fundamentais para a elaboração de estratégias comerciais da empresa. No âmbito micro, imagina se você é propagandista e vai atuar em determinada região. É preciso conhecer aquela região e os prescritores [os médicos].
Então, eles estabelecem uma relação de confiança ou com o prescritor ou com as farmácias. Pode ter casos [de acesso às receitas], mas isso não é prática generalizada da indústria farmacêutica, não pode ser institucionalizado. Às vezes, essas informações são abertas, o médico diz: eu prescrevo o seu produto, mas prescrevo do seu colega também.
Muitas vezes, os médicos não abrem isso e então o propagandista procura saber onde pode conseguir essa informação. Às vezes, ele consegue isso na farmácia.
Folha - Isso envolveria dar máquinas de microfilmagem ou de fax e pagar por essas cópias?
Mortella - O fabricante de medicamento não tem nada a ver com isso. Seria inviável para indústria. O que existem são empresas de auditoria de mercado...
Folha - Mas, na reta final, essas informações chegam até a indústria farmacêutica.
Mortella - Mas não chegam nunca individualizadas. Elas chegam consolidadas num bloco de dados por região. Eu, na minha indústria, não tenho a mínima condição de saber se o doutor fulano ou sicrano prescreve o meu produto ou outro produto.
Não é uma prática da indústria farmacêutica fazer uma análise tão particularizada que possa criar mecanismos de assédio.
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