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16/09/2005 - 09h07

Ademir da Guia é acusado de desviar salários

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FABIO SCHIVARTCHE
da Folha de S.Paulo

O vereador paulistano Ademir da Guia (PC do B) é acusado de reter para benefício próprio parte do salário de funcionários que trabalham em seu gabinete na Câmara Municipal. Ao todo, dez servidores dizem ter sido afetados pelo esquema, que seria utilizado para engordar o salário do parlamentar --de R$ 7.155 mensais.

Os funcionários foram ontem à presidência da Câmara reclamar da atitude de Ademir da Guia, ídolo da torcida do Palmeiras e considerado um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro. Sem entrar em detalhes de como seria feito o pagamento, disseram que não tiveram a opção de negar a ordem, pois a divisão dos vencimentos teria sido uma exigência do vereador do PC do B.

Esses funcionários assinaram uma carta pedindo que a direção da Câmara investigue a irregularidade. A carta, segundo a Folha apurou, seria guardada na noite de ontem em um dos cofres da Casa, sob a vigilância de policiais militares e de seguranças do próprio parlamento paulistano.

Os funcionários ainda disseram que têm provas da acusação. Mas não informaram quais seriam.

A assessoria de imprensa de Ademir da Guia disse na noite de ontem desconhecer a acusação. Mas afirmou que ele vem enfrentando problemas de relacionamento com funcionários de seu gabinete. O vereador não respondeu aos telefonemas da Folha.

Hoje, a carta com a assinatura dos servidores deve ser enviada à Corregedoria da Câmara, órgão sob a responsabilidade do vereador Wadih Mutran (PP).

Segundo advogados criminalistas consultados pela Folha, se houver provas contundentes contra o vereador, sua atitude pode ser enquadrada como crime de constrangimento, cuja pena prevê detenção de 3 meses a um ano.

Procurado ontem para comentar o assunto, o presidente da Câmara, Roberto Tripoli (sem partido), não foi encontrado até a noite de quinta-feira (15).

Benefícios

Cada vereador de São Paulo tem direito a no máximo 18 funcionários em seu gabinete, com um gasto mensal de até R$ 68 mil para seus salários.

Também tem direito a um carro oficial com 400 litros de combustível por mês, a 60 mil cartas e 600 telegramas por ano, 12 mil fotocópias, 12 mil cartões de visita, assinatura de jornais e uma revista, além de linha de telefone com ramais e computador.

Carreira

Eleito para seu primeiro mandato de vereador, Ademir da Guia iniciou a carreira política integrando o bloco de oposição ao prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB). Até votou em Tripoli para ocupar a presidência da Casa, em 1º de janeiro, quando o candidato do prefeito era o tucano Ricardo Montoro.

Após ser recebido por Serra, palmeirense roxo, ele mudou de atitude e recentemente tem votado com a base governista.

Primeiro suplente da Mesa Diretora da Câmara, Ademir também se notabilizou entre os colegas pelo grande número de parentes que empregou em seu gabinete: cinco. Ele nomeou sua mulher, Sueli, o filho Namir, dois irmãos e uma sobrinha de Sueli.

Questionado meses atrás se não via um problema ético na contratação de familiares para ocupar cargos em seu gabinete, ele disse que parentes de sua mulher não são parentes dele.

Outro lado

A assessoria de imprensa do vereador Ademir da Guia informou ontem à noite desconhecer a denúncia feita por funcionários de seu gabinete na Câmara Municipal, mas que iria apurar o caso hoje.

Admitiu, no entanto, que ele vinha enfrentando graves problemas de relacionamento com alguns servidores, principalmente com o chefe de gabinete, Alberto de Moraes, que teria influência sobre os demais funcionários contratados neste ano para assessorar Ademir.

As "diferenças de opiniões" estavam incomodando tanto o vereador que nas últimas semanas ele evitava despachar no seu gabinete, indo ao local o mínimo possível.

A assessoria do vereador levantou a hipótese de a denúncia ser parte de algum tipo de retaliação de Moraes e até mesmo do PC do B, partido que elegeu Ademir da Guia, mas não o tem como ator político atuante --ele já ameaçou deixar a sigla várias vezes.

A Folha não localizou ontem à noite Moraes nem algum representante do PC do B de São Paulo que pudesse comentar as afirmações da assessoria. O vereador não respondeu os telefonemas da reportagem para comentar o caso.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Ademir da Guia
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