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10/09/2005 - 14h57

Corrida de toras promete movimentar São Paulo neste domingo

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da Folha Online

A avenida Rubem Berta, uma das mais movimentadas da capital paulista, vai ganhar uma configuração diferente neste domingo. Representantes das tribos indígenas Xavante e Krahô se reunirão no local para competir na Corrida de Toras, considerada um esporte e um rito relacionado à mudança dos ciclos de vida no Cerrado. A largada será na avenida Pedro Álvares Cabral, em frente ao Obelisco, seguindo pela avenida Rubem Berta, até o viaduto 11 de Junho.

O evento abre oficialmente a III Semana do Meio Ambiente, promovida pela USP (Universidade de São Paulo) e pela Fundação AlphaVille, da AlphaVille Urbanismo.

"A data também marca o Grito do Cerrado, movimento perpetuado todo 11 de setembro por diversas vozes atuantes do país, que buscam sensibilizar a opinião pública e os governantes para os problemas do desmatamento no Cerrado brasileiro", explica a coordenadora de Meio Ambiente da Fundação AlphaVille, Luciana Lopes.

Considerada a mais rica savana do mundo, o Cerrado possui 10 mil espécies de plantas nativas. Pesquisas recentes indicam que pelo menos 53% de seu bioma --que abrange quase 2 milhões de Km²-- foram devastados, o que pode levar ao desmatamento completo em 30 anos.

Participações especiais

A Corrida de Toras contará com a participação de 40 indígenas, 20 de cada tribo. Homens e mulheres carregarão toras de 80 a 120 kg, sob um sistema de revezamento, percorrendo uma distância de cinco quilômetros. A concentração se dará no Monumento das Bandeiras, a partir das 08h30.

O ator Marcos Palmeira, engajado em questões indígenas e ambientais, tem sua presença confirmada na Corrida. Palmeira conheceu de perto a realidade dos indígenas em visita à tribo Xavante de São Pedro, no Mato Grosso, em 1980. Na ocasião, foi batizado com o nome indígena de Tsiwari (filho valente).

Vinte cinco anos depois, o ator realizou o documentário "Expedição A'Uwe - A volta de Tsiwari", resultando em uma nova visita, de 15 dias, organizada em julho de 2004 à aldeia. O objetivo do ator é denunciar a situação de descaso e abandono em que se encontram os membros desta e outras comunidades indígenas no país.

Xavante e Krahô

O povo Xavante guarda uma história de muita violência, empregada pelos bandeirantes que capturavam índios para o trabalho escravo. Habitantes da região central do país, os Xavantes encontraram a paz no final dos anos 70, quando se estabeleceram na Serra do Roncador, com terras demarcadas e protegidas. Seu líder mais conhecido é o cacique Juruna, primeiro deputado federal índio no Brasil.

Os índios Krahôs vivem numa região que é considerada a maior reserva de cerrado, totalmente preservada, no Estado do Tocantins. Lá, transitam muitos pesquisadores de diversas instituições nacionais e internacionais, que já identificaram 164 plantas usadas pelos Krahôs em rituais de cura.

Ecos da Oca

A forte presença dos índios na III Semana do Meio Ambiente não fica apenas na abertura. Em plena Praça do Relógio, no campus Butantã da USP, também será erguida uma grande oca Xavante, para abrigar um espaço de debates denominado "Ecos da Oca". A construção do espaço fica a cargo de Xavantes, que utilizarão palha de indaiá do Cerrado e madeira certificada.

De 11 a 16 de setembro, a III Semana do Meio Ambiente promoverá ainda mesas redondas, debates, oficinas temáticas, apresentações de música e dança, feira de artesanato eco-sustentável, feira de livros e projetos, mostra de vídeos, entre outras atividades.

As múltiplas atrações, que têm por objetivo ampliar o debate sobre a preservação ambiental e criar novos hábitos nos cidadãos, concentram-se na Praça do Relógio e no Anfiteatro Camargo Guarnieri, no campus Butantã da USP. Confira mais detalhes e a programação completa no site www.cepa.usp.br

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